Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2009

Hoje é dia de festa!

 

 

Festejamos o ano que termina, o novo que começa, fechamos a porta ao passado resolvendo as questões pendentes, olhamos o futuro com optimismo e determinação na certeza que o amanhã será melhor do que hoje… MAS QUEM É QUE ANDAMOS A ENGANAR?

 

Antes do nascimento de Cristo um imperador romano acrescentou dois meses ao calendário que conhecemos hoje (no caso Janeiro e Fevereiro) por uma questão de superstição, já que antes disso o ano tinha apenas 304 dias. Assim, se não fosse este imperador, estaríamos a comemorar – absolutamente nada a não ser a passagem de um dia para outro.

 

A necessidade do ser humano de dividir o tempo em blocos estáticos e recordar datas específicas prende-se não só para a obvia organização do tempo, mas também e principalmente para conseguir terminar ciclos temporais significativos nas nossas vidas. Desta forma, conseguimos o “para o próximo ano tudo irá correr melhor”, ou “que o ano novo seja tudo o que este não foi”.

 

É a esperança no amanhã que necessitamos que nos obriga a dividir o tempo.

 

O tempo, esse é cada minuto. O tempo é cada segundo que passa, se queremos dividi-lo. Mas é um contínuo, é um ininterrupto continuar e correr de areia numa ampulheta. Não pára!

 

Vivê-lo como se fosse o último grão de areia é a nossa função. Festejar cada MINUTO NOVO! Cada SEGUNDO NOVO! Cada GRÃO DE AREIA NOVO!

 

Vamos dizer aos amigos e família – Feliz GRÃO DE AREIA! – Mas todos os minutos! Todos os segundos e todos os grãos!

 

E como dizia o Solnado: “Façam favor de ser felizes!”

 

Mário L. Soares

 

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Quarta-feira, 30 de Dezembro de 2009

Mar, mar e mar

 

 

Tu perguntas, e eu não sei,

eu também não sei o que é o mar.

 

É talvez uma lágrima caída dos meus olhos

ao reler uma carta, quando é de noite.

Os teus dentes, talvez os teus dentes,

miúdos, brancos dentes, sejam o mar,

um mar pequeno e frágil,

afável, diáfano,

no entanto sem música.

 

É evidente que a minha mãe me chama

quando uma onda e outra onda e outra

desfaz o seu corpo contra o meu corpo.

Então o mar é carícia,

luz molhada onde desperta meu coração recente.

 

Às vezes o mar é uma figura branca

cintilando entre os rochedos.

Não sei se fita a água

ou se procura

um beijo entre conchas transparentes.

 

Não, o mar não é nardo nem açucena.

É um adolescente morto

de lábios abertos aos lábios de espuma.

É sangue,

sangue onde a luz se esconde

para amar outra luz sobre as areias.

 

Um pedaço de lua insiste,

insiste e sobe lenta arrastando a noite.

Os cabelos da minha mãe desprendem-se,

espalham-se na água,

alisados por uma brisa

que nasce exactamente no meu coração

O mar volta a ser pequeno e meu,

anémona perfeita, abrindo nos meus dedos.

 

Eu também não sei o que é o mar.

Aguardo a madrugada, impaciente,

os pés descalços na areia.

 

Eugénio de Andrade

 

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Terça-feira, 29 de Dezembro de 2009

Obscura Castidade

 

 

Uma obscura e inquieta castidade

pôs uma flor para mim no jardim mais secreto

num horizonte  de graça e claridade

intangível e perto.

 

Promessa estática no luar

da densidade em mim corpórea,

não é a culpa, é a memória

da primeira manhã do pecado,

sem Eva e sem Adão.

Só o fruto provado

e a serpente enroscada

na minha solidão.

 

Natália Correia

 

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Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2009

O teu nome

 

 

Flor de acaso ou ave deslumbrante,

Palavra tremendo nas redes da poesia,

O teu nome, como o destino, chega,

O teu nome, meu amor, o teu nome nascendo

De todas as cores do dia!

 

Alexandre O’Neil

 

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Domingo, 27 de Dezembro de 2009

Natal

 

 

Natal. Na província neva.

Nos lares aconchegados

Um sentimento conserva

Os sentimentos passados.

