Onde eu deito
a cabeça
e descanso…
Onde os meus olhos
se fecham de sono
e prazer…
Onde é o abrigo
do meu medo
e que alberga…
Onde está o quente
do amor que nos une
e brinda…
Onde tu és
e eu sou
e nós somos…
Mário L. Soares
Tocas-te suavemente no quente dos lençóis, e o suor inunda o quarto. As janelas embaciadas apenas deixam entrar a luz do nascer do dia por entre as pequenas aberturas das persianas por onde entram também os olhares de um ou outro passeante que por ali tenha a sorte de andar.
O cheiro eleva-se no ar e mistura-se com o da torrada queimada que fizeste há pouco e com a barra de incenso de ontem já apagada no apoio, murcha e sem vida.
Um bafo de gata assanhada meio abafado faz-se ouvir seguido de duas ou três inspirações rápidas pelo meio dos dentes e interrompidas por espasmos…
Mais um pouco de movimento e mais um gemido.
Viras-te para cima e olhas o céu que está para lá do telhado da casa junto dos teus pensamentos mais fantasiosos. A mão esquerda toda o peito, esfregando os mamilos como se de limpeza precisassem e estes respondem apontando o infinito. A direita lá em baixo, peganhenta e molhada, atolando-se nos folhos do teu íntimo. Fechas os olhos outra vez e viras a cara para o lado direito, com o queixo na clavícula e a boca entreaberta que baba saliva para o ombro, sequiosa por abocanhar os fantasmas que a mente produz em catadupa só para este momento.
Descobres o corpo lançando o lençol com os pés a um mar no chão que banha a areia da tua cama e te refresca com uma lufada de ar fresco…
Esticas a perna esquerda. A direita, dobrada, apoia e abres-te ao mundo o mais possível.
Esticas o dedo grande do pé direito em direcção ao fundo da cama formando uma linha recta com o pé e a canela como se em pontas dançasses. O outro pé pelo contrário, está flectido e os dedos para trás, abertos, como as tuas duas pernas que arqueiam agora e elevam as nádegas ao tecto… onde tu já estás… perdida, leve e flutuante, em prazer… um grito abafado de quente…
Inspiras rápido, expiras fundo e forte. Contrais os músculos do abdómen e das nádegas, e prendes a respiração… mexes rápido os dedos em todas as direcções como um DJ num disco, abanas e gritas três vezes em impulsos para cima e para baixo como se empurrasses o tecto com as ancas…
Respiras e relaxas…
Será que os vizinhos te ouviram? - Que vergonha…
É manhã e vais tomar banho.
Mário L. Soares
As palavras alimentam-me a alma,
É o refresco da minha tarde de Verão,
O abrigo do dia chuvoso,
O quente no inverno da noite.
A poesia é tudo,
A realidade é nada,
O sabor de um poema é açúcar
No amargo de um dia chato.
O sorriso de uma letra
Que mesmo sozinha,
Me alegra os sentidos.
Amo as palavras e a sintaxe.
Amo a morfologia de um olá,
A fonética de um oi…
Amo a prosódia de um paralelepípedo,
A simplicidade de um "A",
A magia de Pessoa.
As palavras são as notas da música da orquestra da minha vida.
Mário L. Soares
(foto de Tommy L. Edwards)
Bebi-te num beijo perfumado,
Naveguei o teu corpo só
Tomado no cetim dos lençóis,
No calor de mil Sóis,
Pele nua em olhos de dó
De silêncio imaculado.
Diluí-me no teu suspiro,
Em leves toques da tua mão
Perdida num cheio luar,
Num deserto de mar
Cativo na solidão,
Na pureza que te tiro.
Sei-me um pedaço de ti,
Pele rosada dos teus seios,
Palavra solta em tua boca
De ti mulher louca
Sombra dos meus receios,
Que tão bela nunca vi.
Rasga-se um sorriso no prazer
Numa lágrima de alegria,
De desejo escondido do passado,
Pensamento assim, ousado,
Gritado em sã histeria
Para mais ninguém saber.
Leio-me nas tuas linhas,
Masturbo todas as palavras
Pintadas de tantas cores,
Decoradas como flores
Nestes olhos que lavras,
Neste amor que me tinhas.
Fernando Jorge M. Saiote (Alemtagus)
Pedi-lhe por favor para que me abraçasse e apertasse o meu corpo… sentia o frio a correr pelas costas. Sinto ainda o que sentia nessa hora de gelo. O escuro das manhãs com sabores estranhos de bocas. Olhos de ramelas ensonados e sem acção…
Vontade de estar para sempre num abraço seguro. Viver impossível a dois o que apenas se pode a um. Somos dois… dois corpos, quatro braços, um abraço, um beijo, uma manhã com sono, que não pode acabar… mas é assim…
Acabam os beijos, os abraços quentes, as manhãs frias, o sono e vem o verão, uma outra luz… mas saudade…
Mário L. Soares
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Não asses mais carapaus fritos
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