Quantas saudades
Da minha infância
Fui tão feliz
Quando em criança
Tinha bonecas
Feitas de trapos
De pele grosseira
Os meus sapatos
Gorros de lã
Minha mãe fazia
Leite de cabra
Muito eu bebia
Junto à lareira
Histórias me contava
Meu querido pai
Que eu tanto amava
Quando chegar o meu fim
P’ra junto dele quero ir
Virá um anjo do céu
P’ro caminho conduzir
Ermelinda Miranda
in Quadras Soltas (Saudade)
Já perdi
Já ganhei
Já sorri
Já chorei
Sou feliz
Ou não sou?
Sou carente
E amor dou
Quando precisas de mim
Se algo me pedes digo sim
Eu estou sempre presente
Quantas alegrias eu dou
E se me chamas eu vou
Gosto de ti, está assente
Ermelinda Miranda
(Ermelinda Miranda - Verão de 2005)
O pensamento
Nada é mais misterioso
Do que o pensamento
Nada é mais livre
Nada é mais sonante
É tão musical
Tão cortante
Tão amante
Tão veloz
Tão inconstante
Mistério tão
Sem valor
Mas assim
Nasce o amor
Ermelinda Miranda
Para a minha mãe. Que faz hoje 75 anos. Que belo número. Nasceste a 2 de Setembro de 1934.
E que belo poema este que escreveste. O amor que tenho por ti, nasceu assim há 36 anos, tão misterioso como a vida que nasceu nesse momento. Para ti tenho mais que um pensamento. Tenho o respeito da vida que me deste e dás. A devoção à família que só compreenderei quando de mim nascer um mistério. Como o pelicano que dá a sua própria carne às suas crias em momentos de escassez, assim tu te anulas em função dos que amas. Sinto-o e isso por vezes, revolta-me por não conseguir ser assim. Quero sê-lo, porque assim é que é belo. Assim se vive no céu. Dando, uns aos outros. Tu dás, sem querer retorno. Nada pedes, nada queres para ti. O sublime altruísmo. Somos a tua extensão. Sou os teus braços. Eu estou contigo, no teu coração. E tu estás comigo no meu…
És para mim o exemplo do que deve ser a vida.
Do pensamento nasce o amor, é verdade mamã! Penso em ti neste momento. Neste dia. Parabéns!
Mário L. Soares
(Ermelinda Miranda em 26 de Abril de 2009)
Estás comigo desde sempre
És a minha confidente,
Amiga, a melhor,
Dás-me assim o teu amor.
Procuro em ti o carinho,
Abraçar-te um bocadinho,
Ter o teu colo quente,
A saudade do teu ventre.
Cautelosa e astuta,
És a melhor diplomata,
Sigo a tua batuta.
Inteligente como ninguém,
És o motor da família,
És a minha mãe.
Mário L. Soares
(Ermelinda Miranda & Joaquim Soares)
Pai e Mãe. Habituamo-nos a tê-los como certos. Certos também estamos, que todos no mundo têm Pai e Mãe. Com certeza, nunca nos vão faltar. Há alturas em que pensamos, em egoísmo, que não nos fazem falta, ou que incomodam, ou que não sabem nada.
Todos nós erramos. Não me estou a referir ao nosso Pai e nossa Mãe – sei que também erram – mas não é a eles que me refiro. É a nós. Sim, os filhos, esses que têm que passar a olhar mais criticamente para si próprios e procurar os erros nos próprios umbigos. O nosso erro primário é pensarmos que o erro está no outro – isto acontece, tanto com pais, como com filhos e tios e irmãos e amigos. O que é importante é percebermos que é importante e mais necessário corrigirmo-nos a nós próprios primeiro e só depois olharmos os outros, tendo depois um cuidado especial com os outros particularmente se esses outros são quem nos pôs no mundo.
O Pai e a Mãe, não são eternos, são humanos, e não estão lá sempre para nós. Têm vida própria e vontade própria. E vai haver alturas em que nos vão faltar. Ou porque já não estão neste mundo, ou porque não puderam fazer melhor. Com toda a certeza, se nos falham, não é por vontade própria, ou até mesmo se é, fá-lo-ão para permitir um crescimento da nossa personalidade e espírito, em jeito de ensinamento.
