Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva nasceu na Praia da Vitória, ilha Terceira, Açores no dia 19 de Dezembro de 1901, e faleceu a 20 de Fevereiro de 1978 em Lisboa. Frequentou a Universidade de Coimbra e foi professor da Faculdade de Letras em Lisboa, tendo também ensinado no Brasil, França, Bélgica, Espanha e Holanda. Além de professor e escritor, dedicou-se à televisão, tendo apresentado um programa cultural durante alguns anos. Da sua colaboração em jornais, destaca-se a direcção de O Dia em 1975.
Foi um poeta, escritor e intelectual e destacou principalmente como romancista - foi autor de Mau Tempo no Canal.
A sua vida não lhe correu bem em termos de sucesso escolar, pois passou por vários problemas estudantis, tal como a expulsão do Liceu de Angra, a reprovação do 5.º ano que o levou a sentir-se incompreendido pelos professores. Do período do Liceu de Angra, Nemésio apenas guardou boas recordações de Manuel António Ferreira Deusdado, professor de história, que o introduziu na vida das letras.
Com 16 anos de idade, Vitorino Nemésio, desembarcou pela primeira vez na cidade da Horta para se apresentar a exames, como aluno externo do Liceu Nacional da Horta. Nemésio acabou por concluir o Curso Geral dos Liceus, no dia 16 de Julho de 1918, com a qualificação de dez valores.
A sua estadia na cidade da Horta foi desde Maio a Agosto de 1918. A 13 de Agosto o jornal O Telégrafo dava notícia de que Nemésio, apesar de ser um fedelho, um ano antes de chegar à Horta, havia enviado um exemplar de Canto Matinal, o seu primeiro livro de poesia (publicado em 1916), ao director de O Telégrafo, Manuel Emídio.
Apesar de tenra idade, Nemésio chega à Horta já imbuído de alguns ideais republicanos, pois em Angra do Heroísmo já havia participado em reuniões literárias, republicanas e anarco-sindicalistas, tendo sido influenciado pelo seu amigo Jaime Brasil, cinco anos mais velho (primeiro mentor intelectual que o marcou para sempre) e por outras pessoas tal como Luís da Silva Ribeiro, advogado, e Gervásio Lima, escritor e bibliotecário.
Em 1918, em pleno final da Primeira Guerra Mundial, a Horta possuía um comércio marítimo intenso e uma impressionante animação nocturna, a cidade era um porto de escala obrigatória, local de reabastecimento de frotas e de repouso da marinhagem. Na Horta estavam instaladas as companhias dos Cabos Telegráficos Submarinos, que convertiam a cidade num “nó de comunicações” mundiais, ou seja, a Horta possuía um ambiente cosmopolita, que contribuiu, decisivamente, para que ele viesse, mais tarde a escrever uma obra mítica que dá pelo nome de Mau Tempo no Canal, trabalhada desde 1939 e publicada em 1944, cuja acção decorre nas ilhas Faial, Pico, São Jorge e Terceira, sendo que o núcleo da intriga se desenvolve na Horta.
Este romance evoca um período (1917-1919) que coincide em parte com a sua permanência na ilha do Faial e nele aparecem pessoas tais como o Dr. José Machado de Serpa, senador da República e estudioso, o padre Nunes da Rosa, contista e professor do Liceu da Horta, e Osório Goulart, poeta.
Em 1919, inicia o serviço militar, como voluntário, em infantaria, o que lhe proporcionou a primeira viagem para fora dos Açores. Concluiu o liceu em Coimbra (1921) e inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Três anos mais tarde, Nemésio troca o curso em que se tinha matriculado, pelo de Ciências Histórico Filosóficas, da Faculdade de Letras de Coimbra, em 1925 matricula-se no curso de Filologia Românica.
Na sua primeira viagem que faz a Espanha, com Orfeão Académico, em 1923, conhecerá Miguel Unamuno (escritor e filósofo espanhol (1864-1936), intelectual republicano, foi o teórico do humanismo revolucionário antifranquista) com quem trocará correspondência anos mais tarde.
A 12 de Fevereiro de 1926, casa em Coimbra com Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes, de quem teve quatro filhos: Georgina (Novembro de 1926), Jorge (Abril de 1929), Manuel (Julho de 1930) e Ana Paula (final de 1931).
Foi em 1930 que Vitorino Nemésio se transfere para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde, no ano seguinte, conclui o curso de Filologia Românica, com elevadas classificações, começando desde logo a leccionar literatura italiana. É a partir de 1931 que Vitorino Nemésio dá inicio à carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde tal como atrás se afirmou, leccionará literatura italiana e mais tarde literatura espanhola.
Em 1934 doutorou-se em Letras pela Universidade de Lisboa com a tese A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio.
Entre 1937 e 1939 lecciona na Universidade Livre de Bruxelas, regressando neste último ano ao ensino na Faculdade de Letras de Lisboa.
Em 1958 leccionou no Brasil.
A 12 de Setembro de 1971, atingido pelo limite legal de idade para exercício de funções públicas, profere a sua última lição na Faculdade de Letras de Lisboa, onde ensinara durante quase 40 anos.
Foi autor e apresentador do programa televisivo Se bem me lembro, que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu ainda o jornal O Dia entre 11 de Dezembro de 1975 a 25 de Outubro de 1976.
Vitorino Nemésio foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo recebido em 1965, o Prémio Nacional da Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.
Faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, e foi sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, Nemésio pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado.
Vitorino Nemésio foi ficcionista, poeta, cronista, ensaísta, biógrafo, historiador da literatura e da cultura, jornalista, investigador, epistológrafo, filólogo e comunicador televisivo, para além de toda a actividade de docência.
Levou a cabo, na sua obra, uma transformação das tendências da Presença (que de certa forma precedeu), que garantiu a eternidade dos seus textos. Fortemente marcado pelas raízes insulares, a vida açoriana e as recordações da sua infância percorrem a obra do escritor, numa espécie de apelo, revelado pela ternura da sua inspiração popular, pela presença das coisas simples e das gentes, e pela profunda humanidade face à existência e ao sofrimento da vida humana.
Fonte: Wikipédia e Projecto Vercial
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