Perdoa-me por tudo o que te fiz.
Perdoa-me o que não te fiz.
O perdão é importante questão.
E também seja levante o esquecimento.
O amor é eterno como o firmamento
externo e o lamento.
Perdão te peço de todo o meu fundo.
Perdão que não meço do tamanho do mundo.
Esquecer é preciso…
Sejam ventos os pensamentos
que apenas passam.
Levam o tempo que
no momento lavram.
Esqueço-me de mim e arrefeço-me.
Pertenço ao querer e ao lenço.
Vivo na história da memória do meu livro.
Esqueço da dor,
lembro o fervor do amor.
Perco-me em mim no labirinto
que sinto.
Sou forte e olho de frente
a morte pendente.
Espero a sorte que note
que vi e que estou aqui.
Oh, vida, que não queres perdão
perdida assim p’lo chão.
Nascida de azul berço,
Que mereço ser querida.
Perdoa-me vida. Perdoa-me sorte.
Perdoa-me a morte.
Mário L. Soares
Viverei o que sinto
Com amor em promontório
Saberás que não minto
No fim, no meu velório
Abrirei os braços
E no túnel gritarei
A todos os meus laços
Por quem me enamorei
Se em enleios me perder
A luz do destino granjearei
Para não me deixar morrer
Serei, no caminho, feliz comigo
E ao universo sorrirei
A minha vida contigo
Mário L. Soares
O amor tem mais que o nada do mundo
Viver a morte, viver o sofrimento
Viver uma vida sofrida e amargurada…
É a morte lenta e sem sentido.
Temos um prenúncio, um caminho
Saber a senda que nos foi designada
É auguro de poucos, e loucos…
Os olhos vêem mais que o que está à vista.
Vê! Há mais no coração que apenas frio.
Há mais na vida do que a morte!
Vê! Vive o teu dia e avança.
Vê! Há mais no mundo, tem esperança
Há mais na alma que as pedras da vida!
Vê! Ama a vida… e sorri.
Mário L. Soares
É tão frágil a vida,
tão efémero, tudo!
(Não é verdade, amiga,
olhinhos-cor-de-musgo ?)
E ao mesmo tempo é forte,
forte da veleidade,
de resistir à morte
quanto maior a idade.
Assim, aos trinta e sete,
fechados alguns ciclos,
a vida ainda pede
mais sentimento, vínculos.
Não tanto os que nos deram
a fúria de viver,
como esses descobertos
depois de se saber
Que a vida não é outra
senão a que fazemos
(e a vida é uma só,
pois jamais voltaremos).
Partidários da vida,
melhor: do que está vivo,
digamos "não!" a tudo
que tenha outro sentido.
E que melhor pretexto
(quem o saiba que o diga!)
teremos p'ra viver
senão a própria vida?
Alexandre O'Neill
in "Poemas com endereço"
Que felicidade desenrola dentro de mim
por debitar litros de palavras a rodos?
Nenhuma mesmo. Sinto tudo e nada.
Sinto tudo o que digo, e nada do que saiu…
Conto dias de vida hoje, e muito poucos
a ter para a frente. E tanto que me falta
fazer, e completar. Tanta vida por viver.
Debito pois, sim. Talvez assim possa ser livre.
Liberto-me do que não quero. Do que sinto.
Do que não sinto. Do que faz falta.
Vejo ao longe o que não tenho e minto.
Sou o que quero. Quero mais do que posso.
Rompo barreiras com o meu abraço.
Mas sei que daqui não passo.
Mário L. Soares
O que quer que faças, fá-lo com garra, com vontade, com determinação e querer. A diferença entre o ir fazer, o fazer e o estar feito, é o tempo, e esse tempo deve ser passado da melhor maneira possível porque tudo é o que fazes. Todo tempo que passa é o tempo que tu passas. Todos os momentos que passam são os momentos teus que tu passas. Tudo o que é feito é o que tu fazes. Não serás digno de fazer coisas bem feitas? E saboreá-las?
