Uma obscura e inquieta castidade
pôs uma flor para mim no jardim mais secreto
num horizonte de graça e claridade
intangível e perto.
Promessa estática no luar
da densidade em mim corpórea,
não é a culpa, é a memória
da primeira manhã do pecado,
sem Eva e sem Adão.
Só o fruto provado
e a serpente enroscada
na minha solidão.
Natália Correia
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão. -
Por não ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras?
Tudo.
Que desejas?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.
Cecília Meireles
Uma obscura e inquieta castidade
pôs uma flor para mim no jardim mais secreto
num horizonte de graça e claridade
intangível e perto.
Promessa estática no luar
da densidade em mim corpórea,
não é a culpa, é a memória
da primeira manhã do pecado,
sem Eva e sem Adão.
Só o fruto provado
e a serpente enroscada
na minha solidão
Natália Correia
I will light the match this morning, so I won’t be alone
Watch as she lies silent, for soon night will be gone
Oh, I will stand arms outstretched, pretend I’m free to roam
Oh, I will make my way, through, one more day in hell...
How much difference does it make
How much difference does it make, yeah...
I will hold the candle till it burns up my arm
Oh, Ill keep taking punches until their will grows tired
Oh, I will stare the sun down until my eyes go blind hey,
I won’t change direction, and I won’t change my mind
How much difference does it make
how much difference does it make...how much difference...
I’ll swallow poison, until I grow immune
I will scream my lungs out till it fills this room
How much difference
How much difference does it make
Pearl Jam
Será que é a morte que chama por mim?
Será que caí em sorte e me enterram na lama?
Por que nada ouço?
Por que não te ouço?
Sinto-me fraco,
sinto-me outro,
noutra condição que não a humana.
Ainda me recordo de ti...
Talvez tu, também, de mim!
Mas já é tarde... e escurece.
Fecham-se-m'os olhos
cobertos pela lama.
Acordo.
Imagem fraca e diluída.
Senti-me só.
Senti tanta agonia.
Não te senti, meu amor.
Senti que havia chegado a minha hora.
Procuro-te na cama:
"Como senti a tua falta!"
Chego-me junto a ti
e abraço-te tal como no primeiro dia.
Vicente Roskopt
mais poesia do Vicente Roskopt em http://osedutorfarsolas.blogspot.com/
Penso em ti na estrada incerta,
Na rua escura e deserta,
Nas loucuras do coração;
Na chuva medonha que cai,
Na folha seca que vai,
Nos momentos de solidão.
Penso em ti no jardim florido,
No pequeno ser colorido
Que voa de flor em flor;
No sorriso das pessoas bonitas,
Nas canções que ecoam eruditas,
Nos versos falando de amor.
Penso em ti no entardecer sombrio,
No vento que causa arrepio,
Na angústia e no abandono;
Na madrugada insípida, tediosa,
Na cama insensível e desditosa,
Na noite fria sem sono.
Penso em ti no passeio matinal,
Na moça que passa escultural
Aguçando o meu prazer;
No happy hour com os amigos,
Na indiferença dos inimigos,
Na esperança de viver.
Carlos Melgaço
Aproximo-me da noite
o silêncio abre os seus panos escuros
e as coisas escorrem
por óleo frio e espesso
Esta deveria ser a hora
em que me recolheria
como um poente
no bater do teu peito
mas a solidão
entra pelos meus vidros
e nas suas enlutadas mãos
solto o meu delírio
É então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarou
Mas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resigna
Longe
os homens afundam-se
com o caju que fermenta
e a onda da madrugada
demora-se de encontro
às rochas do tempo
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
(Foto de um mural na Escola EB 2/3 de Paranhos do agrupamento Eugénio de Andrade - desconheço o autor da foto http://agrupamento-eugenioandrade.org/index.php?option=com_expose&Itemid=85 )
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Eugénio de Andrade
Soneto I
Formosura, e Morte, advertidas por um corpo belíssimo, junto à sepultura.
("Weeping Angel" no Friendship Cemitery em Colombus, Mississipi, por Natalie Maynor)
Armas do amor, planetas da ventura
Olhos, adonde sempre era alto dia,
Perfeição, que não cabe em fantasia,
Formosura maior que a formosura:
Cova profunda, triste, horrenda, escura,
Funesta alcova de morada fria,
Confusa solidão, só companhia,
Cujo nome melhor é sepultara:
Quem tantas maravilhas diferentes
Pode fazer unir, senão a morte?
A morte foi em sem-razões mais rara.
Tu, que vives triunfante sobre as gentes.
Nota (pois te ameaça uma igual sorte)
Donde pára a beleza, e no que pára.
Dom Francisco Manuel de Melo
Sitios interessantes (ou não)
CDS - Centro Democrático Social
Não asses mais carapaus fritos
PCP - Partido Comunista Português
PSD - Partido Social Democrata
Vida de um Português - grande brother!
Universidade
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