Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.
Sophia de Mello Breyner Andresen
A Primavera chegou.
Dois jovens enamorados passeavam nas margens de um rio caudaloso.
Inesperadamente um ramo de miosótis surgiu flutuando nas águas revoltas.
A jovem, encantada com as flores, quis tirá-las do rio.
O jovem, de forma destemida, atirou-se à água para as apanhar e dar à sua amada como prova do seu amor.
Mas a forte corrente do rio não permitiu que ele pudesse regressar à margem.
Sentindo-se sem forças e na eminência de se afogar, ainda gritou:
- Não me esqueças, ama-me sempre!
Desde então, o miosótis floresce nas margens dos rios e simboliza: Não-me-esqueças...
Lenda popular
A história recente atribuiu-lhe ainda outro significado, não menos importante ou dramático e com uma carga emocional fortíssima.
Logo após a tomada do poder de Hitler, os maçons alemães perceberam que a maçonaria estava em perigo na Alemanha. Mais tarde viram que estaria em perigo também pelo resto da Europa e pelo mundo, bem como a própria vida dos maçons. Assim, como forma de reconhecimento imediato e aberto, em substituição do tradicional esquadro e compasso, a Grande Loja da Alemanha decidiu substitui-lo por uma flor – o miosótis, já que o outro símbolo era amplamente conhecido pelo regime Nazi. Era usado na lapela do casaco.
Serviu desta forma para que os maçons se reconhecessem e para mantê-los ligados entre si.
Actualmente os maçons usam o “Forget me not” na lapela em memória dos mortos da grande guerra e como forma de repudio às atrocidades do holocausto. Significa assim, “nunca esquecerei”. Pode ser usado também em memória de um irmão que partiu.
Mário L. Soares
nascem vazias de amarelo
as magnólias que se inclinam
oblíquas a uma terra despovoada
da dimensão da flor
murmuram suas pétalas pelo vento
galopante e assustado fugido dos
desertos que eram florestas
lentas azuis as estrelas estalam
agapantos jacarandás
sangue adormecido dos fenómenos
que os olhos à luz fazem desaparecer
ausentes as asas adormecem
trilhos estilhaçados na terra
onde o longe e a distância
permanecem na tortura
do pensamento
sem etecétera
Ó as searas de flores os
gerânios as açucenas
os corações abertos dos rapazes
aos lilases
perfume de entrega permanente
musculado e frágil advento
de um tempo que há-de partir
mergulhado nos estames das mãos
para se transmutar em beijos
oferecidos às bocas
no chão da terra aturada e escura
as magnólias pálidas sombrias
escorrem mel torturado e morno
onde rapazes deixam o abraço
doce permanente como o pecado
o orvalho da manhã reclama as
magnólias que fecundadas devolvem
à terra o sangue
dos rapazes exaustos cansados
é manhã a terra toda de repente
desmaia atormentada nua e quente
Henrique Levy
Sitios interessantes (ou não)
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Não asses mais carapaus fritos
PCP - Partido Comunista Português
PSD - Partido Social Democrata
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