Faz de ti o melhor que podes, pois és aquilo que fazes e o que tu fazes é o que és. A tua acção traduz em concreto o teu pensamento. Se pensas no bem, fazes coisas boas. Se pensas no mal, não o devias…
És tu o motor da tua vida. A tua vida é os momentos que tens, com as pessoas e coisas com que interages. É o que lês e comes. O que bebes e vês. O que ouves e sentes. O que beijas e amas. Faz valer o teu motor.
Mas faz… não pares porque não queres falhar. Falha, faz e repete, se puderes. Se não puderes, faz na mesma. Parte os copos que tiveres que partir, mas não deixes de beber o teu vinho com o medo de os partir, porque o teu copo é apenas o recipiente que usas para transportar o teu vinho. Não lhe dês demasiada importância.
Age!
Mário L. Soares
(foto de Oliver Ross)
Estão barradas as portas
Blocos grandes de cimento
Cobrem de negro rosas mortas
Que jazem no chão eternamente
São vidas perdidas, paradas…
Pára o sangue que está a morrer,
Pede perdão às pedras suadas
E uma nova razão de viver!
A mão que rasga o tijolo rugoso,
Que empurra a murro a pedra imóvel
Que lava de lágrimas o concreto orgulhoso.
Bate no coração que quer viver
Volve dentro do peito de raiva!
Será ele que o irá vencer…
Mário L. Soares
(Angelina Jolie - foto dos extras do DVD do filem "Gia")
Se o homem pudesse dizer o que ama,
se o homem pudesse levantar ao seu o seu amor
Como nuvem na luz;
Se, quais muros que se derrubam,
Para saudar a verdade erguida entre eles,
Pudesse derrubar o seu corpo, deixando só a verdade do seu amor,
A verdade de si mesmo.
Que não se chama glória, fortuna ou ambição,
Mas amor ou desejo,
Eu seria o que imaginava;
O que com sua língua, seus olhos, suas mãos
Proclama ante os homens a verdade ignorada,
A verdade do seu amor verdadeiro.
Liberdade não conheço senão a liberdade de estar preso a alguém
Cujo nome não posso ouvir sem calafrios;
Alguém por quem me esqueço desta existência mesquinha,
Por quem o dia e a noite são para mim o que ele queira,
E meu corpo e espírito flutuam em seu corpo e espírito
Como troncos perdidos que o mar afoga ou ergue
Livremente, com a liberdade do amor,
A única liberdade que me exalta,
A única liberdade por que morro.
Tu justificas minha existência:
Se não te conheço, não vivi jamais;
Se morro sem conhecer-te, não morro, porque não vivi nunca.
Luis Cernuda, em "Antologia da Poesia espanhola contemporânea"
(foto de Sergei Ponomarev)
Não choreis nunca os mortos esquecidos
Na funda escuridão das sepulturas.
Deixai crescer, à solta, as ervas duras
Sobre os seus corpos vãos adormecidos.
E, quando à tarde, o Sol, entre brasidos,
Agonizar… guardai, longe, as doçuras
Das vossas orações, calmas e puras,
Para os que vivem, nudos e vencidos.
Lembrai-vos dos aflitos, dos cativos,
Da multidão sem fim dos que são vivos,
Dos tristes que não podem esquecer.
E, ao meditar, então, na paz da Morte,
Vereis, talvez, como é suave a sorte
Daqueles que deixaram de sofrer.
Pedro Homem de Mello
A luz entrou-me pela janela, na noite que passou por mim, sorrindo e rindo, brincando e aprendendo, como uma criança com um novo brinquedo.
Finos raios de sol iluminaram a minha escura e só existência de ontem. No fundo do túnel abriu-se um portal para o outro lado. Um mundo, novo e cheio de experiências novas. Ideias e cores para descobrir, qual terra nova descoberta no meio do breu em mares do Adamastor.
Sorrisos e risos de alegria verdadeira ofertei ao sol que me enchia a noite. Que beleza de imagens projectadas em mim. Seria real? Terá sido um sonho? Não terei visto o que vi? Quero e gostava de acreditar que sim…
Até logo.
