Tocas-te suavemente no quente dos lençóis, e o suor inunda o quarto. As janelas embaciadas apenas deixam entrar a luz do nascer do dia por entre as pequenas aberturas das persianas por onde entram também os olhares de um ou outro passeante que por ali tenha a sorte de andar.
O cheiro eleva-se no ar e mistura-se com o da torrada queimada que fizeste há pouco e com a barra de incenso de ontem já apagada no apoio, murcha e sem vida.
Um bafo de gata assanhada meio abafado faz-se ouvir seguido de duas ou três inspirações rápidas pelo meio dos dentes e interrompidas por espasmos…
Mais um pouco de movimento e mais um gemido.
Viras-te para cima e olhas o céu que está para lá do telhado da casa junto dos teus pensamentos mais fantasiosos. A mão esquerda toda o peito, esfregando os mamilos como se de limpeza precisassem e estes respondem apontando o infinito. A direita lá em baixo, peganhenta e molhada, atolando-se nos folhos do teu íntimo. Fechas os olhos outra vez e viras a cara para o lado direito, com o queixo na clavícula e a boca entreaberta que baba saliva para o ombro, sequiosa por abocanhar os fantasmas que a mente produz em catadupa só para este momento.
Descobres o corpo lançando o lençol com os pés a um mar no chão que banha a areia da tua cama e te refresca com uma lufada de ar fresco…
Esticas a perna esquerda. A direita, dobrada, apoia e abres-te ao mundo o mais possível.
Esticas o dedo grande do pé direito em direcção ao fundo da cama formando uma linha recta com o pé e a canela como se em pontas dançasses. O outro pé pelo contrário, está flectido e os dedos para trás, abertos, como as tuas duas pernas que arqueiam agora e elevam as nádegas ao tecto… onde tu já estás… perdida, leve e flutuante, em prazer… um grito abafado de quente…
Inspiras rápido, expiras fundo e forte. Contrais os músculos do abdómen e das nádegas, e prendes a respiração… mexes rápido os dedos em todas as direcções como um DJ num disco, abanas e gritas três vezes em impulsos para cima e para baixo como se empurrasses o tecto com as ancas…
Respiras e relaxas…
Será que os vizinhos te ouviram? - Que vergonha…
É manhã e vais tomar banho.
Mário L. Soares
(foto retirada de http://semadocante.blogs.sapo.pt/ - desconheço o autor)
Viajo até o ponto mais arrepiante da tua nuca
Percebo o endurecimento do seu corpo
Teus seios
Teus braços
Tua boca
Arrepios
Calafrios
Minha mão decorando teus poros
A ponto de contá-los
Um a um
Conheço o gosto de cada centímetro
Beijos
Cheiros
Misturas
Sinto tremores
Amores
Fisgadas
Calafrios
Minha mão decorando teus pelos
Conheço-os um a um
Cobertura delicada
Da meiga e rija vulva
Que sabe dizer o meu nome
Que me beija
Já não sei onde fica a sua boca
Língua
Mistura
Carnes em estado de fusão
Corpos em estado de tesão
Gozo
Gritos
Beijos
Mentiras
Promessas falsas
Traição
Silvio Helder Lencioni Senne
Sitios interessantes (ou não)
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Não asses mais carapaus fritos
PCP - Partido Comunista Português
PSD - Partido Social Democrata
Vida de um Português - grande brother!
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