Era um anjo de Deus
Que se perdera dos céus
E terra a terra voava.
A seta que lhe acertava
Partira de arco traidor,
Porque as penas que levava
Não eram penas de amor.
O anjo caiu ferido,
E se viu aos pés rendido
Do tirano caçador.
De asa morta e sem ‘splendor
O triste, peregrinando
Por estes vales de dor,
Andou gemendo e chorando.
Vi-o eu, o anjo dos céus,
O abandonado de Deus,
Vi-o, nessa tropelia
Que o mundo chama alegria,
Vi-o a taça do prazer
Pôr ao lábio que tremia...
E só lágrimas beber.
Ninguém mais na terra o via,
Era eu só que o conhecia...
Eu que já não posso amar!
Quem no havia de salvar?
Eu, que numa sepultura
Me fora vivo enterrar?
Loucura! ai, cega loucura!
Mas entre os anjos dos céus
Faltava um anjo ao seu Deus;
E remi-lo e resgatá-lo,
Daquela infâmia salvá-lo
Só força de amor podia.
Quem desse amor há-de amá-lo,
Se ninguém o conhecia?
Eu só, - e eu morto, eu descrido,
Eu tive o arrojo atrevido
De amar um anjo sem luz.
Cravei-a eu nessa cruz
Minha alma que renascia,
Que toda em sua alma pus,
E o meu ser se dividia,
Porque ele outra alma não tinha,
Outra alma senão a minha...
Tarde, ai! tarde o conheci,
Porque eu o meu ser perdi,
E ele à vida não volveu...
Mas da morte que eu morri
Também o infeliz morreu.
Almeida Garrett
Que símbolo fecundo
Vem na aurora ansiosa?
Na Cruz Morta do Mundo
A Vida, que é a Rosa.
Que símbolo divino
Traz o dia já visto?
Na Cruz, que é o Destino,
A Rosa que é o Cristo.
Que símbolo final
Mostra o sol já desperto?
Na Cruz morta e fatal
A Rosa do Encoberto.
Fernando Pessoa
in “A Mensagem”
Nove cavaleiros cavalgaram em passo decidido,
Os nove encontraram o medo perdido,
Agarraram a vida e o conhecimento vivido,
Pela humanidade perdida no mundo esquecido.
Imponentes e firmes peregrinos guardaram,
Outros companheiros, mestres tornaram,
Para a Sua gloria e amor glorificaram,
E hoje ainda, os há, quem sabe ficaram?
Fortes e ricos eram em vida, o querer,
Na mão tinham, terras, reinos e poder,
Nada tinham no fundo, era apenas o ser,
Riqueza de dentro, amor e prazer.
Na morte, p’la cruz, a rosa e a vida,
O sangue derrama na terra pérfida,
Além ascendem com a alma aquecida,
O amor pelo próximo, sempre em cada investida.
Com espada de fogo combatem o mal,
Rodopiam pelo ar que provoca a espiral,
De branco tingidos de água e cal,
A terra de sangue em cruz por igual.
Mário L. Soares
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