Há também, quem, que tendo Pai e Mãe (porque são imprescindíveis na concepção humana), não os têm na verdadeira acepção da palavra. Seja porque estes os abandonaram, faleceram, não sabem que os geraram, ou estão ausentes em espírito e não cumprem o seu papel. Poderão, se assim for, esses filhos, ter alguém ou algo que possa de alguma forma os substituir, seja um Pai ou uma Mãe adoptiva, que pode ser um avô ou avó, tio ou tia, ou amigo, ou um puro desconhecido, que a dada altura passa a ter o papel de Pai ou Mãe, ou até um ser supremo objecto de crença que possa de alguma forma ser. De qualquer forma, há quem não os tenha. Deve ser muito doloroso a falta do Pai e da Mãe. Não consigo descrever o que será. Assusta-me até essa possibilidade, o que me diz também que não estou preparado para a certa eventualidade sua partida.
O saber de um Pai e Mãe, é limitado. Sim, é. Mas é também limitada a própria pessoa. Apenas somos até ao limite do ser, não mais. Não passamos para a etérea forma intangível antes de deixarmos o invólucro que transportamos. Somos até deixarmos de ser, e se continuamos a ser, sê-lo-emos lá, depois do “ser” cá. E cá temos um finito tempo que nos limita em tudo, inclusive no saber. Sabemos a soma de todas as coisas que aprendemos mais o que já trazíamos, menos o que esquecemos, e menos o que não queremos saber ou escondemos. Como tal, os nossos progenitores, como mais velhos (já cá estavam quando chegamos) têm um percurso mais longo de aprendizagem, e assim uma probabilidade maior de ter uma soma de coisas sabidas maior do que a nossa. E mesmo que assim não o seja, pela qualidade das coisas aprendidas ser inferior, ou por qualquer adversidade que contrarie a regra, deverão ser respeitados como Pai e Mãe, que são, e que primeiro que tudo, souberam-nos conceber e criar e deram nos seus genes a grande parte do que somos hoje e nos define como humanos para sempre. Isso é por si só um grande saber.
O Pai e a Mãe, os nossos pais, são únicos. Merecem a nossa admiração, amizade, carinho e amor.
Eu e a minha irmã, temos os melhores Pai e Mãe do mundo.
Tiveram e têm divergências, são duas pessoas diferentes em muita coisa e iguais em tantas outras. Sabem muito de tudo e são bons companheiros um do outro, dos filhos e neto que os amam. Gostam um do outro, ainda que digam que não se suportam. Têm uma relação de necessidade mútua, de compensação e de complementaridade. São completamente dependentes um do outro e ao mesmo tempo completamente independentes. A sua vida é como um constante colocar na balança dos prós e contras de tudo o que fazem. Justiça, vontade, dedicação, força, saber, espírito de sacrifício são expressões que sempre me habituei a ouvir em casa. São um exemplo para a longevidade no casamento e relacionamento. Sabem estar, como marido e mulher e como amigos, mesmo após tantos anos.
Hoje é o 50º aniversário do seu casamento. Foi no dia 26 de Abril de 1959 em Marinhais.
Parabéns aos dois.
Será difícil talvez humanamente impossível, não sei, mas gostava de terminar dizendo:
“Venham mais 50!”
Mário L. Soares
Fechei a janela
Apaguei a luz
A mansidão,
E penumbra da noite,
Vi luz no imaginário!
Era o arco-íris
A chuva parou
Mas de noite
Não há arco-íris!
Eram as penas
Brilhantes do
Meu canário,
Não canta, dorme
O sono dos pássaros,
O sono do corvo,
A coruja passou,
Nada me assusta.
Os anjos estão comigo
Ah! Fiz um poema
e... apaguei a luz.
Ermelinda Miranda
Nada é mais misterioso
Do que o pensamento
Nada é mais livre
Nada é mais sonante
É tão musical
Tão cortante
Tão amante
Tão veloz
Tão inconstante
Mistério tão
Sem valor
Mas assim
Nasce o amor
Ermelinda Miranda
(Tenho por este poema um carinho muito especial, ou melhor, não em particular pelo poema - que é eterno - mas pela poetisa! A MINHA MÃE!)
Pelo teu aniversário…
Parabéns mamã!
Podes ler e ver, mas não percebes nada de computadores…
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