 

Coração oposto ao mundo,

Como a família é verdade!

Meu pensamento é profundo,

Estou só, e sonho saudade.

 

E como é branca de graça

A paisagem que não sei,

Vista de trás da vidraça

Do lar que nunca terei.

 

Fernando Pessoa

 

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Sábado, 26 de Dezembro de 2009

Hora Nostálgica #26 - White Christmas

 

 

I'm dreaming of a white Christmas

Just like the ones I used to know

Where the treetops glisten,

and children listen

To hear sleigh bells in the snow

 

I'm dreaming of a white Christmas

With every Christmas card I write

May your days be merry and bright

And may all your Christmases be white

 

I'm dreaming of a white Christmas

With every Christmas card I write

May your days be merry and bright

And may all your Christmases be white

 

Bing Crosby

 

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Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2009

Chove e é dia de Natal

 

 

Chove. É dia de Natal.

Lá para o Norte é melhor:

Há a neve que faz mal,

E o frio que ainda é pior.

 

E toda a gente é contente

Porque é dia de o ficar.

Chove no Natal presente.

Antes isso que nevar.

 

Pois apesar de ser esse

O Natal da convenção,

Quando o corpo me arrefece

Tenho o frio e Natal não.

 

Deixo sentir a quem quadra

E o Natal a quem o fez,

Pois se escrevo ainda outra quadra

Fico gelado dos pés.

 

Fernando Pessoa

 

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Quinta-feira, 24 de Dezembro de 2009

Festas por todo lado

 

 

Nesta altura do ano, quer-se agradar a todos os mais queridos e presenteá-los com bonitas e caras prendas.

 

Sob o divino auspício do todo-poderoso Pai Natal, queremos comprar este mundo e o outro para poder chegar ao coração dos nossos familiares, colegas de trabalho e amigos. Sabemos quem nos vai dar presentes e obrigamo-nos a retribuir, de preferência com um presente de igual valor, para não parecer mal e para não ficar mal visto. Damos, pelo acto e facto de “ter de ser” sob pena de irmos para o inferno do pós vida e para o inferno da vida actual, que não é mais que a tal lista dos “desgraçados que não me deram nada pelo Natal”, ou aquela lista dos que “eu dei-lhe um presente tão bonito, e não recebi nada em troca…”.

 

O Natal é mais do que isso. É tempo de lembrar os mais queridos. É tempo de querer estar com essas pessoas. É tempo da palavra saudade e de amor. É altura de estarmos bem, sentirmos quente, comer e beber, contar histórias antigas, rir e cantar. Esse é espírito do Natal.

 

Natal é quando o Homem quer? Sim, mas mais do que isso, Natal é o que o Homem quiser. E isso significa que podemos fazer do nosso Natal um dia de compras, consumismo e materialização do capitalismo, ou, independentemente dessa premissa, podemos adicionar-lhe o nosso amor pelo próximo e transformá-lo num dia de alegria. Assim, dando amor, e sendo esse o nosso principal presente, podemos fazer dos Natais de todos os lares de todo o mundo, um centro de troca de energias positivas e de crescimento espiritual, intelectual, emocional e psíquico.

 

Troque uma história bonita com o seu pai, mãe, irmão, amigo ou quem quer que esteja consigo neste Natal. Dê ao próximo um sorriso e espere o mesmo de volta. Faça rir quem está à sua volta – é fácil – lembre-se de como era quando era criança… infantil? Sim, mas tão bom… Dê um beijo a quem ama. Assim, simplesmente – um beijo. Verá que outros olhos estarão à sua frente. Adicione um abraço quente e sincero. Embrulhe tudo com um carinho e palavras de amor ridículas… Um sucesso!

 

As prendas deviam ser assim. Mas, à falta de melhor, ofereça umas peúgas… fica sempre bem e é muito económico.

 

Beijos e abraços e desejos de um bom Natal.

Mário L. Soares

 

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Quarta-feira, 23 de Dezembro de 2009

Barca Bela

 

 

Pescador da barca bela,

Onde vais pescar com ela,

Que é tão bela,

Ó pescador?

 

Não vês que a última estrela

No céu nublado se vela?

Colhe a vela,

Ó pescador!

