Domingo, 9 de Agosto de 2009

Amando sobre os jornais

 

 

Amando noite afora

Fazendo a cama sobre os jornais

Um pouco jogados fora

Um pouco sábios demais

Esparramados no mundo

Molhamos o mundo com delícias

As nossas peles retintas

De notícias

 

Amando noites a fio

Tramando coisas sobre os jornais

Fazendo entornar um rio

E arder os canaviais

Das páginas flageladas

Sorrimos mãos dadas e, inocentes

Lavamos os nossos sexos

Nas enchentes

 

Amando noites a fundo

Tendo jornais como cobertor

Podendo abalar

o mundo

No embalo do nosso amor

No ardor de tantos abraços

Caíram palácios

Ruiu um império

Os nosso olhos vidrados

De mistério

 

Chico Buarque

 

publicado por Lagash às 16:04
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Sexta-feira, 31 de Julho de 2009

O calor, o amor e as amoras

 

 

O calor, o amor e as amoras.

O suor que nos cola as camisolas.

Em redor, o fragor de uma ribeira.

Por brincadeira,

colho-t'um beijo!

Junto aos ramos d'uma amoreira.

 

Ruborizam-se as faces

nem sei bem de que maneira!

Será do calor que se sente?

Ou pelo facto de um adolescente

ser inexperiente na matéria?

 

Por reflexo mergulhámos

os dois juntos na água fria.

Sem jeito, mal disfarçámos

a atracção que se sentia!

 

O teu corpo que se revela

na transparência da camisola

És tão bela, mulher formada!

Fizemos amor dentro de água.

A primeira vez! Numa ribeira!

 

Vicente Roskopt

 

publicado por Lagash às 16:10
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Sexta-feira, 3 de Julho de 2009

Curvas

 

(foto de www.photoforum.ru ) 

 

 

As tuas curvas abraçam-me o peito

e fazem emergir desejos

que anseiam de ti o teu jeito

e exigem dos lábios os beijos

 

E quando o carinho vem suave

e encontra no corpo o teu quente

eu procuro no fundo a tua cave

húmida, bela, minha, para sempre.

 

Quero ter-te. Vou e volto no teu ser…

Estou contigo neste amor

unido no profundo querer.

 

São as curvas num belo casamento.

Que sonho este que me enternece

e embala lado a lado o pensamento.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:22
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Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009

Pisco Lógico

 

(quadro a óleo de Marianela de Vasconcelos) 

 

Dou-vos hoje um poema que tive a honra de ler publicamente no passado Sábado na inauguração da exposição de pintura da poeta, escritora, pintora e jornalista... e mãe de duas bonitas pessoas que lançaram a fotobiografia "da mãe" também neste Sábado - o Eduardo e a Tânia. 

 

Tanto a fotobiografia como a exposição da Marianela de Vasconcelos poderão visitar em Loulé na galeria de Arte do Convento Espírito Santo, até ao dia 28 de Março.

 

Parabéns aos filhos da Marianela, tenho a certeza que "a mãe" está orgulhosa de vós. (perdoem-me a ousadia de publicar um poema dela aqui...)

 

 

Pisco Lógico

 

Se te queres matar…

(sempre te queres matar?),

escolhe um lugar fresco e abrigado,

longe da estrada e do teu povoado

onde apodreças sem deixar vestígio;

não digas a ninguém do teu intento,

liquida os teus negócios

cem

por cento

e organiza um suicídio

de prestígio.

 

Não se pode morrer de qualquer jeito.

Tem de haver senso,

tem de haver respeito;

a morte não nos pode deixar mal.

E se é forçoso que venha no jornal

ainda temos de pensar melhor.

Nada de armas brancas, nem pistola,

nada de pós que façam mal à tola,

tudo tranquilo, tudo com rigor.

 

Longe o veneno para o escaravelho!

Eu sei que és feio

e estás a ficar velho,

mas não és nada p’ra deitar ao lixo.

Não te exponhas a morrer morto de dores,

roto de medo,

cheio de tremores, de vómito e excremento,

como um bicho!

 

Pára e pensa e telefona, se quiseres,

porque seja o que for que me disseres,

eu entendo,

eu aceito,

eu já sabia.

Enfrasca-te em rosé ou chá de tília,

não abras o teu jogo p’ra família

e vai dormir co’a mãe da tua tia.

 

E depois dá uma festa memorável,

compra uma loura

e um descapotável

e diverte-te à grande

e faz poemas

e canta a marselhesa e as tuas penas

e desperta a atenção das raparigas!

 

Quando cair a noite vai p’ra cama,

E faz amor com alma

E faz amor com gana

 

… e manda o teu suicídio pr’ás urtigas!

 

Marianela de Vasconcelos

 

publicado por Lagash às 16:14
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Terça-feira, 27 de Janeiro de 2009

Quem és tu, nua mulher?

 

(foto retirada da internet - desconheço o autor) 

 

Quem és tu, nua mulher?

Vagueias pelo meu quarto,

Saltitas pelo meu corpo,

Lambes as minhas pernas…

 

Quem és? Deverei a ti temer?

Muito leve vais a passo,

De um lado para o outro,

Sorris pelas persianas…

 

Quem és mulher, que me fazes tremer?

No falo tocas com desembaraço,

E voas p’lo corpo em alvoroço,

Agarras pelo beiço e me tomas…

 

Quem é que me toca o ser?

