Sábado, 13 de Fevereiro de 2010

Sol

 

 

Ó sol que miras p’lo céu!

Vens e banhas o ventre

Tocas o meu pelo véu

Molhas, seco e quente.

 

Azuis sorrisos tu brilhas

Esperança, de ti, existência

E as estrelas, tuas filhas,

Choram à noite, vivência.

 

Milhas de longe e de luz

Abraças a terra fecunda

Beijas o mar que seduz

Semente pátria profunda

 

Alento dás tempo à hora

Montanhas, campos de sal

Eriges estruturas de flora

Invocas o Deus contra o mal

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:02
link | comentar | favorito
Quinta-feira, 4 de Fevereiro de 2010

Reveses

 

 

Como a vida reveses traz!

Olhar para dentro à frente

Saber usar a bem a mente

E viver o sonho e ser capaz.

 

Aguardo no mar as bonanças,

Que a tempestade ao fundo augura;

Sabendo que na noite escura

Vêm ventos e mudanças.

 

Ah, raios e coriscos que se partam!

Quero ver o sol na meia-noite

Ter a luz – que os céus se abram!

 

Contrariedades que se vão!

Serei herói e homem do leme,

Neste mundo que é um cão.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:08
link | comentar | favorito
Domingo, 25 de Outubro de 2009

Crepúsculo

 

 

É quando um espelho, no quarto,

se enfastia;

Quando a noite se destaca

da cortina;

Quando a carne tem o travo

da saliva,

e a saliva sabe a carne

dissolvida;

Quando a força de vontade

ressuscita;

Quando o pé sobre o sapato

se equilibra...

E quando às sete da tarde

morre o dia

 – que dentro de nossas almas

se ilumina,

com luz lívida, a palavra

despedida.

 

David Mourão-Ferreira

 

publicado por Lagash às 16:09
link | comentar | favorito
Sexta-feira, 8 de Maio de 2009

A dualidade entre o bem e o mal

 

 

 

O Yin-Yang, branco e negro, a noite e o dia, morte e vida, a luz e a escuridão, o belo e o feio.

 

“O que era a noite sem o dia?

E a luz sem a escuridão?

O contraste é a razão

Porque a gente os avalia.

 

Tendo por esta medida,

Tudo para um mesmo fim,

Até tu, a própria vida,

Não eras nada sem mim.”

 

Disse António Aleixo no Auto da Vida e da Morte, na personagem da “morte” dirigindo-se à “vida”.

 

Assim funciona o mundo.

 

Podemos olha-lo como o belo e o feio. Quando olhamos para uma bela mulher (ou homem), temo-la como bela porquê? Porque temos padrões de beleza definidos pela nossa cultura no geral, e educação e meio onde vivemos em particular. A mais ínfima variável vai para os gostos pessoais que são insignificantes quando analisarmos o caso à distância.

 

Mas como podemos “saber” se a mulher que vemos é bela ou não? – Apenas e só pela distinção. O cérebro através de vários processos “compara” as imagens que captamos pelos olhos com as nossas memórias numa “pasta de ficheiros” imaginária com o nome “mulheres que já vi” que estará hierarquizado por ordem de “beleza” (uma será mais bela que outra) e enquadrará a mulher que vemos agora com a “lista”. Como é obvio este processo é instantâneo e imperceptível. Pela comparação temos o “contraste” do Aleixo.

 

Vemos o mundo também pelo conceito económico de satisfação / utilidade como no paradoxo copo de água / diamante, onde se por um lado a teoria valor trabalho dá mais “valor” ao diamante, torna-se completamente inversa quando estamos no meio do deserto e a água passa a ter toda a importância e nenhum valor imediato no diamante. Também será variável de acordo com a satisfação - se bebermos vários copos de água, a sua utilidade marginal vai diminuindo ao ponto de a curva descer e chegar a ser negativa, quando já deitamos água pelos olhos de tanto beber. Temos então as necessidades dos clássicos da economia de Adam Smith, Ricardo e Marx, a definir os nossos critérios de diferenciação. O bom do menos bom é definido assim.

 

Então e quando temos apenas bom e não temos mau? Pois. Aí temos uma requalificação e um imediato reordenamento da lista. No exemplo das mulheres, se apenas conhecermos mulheres belas e nenhuma feia (e muito importante – nunca poderíamos ter conhecido nenhuma mulher feia – caso contrário teríamos uma referência anterior), ao olhar duas belas mulheres, como serão diferentes, estarão sujeitas a uma hierarquização similar, mas como não há grau inferior, a feia será a menos bela aos nossos olhos e a mais bela será bela apenas e começara um novo processo.

 

Vendo neste prisma as coisas, o bem e o mal serão calibrados um pelo outro, co-existindo e tornando-se mutuamente necessários para a qualificação dos mesmos.

 

Sem as mortes horrendas da guerra daríamos o mesmo valor à paz? Sem o ódio, como seria o amor? Sem a injustiça, faríamos justiça? A ausência de luz seria a escuridão?