 

Deita o lanço com cautela,

Que a sereia canta bela...

Mas cautela,

Ó pescador!

 

Não se enrede a rede nela,

Que perdido é remo e vela

Só de vê-la,

Ó pescador!

 

Pescador da barca bela,

Inda é tempo, foge dela,

Foge dela,

Ó pescador!

 

Almeida Garrett

 

publicado por Lagash às 16:04
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Terça-feira, 22 de Dezembro de 2009

Quem disse que não temos talentos? #29 Seen your face

 

 

Wake up in the morning

And you're lying beside me

Knowing that you're feeling

The same way for me

All I wanna do is kiss

Your lips and say

Can't help this passion

That I'm feeling inside me

All I wanna hear you say is

That you're there with me

All I wanna do is kiss your

Lips and say

That I've seen

Your face,

 

Yesterday I met you I just can't

Forget you baby

Your embrace

If the wrong were the right

Then the battles that we fight

Would be worth it

You make me feel

You make me feel

... so good

 

Call me in the morning say you love wherever

Touch me in the night I want you 24/7

All I wanna do is

Get down with you and say

(you should) Kiss me and

Caress me cuz I really need

Hold me so near cuz

I'm startin' to miss you

All I wanna do is

Get down with you and say

 

That I've Seen Your face

Yesterday I met you I just can't

Forget you baby

Your embrace

If the wrong were the right

Then the battles that we fight

Would be wort it

You make me feel

You make me feel

... so good

 

 

What would I do?

If I couldn't be with you?

What would I say?

If I couldn't be with... My baby

 

Seen Your face (seen your face)

Yesterday I met you I just can't

Forget you baby

Your embrace

If the wrong were the right

Then the battles that we fight

Would be worth it

You make me feel

You make me feel

 

Like I've Seen Your face (seen your face)

Yesterday I met you I just can't

Forget you baby

Your embrace

If the wrong were the right

Then the battles that we fight

Would be worth it

You make me feel

You make me feel

... so good

 

Ana Free

(interpretado por Ana Free e Mia Rose)

 

publicado por Lagash às 16:10
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Segunda-feira, 21 de Dezembro de 2009

Hora Nostálgica #25 - Roxanne

 

 

Roxanne, you don't have to put on the red light

Those days are over

You don't have to sell your body to the night

Roxanne, you don't have to wear that dress tonight

Walk the streets for money

You don't care if it's wrong or if it's right

 

Roxanne, you don't have to put on the red light

Roxanne, you don't have to put on the red light

 

I loved you since I knew you

I wouldn't talk down to you

I have to tell you just how I feel

I won't share you with another boy

I know my mind is made up

So put away your make up

Told you once I won't tell you again it's a bad way

 

Roxanne, you don't have to put on the red light

Roxanne, you don't have to put on the red light

Roxanne,

Roxanne…

Put on the red light,

Put on the red light…

 

Police

 

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Domingo, 20 de Dezembro de 2009

Poema da sala “Dos Hermanas” em Alhambra

 

(sala "Dos Hermanas" em Alhambra, Granada - Espanha) 

 

 

«Jardín yo soy que la belleza adorna:

sabrá mi ser si mi hermosura miras.

Por Mohamed, mi rey, a par me pongo

de lo más noble que será y ha sido.

Obra sublime, la fortuna quiere que a todo momento sobrepase.

¡Cuanto recreo aquí para los ojos!

Sus anhelos el noble aquí renueva.

Las Pléyades les sirven de amuleto;

la brisa la defiende con su magia.

Sin par luce una cúpula brillante,

de hermosuras patente y escondidas.

Rendido de Géminis la mano;

viene con ella a conversar la Luna.

Incrustarse los astros allí quieren,

sin más girar en la celeste rueda,

y en ambos patios aguardar sumisos,

y servirle a porfia como esclavas:

No es maravilla que los astros yerren

y el señalado límite traspasen,

para servir a mi señor dispuestas,

que quien sirve al glorioso gloria alcanza.

El pórtico es tan bello, que el palacio

con la celeste bóveda compite.

Con tan bello tisú lo aderezaste,

que olvido pones del telar del Yemen.

