São crianças aquelas
Que vês ao fundo
No caminho que velas
Na trilha do mundo
Brilham os olhos
Lágrimas de amor
E abraços aos molhos
Pedaços sem dor
É amor o que vendem
E sonhos escondidos
São as coisas que sentem
São os choros sentidos
E a alegria que aprendem
No coração garantidos
Mário L. Soares
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela Espanca
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