 

Deixo-vos com este pensamento, na esperança de que haja esperança quando olharmos o mundo e vermos o mal a surgir. Considerando o perfeito equilíbrio da natureza pela forma como a vemos. Esse mal fará o bom ser melhor, com certeza.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:18
link | comentar | ver comentários (4) | favorito
Quinta-feira, 19 de Março de 2009

Ao meu pai

 

(Joaquim Soares) 

 

És a Força da minha vida,

pilar do meu sustento,

dás a seiva nunca perdida,

para manter o movimento.

 

És a Beleza que ornamenta,

que tudo torna saboroso,

que dá gosto e alimenta,

e faz o sentir harmonioso.

 

És a Sabedoria que me conduz,

és a alavanca de todo o saber,

que ensina, dirige e é a luz,

e o combustível que é o poder.

 

Por seres o tudo para mim,

assim te dou este obrigado.

 

Mário L. Soares

publicado por Lagash às 16:15
link | comentar | ver comentários (2) | favorito
Quinta-feira, 12 de Março de 2009

Luz

 

 

A luz entrou-me pela janela, na noite que passou por mim, sorrindo e rindo, brincando e aprendendo, como uma criança com um novo brinquedo.

 

Finos raios de sol iluminaram a minha escura e só existência de ontem. No fundo do túnel abriu-se um portal para o outro lado. Um mundo, novo e cheio de experiências novas. Ideias e cores para descobrir, qual terra nova descoberta no meio do breu em mares do Adamastor.

 

Sorrisos e risos de alegria verdadeira ofertei ao sol que me enchia a noite. Que beleza de imagens projectadas em mim. Seria real? Terá sido um sonho? Não terei visto o que vi? Quero e gostava de acreditar que sim…

 

Até logo.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:04
link | comentar | ver comentários (2) | favorito
Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2009

Foi-se o sono e olho a água

 

 

Foi-se o sono e olho a água

Dos meus olhos estancados;

Lá fora, um rumor de aves

Evoca aromas molhados.

 

A luz alta fere as casas

Brancas de neve, fluidas;

Meu corpo é um prado seco

Onde caem estrelas húmidas.

 

Reflexos de sonhos idos

Limitam-me o pensamento;

Os ramos das árvores escondem

Silêncios desaparecidos

 

Ruy Cinatti

 

publicado por Lagash às 16:01
link | comentar | favorito
Sábado, 23 de Agosto de 2008

Verão

 

 

Droga-nos o Verão com o sol e a luz

Traz-nos energia de dentro e cor

Dá-nos a força que queremos e amor

Azul em ondas do calor que produz

 

Abre as portas à praia e ao mar e corpos nus

Beija a nossa pele e sabe a licor

Dança ao som de um compasso sedutor

Embebeda o incauto, e à beleza faz jus

 

Gosto de o ver. Por vezes não quero…

Outras adoro, por tanto não o ter

No frio desejo, no calor desespero…

 

Trai-nos a todos, porque não diz que tem fim!

Vem calmo, entra à força e abandona o mundo

Visita, sem favor pedir e vai-se… assim…

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:27
link | comentar | favorito
Segunda-feira, 31 de Março de 2008

A luz dos olhos teus...

Quando a luz dos olhos teus
E a luz dos olhos meus
Resolvem se encontrar...
Ai que bom que isso é
Meu Deus, que frio que me dá
O encontro desse olhar...
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar,
Meu amor, juro por Deus,
Me sinto incendiar...
Meu amor juro por Deus
Que a luz dos olhos meus
Já não podem esperar.
Quero a luz dos olhos teus,
Na luz dos olhos meus,
Sem mais la-la-la-la...
E na luz dos olhos teus,
Eu acho, meu amor,
E só se pode achar...
Que a luz dos olhos meus precisa se casar...

 

 

Tom Jobim e


 

Miúcha

publicado por Lagash às 02:21
link | comentar | ver comentários (1) | favorito

Declaração

Declaro que a responsabilidade de todos os textos / poesia / prosa publicados é minha no respeitante à transcrição dos mesmos. Faço todos os possíveis para contactar o(s) autor(es) dos trabalhos a fim de autorizarem a publicação, na impossibilidade de o fazer, caso assim o entenda o autor ou representante legal deverá contactar-me a fim de que o mesmo seja retirado - o que será feito assim que receba a informação. Os trabalhos assinados "Mário L. Soares" são de minha autoria e estão protegidos com a lei dos direitos de autor vigente. Quanto às fotografias, todas, cujo autor não esteja identificado, são de "autor desconhecido" - caso surja o respectivo autor de alguma, queira por favor contactar-me para proceder à sua identificação e se for caso disso retirada do blog. Às restantes fotografias aplicarei o mesmo princípio dos trabalhos escritos. Obrigado. Mário L. Soares - lagash.blog@sapo.pt

mais sobre mim

procurar em Lagash

 

Março 2010

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

posts recentes

Sol

Reveses

Crepúsculo

A dualidade entre o bem e...

Ao meu pai

Luz

Foi-se o sono e olho a ág...

Verão

A luz dos olhos teus...

arquivos

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

tags

todas as tags

links

blogs SAPO

subscrever feeds

Em destaque no SAPO Blogs
pub