¡Cuántos arcos se elevan en su cima,

sobre las columnas por la luz ornadas,

como esferas celestes que voltean

sobre el pilar luciente de la aurora!

Las columnas en todo son tan bellas,

que en lenguas, corredora, anda su fama:

lanza el mármol su clara luz, que invade

la negra esquina que tiznó la sombra;

irisan sus reflejos, y dirías

son, a pesar de su tamaño, perlas.

Jamás vimos jardín más floreciente,

de cosecha más dulce y más aroma.

Por permiso del juez de la hermosura

paga, doble, el impuesto en alcázar más excelso,

de contornos más claros y espaciosos.

Jamás dos monedas,

pues si, al alba, del céfiro en las manos

deja dracmas de luz, que bastarían,

tira luego en lo espeso, entre los troncos,

dobles de oro de sol, que lo engalanan.

(Le enlaza el parentesco a la victoria:

Sólo el Rey este linaje cede.)»

 

 

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Sábado, 19 de Dezembro de 2009

Barrow-on-furness V

 

 

 

Há quanto tempo, Portugal, há quanto 

Vivemos separados! Ah, mas a alma, 

Esta alma incerta, nunca forte ou calma, 

Não se distrai de ti, nem bem nem tanto. 

 

Sonho, histérico oculto, um vão recanto... 

O rio Furness, que é o que aqui banha, 

Só ironicamente me acompanha, 

Que estou parado e ele correndo tanto... 

 

Tanto? Sim, tanto relativamente... 

Arre, acabemos com as distinções,  

As subtilezas, o interstício, o entre, 

A metafísica das sensações — 

 

Acabemos com isto e tudo mais... 

Ah, que ânsia humana de ser rio ou cais!

 

Álvaro de Campos

 

publicado por Lagash às 16:07
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Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2009

Barrow-on-furness IV

 

 

IV 

 

Conclusão a sucata!... Fiz o cálculo, 

Saiu-me certo, fui elogiado... 

Meu coração é um enorme estrado 

Onde se expõe um pequeno animálculo 

 

A microscópio de desilusões 

Findei, prolixo nas minúcias fúteis... 

Minhas conclusões práticas, inúteis... 

Minhas conclusões teóricas, confusões... 

 

Que teorias há para quem sente 

O cérebro quebrar-se, como um dente 

Dum pente de mendigo que emigrou?  

 

Fecho o caderno dos apontamentos 

E faço riscos moles e cinzentos 

Nas costas do envelope do que sou... 

 

Álvaro de Campos

 

publicado por Lagash às 16:26
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Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2009

Barrow-on-furness III

 

 

III 

 

 

Corre, raio de rio, e leva ao mar

A minha indiferença subjectiva!

Qual "leva ao mar"! Tua presença esquiva

Que tem comigo e com o meu pensar?

 

Lesma de sorte! Vivo a cavalgar

A sombra de um jumento. A vida viva

Vive a dar nomes ao que não se activa,

Morre a pôr etiquetas ao grande ar...

 

Escancarado Furness, mais três dias

Te, aturarei, pobre engenheiro preso

A sucessibilíssimas vistorias...

 

Depois, ir-me-ei embora, eu e o desprezo

(E tu irás do mesmo modo que ias),

Qualquer, na gare, de cigarro aceso

 

Álvaro de Campos

 

publicado por Lagash às 16:16
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Declaração

Declaro que a responsabilidade de todos os textos / poesia / prosa publicados é minha no respeitante à transcrição dos mesmos. Faço todos os possíveis para contactar o(s) autor(es) dos trabalhos a fim de autorizarem a publicação, na impossibilidade de o fazer, caso assim o entenda o autor ou representante legal deverá contactar-me a fim de que o mesmo seja retirado - o que será feito assim que receba a informação. Os trabalhos assinados "Mário L. Soares" são de minha autoria e estão protegidos com a lei dos direitos de autor vigente. Quanto às fotografias, todas, cujo autor não esteja identificado, são de "autor desconhecido" - caso surja o respectivo autor de alguma, queira por favor contactar-me para proceder à sua identificação e se for caso disso retirada do blog. Às restantes fotografias aplicarei o mesmo princípio dos trabalhos escritos. Obrigado. Mário L. Soares - lagash.blog@sapo.pt

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