Mário L. Soares
(quadro a óleo de Marianela de Vasconcelos)
Dou-vos hoje um poema que tive a honra de ler publicamente no passado Sábado na inauguração da exposição de pintura da poeta, escritora, pintora e jornalista... e mãe de duas bonitas pessoas que lançaram a fotobiografia "da mãe" também neste Sábado - o Eduardo e a Tânia.
Tanto a fotobiografia como a exposição da Marianela de Vasconcelos poderão visitar em Loulé na galeria de Arte do Convento Espírito Santo, até ao dia 28 de Março.
Parabéns aos filhos da Marianela, tenho a certeza que "a mãe" está orgulhosa de vós. (perdoem-me a ousadia de publicar um poema dela aqui...)
Pisco Lógico
Se te queres matar…
(sempre te queres matar?),
escolhe um lugar fresco e abrigado,
longe da estrada e do teu povoado
onde apodreças sem deixar vestígio;
não digas a ninguém do teu intento,
liquida os teus negócios
cem
por cento
e organiza um suicídio
de prestígio.
Não se pode morrer de qualquer jeito.
Tem de haver senso,
tem de haver respeito;
a morte não nos pode deixar mal.
E se é forçoso que venha no jornal
ainda temos de pensar melhor.
Nada de armas brancas, nem pistola,
nada de pós que façam mal à tola,
tudo tranquilo, tudo com rigor.
Longe o veneno para o escaravelho!
Eu sei que és feio
e estás a ficar velho,
mas não és nada p’ra deitar ao lixo.
Não te exponhas a morrer morto de dores,
roto de medo,
cheio de tremores, de vómito e excremento,
como um bicho!
Pára e pensa e telefona, se quiseres,
porque seja o que for que me disseres,
eu entendo,
eu aceito,
eu já sabia.
Enfrasca-te em rosé ou chá de tília,
não abras o teu jogo p’ra família
e vai dormir co’a mãe da tua tia.
E depois dá uma festa memorável,
compra uma loura
e um descapotável
e diverte-te à grande
e faz poemas
e canta a marselhesa e as tuas penas
e desperta a atenção das raparigas!
Quando cair a noite vai p’ra cama,
E faz amor com alma
E faz amor com gana
… e manda o teu suicídio pr’ás urtigas!
Marianela de Vasconcelos
(barco abandonado - desconheço o autor da foto)
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve
música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se
deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do habito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de
marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com
quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro
sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um
redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos
olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o
seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir
atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na
vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má
sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde
quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar
vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de
respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio
esplêndido de felicidade.
Pablo Neruda
(foto de PrASanGaM, mais fotos em http://flickr.com/photos/eyes_manish/ )
O sorriso é o idioma do amor universal, até as crianças compreendem. Sorrir abre caminhos, desarma os mal-humorados, transmite boa energia. Mas sorria com a alma, não apenas com os lábios. Aqueles que não sorriem verdadeiramente, não vivem verdadeiramente.
Autor desconhecido
Viver!... Beber o vento e o sol!... Erguer
Ao Céu os corações a palpitar!
Deus fez os nossos braços pra prender,
E a boca fez-se sangue pra beijar!
A chama, sempre rubra, ao alto, a arder!...
Asas sempre perdidas a pairar,
Mais alto para as estrelas desprender!...
A glória!... A fama!... O orgulho de criar!...
Da vida tenho o mel e tenho os travos
No lago dos meus olhos de violetas,
Nos meus beijos extáticos, pagãos!...
Trago na boca o coração dos cravos!
Boémios, vagabundos, e poetas:
- Como eu sou vossa Irmã, ó meus Irmãos!...
Florbela Espanca
Sitios interessantes (ou não)
CDS - Centro Democrático Social
Não asses mais carapaus fritos
PCP - Partido Comunista Português
PSD - Partido Social Democrata
Vida de um Português - grande brother!
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