Domingo, 7 de Fevereiro de 2010

A meu favor

 

 

A meu favor

Tenho o verde secreto dos teus olhos

Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor

O tapete que vai partir para o infinito

Esta noite ou uma noite qualquer

 

A meu favor

As paredes que insultam devagar

Certo refúgio acima do murmúrio

Que da vida corrente teime em vir

O barco escondido pela folhagem

O jardim onde a aventura recomeça.

 

Alexandre O’Neil

 

publicado por Lagash às 16:07
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Quarta-feira, 3 de Fevereiro de 2010

Momentos etéreos em contextos estéreis

 

 

As palavras que te dirijo

não são expressão dos meus sentimentos,

nem sequer do que penso ou idealizo.

São mecanizações do Costume, do Hábito, repetições.

Repito o que outrora sentira,

o que mais tarde julgara que sentia

e hoje sei que está vazia,

a expressão dos meus sentimentos.

São a forma e o som

desprovidos de conteúdos e melodia.

São só palavras, palavras apenas

e parecem-se mal quando não são proferidas.

 

Intrigado com o caso,

mandei analisar a questão.

Onde está o significado do significante que pronuncio?

O caixote está vazio,

não me contento apenas com o cartão.

 

Encontrei o significado

no dia em que te perdi.

Tinhas tranças longas, eras tão linda,

tal como no dia em que te conheci.

 

Enrolo e lambo o papel deste cigarro

expiro o fumo com uma técnica maquinal.

Por vezes, terei esquecido como é bom fumar,

fumar por prazer!

Talvez tenha também esquecido o significado de te Amar,

mas sem nunca ter deixado de o fazer.

 

Vicente Roskopt

http://osedutorfarsolas.blogspot.com/

 

publicado por Lagash às 16:04
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Sexta-feira, 20 de Novembro de 2009

Seduzes-me

 

 

Seduzes-me mulher!

Porque me tentas?

Fazes, como quem não quer…

E com todas as falas lentas...

 

Lanças um olhar de soslaio,

como quem brinca, sorris,

das armadilhas onde eu caio,

e levantas, altiva, o nariz…

 

Suaves palavras de seda,

sobe o teu sobrolho nobre,

e com a mão amparas a queda…

 

Sorrio, como eu sou tão minimal,

assim, frágil e pequeno.

E tu, em promontório colossal…

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:03
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Sexta-feira, 13 de Março de 2009

O amor, dizes-me

 

 

Escuto o silêncio das palavras. O seu silêncio

suspenso dos gestos com que elas desenham

cada objecto, cada pessoa, ou as próprias ideias

que delas dependem. Por vezes, porém, as

palavras são o seu próprio silêncio. Nascem

de uma espera, de um instante de atenção, da

súbita fixidez dos olhos amados, como se

também houvesse coisas que não precisam de

palavras para existir. É o caso deste sentimento

que nasce entre um e outro ser, que apenas

se adivinha enquanto todos falam, em volta,

e que de súbito se confessa, traduzindo em

breves palavras a sua silenciosa verdade.

 

Nuno Júdice em "Pedro, lembrando Inês"

 

publicado por Lagash às 16:26
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Sábado, 7 de Março de 2009

Há palavras que nos beijam

 

 

Há palavras que nos beijam

Como se tivessem boca,

Palavras de amor, de esperança,

De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas

Quando a noite perde o rosto,

Palavras que se recusam

Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas

Entre palavras sem cor,

Esperadas, inesperadas

Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama

Letra a letra revelado

No mármore distraído,

No papel abandonado)

Palavras que nos transportam

Aonde a noite é mais forte,

Ao silêncio dos amantes

Abraçados contra a morte.  

 

Alexandre O’Neill

 

 

publicado por Lagash às 16:09
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Domingo, 15 de Fevereiro de 2009

Palavras

 

(foto que retirei de www.editorial100.pt ) 

 

As palavras alimentam-me a alma,

É o refresco da minha tarde de Verão,

O abrigo do dia chuvoso,

O quente no inverno da noite.

A poesia é tudo,

A realidade é nada,

O sabor de um poema é açúcar

No amargo de um dia chato.

O sorriso de uma letra

Que mesmo sozinha,

Me alegra os sentidos.

Amo as palavras e a sintaxe.

Amo a morfologia de um olá,

A fonética de um oi…

Amo a prosódia de um paralelepípedo,

A simplicidade de um "A",

A magia de Pessoa.

As palavras são as notas da música da orquestra da minha vida.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:25
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Quinta-feira, 18 de Setembro de 2008

Rebordos de morango

 

 

Rebordos de morango,

Mastigados de manteiga

Migalhas de biscoito na correia

Esborratas de molho de frango.

 

Beijos com os lábios doridos

Dentes que batem no canino

Sorriso de embaraço clandestino

Abraços em peitos sentidos.

 

Poesia de um qualquer meio perdido,

Palavras sem lugar mal proferidas,

Mãos, elas, vendidas ao destino.

 

Vidas, já vividas, por caminhos magoadas,

Não têm força, têm medo,

Do amor, e das comidas, já suadas…

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:16
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Segunda-feira, 25 de Agosto de 2008

Ridiculamente...

 

 

Ridículo!

 

Estas palavras são ridículas! Como todas as palavras de amor são ridículas!

 

Não seriam de amor se não fossem ridículas! Estas, de tão ridículas, por analisarem o amor, são duplamente ridículas. Tão ridiculamente ridículas que é ridículo o quanto elas são!

 

Mas ridículo é aquele que nunca amou, não foi ridículo, e que não experimentou o ridículo do ciúme e a dor do amor ridículo!

 

Já fui ridículo, e ainda sou ridículo.

 

Serei sempre ridículo, porque mesmo que dure apenas um momento, prefiro um momento ridículo, que uma eternidade a chamar ridículo aos outros!

 

Mário L. Soares

(inspirado em "Todas as cartas de amor são ridículas" de Álvaro de Campos - heterónimo de Fernando Pessoa)

 

publicado por Lagash às 09:10
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Declaração

Declaro que a responsabilidade de todos os textos / poesia / prosa publicados é minha no respeitante à transcrição dos mesmos. Faço todos os possíveis para contactar o(s) autor(es) dos trabalhos a fim de autorizarem a publicação, na impossibilidade de o fazer, caso assim o entenda o autor ou representante legal deverá contactar-me a fim de que o mesmo seja retirado - o que será feito assim que receba a informação. Os trabalhos assinados "Mário L. Soares" são de minha autoria e estão protegidos com a lei dos direitos de autor vigente. Quanto às fotografias, todas, cujo autor não esteja identificado, são de "autor desconhecido" - caso surja o respectivo autor de alguma, queira por favor contactar-me para proceder à sua identificação e se for caso disso retirada do blog. Às restantes fotografias aplicarei o mesmo princípio dos trabalhos escritos. Obrigado. Mário L. Soares - lagash.blog@sapo.pt

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