(Mia Couto - foto de Alfredo Cunha)
Na vertigem do oceano
vagueio
sou ave que com o seu voo
se embriaga
Atravesso o reverso do céu
e num instante
eleva-se o meu coração sem peso
Como a desamparada pluma
subo ao reino da inconstância
para alojar a palavra inquieta
Na distância que percorro
eu mudo de ser
permuto de existência
surpreendo os homens
na sua secreta obscuridade
transito por quartos
de cortinados desbotados
e nas calcinadas mãos
que esculpiram o mundo
estremeço como quem desabotoa
a primeira nudez de uma mulher
Mia Couto – Setembro 1980
Para além dos horizontes,
Haverá casas, campos e montes
Para cá do fim dos mundos,
Estão os verdes fecundos…
A vida procria, é contínua, natural
E vai por aí fora, p’los dias normal,
Segue o escrito e a pedra, só, marca,
Vem sobre nós e açambarca…
Domina o que deve ser verde,
Abraça o que é belo e perde
Tudo, e em harmonia sufoca,
Não liberta o que ela provoca.
Sente-se o que se sente
Mas nunca o temos de presente,
Fazemos o melhor que podemos,
Somos o que ela nos diz e não queremos.
Vamos pelo caminho que indica,
Reparamos que a vida prevarica…
É tarde e estamos para cá do norte…
Não vemos e vamos com vida à morte.
Renascemos, então, para uma coisa nova…
Que coisa boa, sim, vejo para fora da cova!
Céu azul e perfume, sou elevado
Dum fundo para um relvado…
Tenho novos olhos e não temo a morte,
Sei o que sou, para onde vou e a minha sorte.
Tenho um novo caminho conhecido…
Pergunto-me o que faria e que morte teria, se não tivesse renascido?
Mário L. Soares
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