Que o meu peito tem caço,

E me leva embora do porto,

Sem saber se a mim me amas…

 

Não sei onde estás…

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:15
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Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2008

Poema Romântico - Sexual

 

(foto de Tommy L. Edwards) 

 

Bebi-te num beijo perfumado,

Naveguei o teu corpo só

Tomado no cetim dos lençóis,

No calor de mil Sóis,

Pele nua em olhos de dó

De silêncio imaculado.

 

Diluí-me no teu suspiro,

Em leves toques da tua mão

Perdida num cheio luar,

Num deserto de mar

Cativo na solidão,

Na pureza que te tiro.

 

Sei-me um pedaço de ti,

Pele rosada dos teus seios,

Palavra solta em tua boca

De ti mulher louca

Sombra dos meus receios,

Que tão bela nunca vi.

 

Rasga-se um sorriso no prazer

Numa lágrima de alegria,

De desejo escondido do passado,

Pensamento assim, ousado,

Gritado em sã histeria

Para mais ninguém saber.

 

Leio-me nas tuas linhas,

Masturbo todas as palavras

Pintadas de tantas cores,

Decoradas como flores

Nestes olhos que lavras,

Neste amor que me tinhas.

 

Fernando Jorge M. Saiote (Alemtagus)

 

publicado por Lagash às 16:26
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Domingo, 23 de Novembro de 2008

Ninho

 

(pintura de Gustave Coubert - A origem do mundo - 1866)

 

Dá-me o teu ninho,

Deixa-me aninhar um bocadinho,

Sentir o cheirinho

Beber do teu vinho.

 

Quero na portagem passar,

E no abrigo, em ti, entrar,

Com prazer, tua pele, quero suar,

E da tua carne saborear.

 

Leva este teu amigo,

Para a cama contigo,

Que de ti é tão parecido,

Abraça o amor comigo.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:17
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Quarta-feira, 5 de Novembro de 2008

Os teus seios

 

(desconheço o autor da foto-montagem)

 

Os teus seios

têm cheiros

e aromas verdadeiros

de um falso dia de Verão.

 

É libido

que t'encharca o vestido,

e ao fazeres amor comigo

seca-t'a boca e acelera-t'o coração.

 

Dás-me um abraço,

escorre-nos suor pel'abaixo...

Talvez ignores, mas eu acho...

Que isto não é apenas atracção!

 

Vicente Roskopt

 

http://osedutorfarsolas.blogspot.com/

publicado por Lagash às 16:09
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Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008

Amor agridoce

 

(foto retirada da internet - desconheço o autor) 

 

Doce amor de sal em torrões,

Salpicados de suor nas secas bocas

Amantes sorvendo a água em monções,

Odores de amores, esfregadas as pernas loucas.

 

Beijos sem destino tocam cabelos,

Lágrimas sem dor forçam a entrada,

Gritos abafados em rostos belos…

Olhos extasiados cheios de vida penetrada.

 

Transportados para fora da estratosfera  

Voam em bebedeiras de sabor a pele,

Quentes de abraços que o amor enternecera.

 

Vagem doce com molho de mel que corre,

Sopa de línguas e carne com muito gosto,

Saber o amor da vida que não morre…

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:05
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Sábado, 4 de Outubro de 2008

Amar o teu amor

 

 

Com um beijo começa a minha senda,

Vou contigo nesta viagem deleitosa…

Sabes o que quero e vens com um sorriso,

Apalpo e toco o que a imaginação desvenda,

Respiro a tua escura furna amistosa,

Apertas, agarras, sabes onde preciso…

 

O meu corpo bebe o teu seio

Delicia o sabor dos meus lábios

Lubrifica os olhos da minha mente

Abrem-se os corpos pelo seu meio

Os sexos unem-se, são sábios…

Tocam-se gozando o tempo presente.

 

Habito no abrigo da tua tenda de mel,

Que é gente disfarçada de lobo,

E que sabe, com toda a mestria,

Deleitar quem te apraz o anel…

Penetro-o, e grunho como um bobo…

Entro e amo como um deus grego faria.

 

Gritas de amor, perdida no alto,

Voas no céu, percorres o mato,

Nadas em mim, molhas o leito,

Arranhas a pele que tomas de assalto…

Encontras-te em mim, e no imediato…

Franzes os olhos, beijas o meu peito…

 

Como me adora o teu quente abraço,

Tal como te quero o pescoço,

E chupo com avidez acendido…

E sorvo loucamente o teu cansaço,

Dás-te completamente e sem esforço,

Culmino, e consagro-te o meu líquido…

 

Em beijos, delicio a paixão,

Relaxo suavemente e com estima,

Carinho, uma lágrima, no teu rosto…

Que corre até ao coração.

E toca por dentro e por cima,

Do amor que no peito foi posto.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:17
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Declaração

Declaro que a responsabilidade de todos os textos / poesia / prosa publicados é minha no respeitante à transcrição dos mesmos. Faço todos os possíveis para contactar o(s) autor(es) dos trabalhos a fim de autorizarem a publicação, na impossibilidade de o fazer, caso assim o entenda o autor ou representante legal deverá contactar-me a fim de que o mesmo seja retirado - o que será feito assim que receba a informação. Os trabalhos assinados "Mário L. Soares" são de minha autoria e estão protegidos com a lei dos direitos de autor vigente. Quanto às fotografias, todas, cujo autor não esteja identificado, são de "autor desconhecido" - caso surja o respectivo autor de alguma, queira por favor contactar-me para proceder à sua identificação e se for caso disso retirada do blog. Às restantes fotografias aplicarei o mesmo princípio dos trabalhos escritos. Obrigado. Mário L. Soares - lagash.blog@sapo.pt

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