Domingo, 30 de Novembro de 2008

A Morte Chega Cedo

 

(Fernando Pessoa no Chiado em Lisboa) 

 

A morte chega cedo,

Pois breve é toda vida

O instante é o arremedo

De uma coisa perdida.

 

O amor foi começado,

O ideal não acabou,

E quem tenha alcançado

Não sabe o que alcançou.

 

E tudo isto a morte

Risca por não estar certo

No caderno da sorte

Que Deus deixou aberto.

 

Fernando Pessoa em “Cancioneiro”

 

publicado por Lagash às 16:20
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Morte de Fernando Pessoa

 

("Retrato de Fernando Pessoa" - Quadro de Almada Negreiros de 1954 pintado para o restaurante Irmãos Unidos) 

 

Às três horas e vinte minutos da tarde de 13 de Junho de 1888 nascia em Lisboa, capital portuguesa, Fernando Pessoa. O parto ocorreu no quarto andar esquerdo do nº 4 do Largo de São Carlos, em frente da ópera de Lisboa (Teatro de São Carlos). De famílias da pequena aristocracia, pelo lado paterno e materno, o seu pai era funcionário público do Ministério da Justiça e crítico musical do «Diário de Notícias», Joaquim de Seabra Pessoa (38), natural de Lisboa; e a sua mãe D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa (26), natural da Ilha Terceira (Açores). Viviam com eles a avó Dionísia, doente mental e duas criadas velhas, Joana e Emília.

 

 

(Fernando Pessoa em menino) 

 

É baptizado em 21 de Julho na Igreja dos Mártires, no Chiado. Os padrinhos são a sua Tia Anica (D. Ana Luísa Pinheiro Nogueira, sua tia materna) e o General Chaby. A razão por detrás do nome Fernando António encontra-se relacionada com Santo António: a sua família reclamava uma ligação genealógica com Fernando de Bulhões, nome de baptismo de Santo António, cujo dia tradicionalmente consagrado em Lisboa é 13 de Junho, dia em que Fernando Pessoa nasceu.

 

A sua infância e adolescência foram marcadas por factos que o influenciariam posteriormente. Às cinco horas da manhã de 24 de Julho de 1893, o seu pai morre com 43 anos vítima de tuberculose. A morte é reportada no Diário de Notícias do dia. Joaquim de Seabra Pessoa deixou-o com apenas cinco anos, a mãe e o seu irmão Jorge que viria a falecer no outro ano sem chegar a completar um ano. A mãe então vê-se obrigada a leiloar parte da mobília e mudam-se para uma casa mais modesta, o terceiro andar do n.º 104 da Rua de São Marçal. É também nesse período que surge o seu primeiro heterónimo, Chevalier de Pas, facto relatado pelo próprio Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, numa carta de 1935 em que fala extensamente sobre a origem dos heterónimos. Ainda no mesmo ano cria seu primeiro poema, um verso curto com a infantil epígrafe de À Minha Querida Mamã. Sua mãe casa-se pela segunda vez em 1895 por procuração, na Igreja de São Mamede em Lisboa, com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban (África do Sul), o qual havia conhecido um ano antes. Em África, Pessoa viria a demonstrar possuir desde cedo habilidades para a literatura.

 

 

(Fernando Pessoa aos 20 anos de idade) 

 

O padrasto e a mãe. Em razão do casamento, muda-se com a mãe e um tio-avô, Manuel Gualdino da Cunha, para Durban, onde passa a maior parte da sua juventude. Viajam no navio Funchal até à Madeira e depois no paquete Inglês Hawarden Castle até ao Cabo da Boa Esperança. Tendo que dividir a atenção da mãe com os filhos do casamento e com o padrasto, Pessoa isola-se, o que lhe propiciava momentos de reflexão. Em Durban recebe uma educação britânica, o que lhe proporciona um profundo contacto com a língua inglesa. Os seus primeiros textos e estudos são feitos em inglês. Mantém contato com a literatura inglesa através de autores como Shakespeare, Edgar Allan Poe, John Milton, Lord Byron, John Keats, Percy Shelley, Alfred Tennyson, entre outros. O inglês teve grande destaque na sua vida, trabalhando com o idioma quando, mais tarde, se torna correspondente comercial em Lisboa, além de utilizar o idioma em alguns dos seus textos e traduzir trabalhos de poetas ingleses, como O Corvo e Annabel Lee de Edgar Allan Poe. Com excepção de Mensagem, os únicos livros publicados em vida são os das colectâneas dos seus poemas ingleses: Antinous e 35 Sonnets e English Poems I - II e III, escritos entre 1918 e 1921.

 

Faz o curso primário na escola de freiras irlandesas da West Street, onde realiza a sua primeira comunhão e percorre em dois anos o equivalente a quatro. Em 1899 ingressa na Durban High School, onde permanecerá durante três anos e será um dos primeiros alunos da turma, no mesmo ano cria o pseudónimo Alexander Search, no qual envia cartas a si mesmo utilizando esse nome. No ano de 1901 é aprovado com distinção no seu primeiro exame da Cape Scholl High Examination, escreve os primeiros poemas em inglês. Na mesma época morre sua irmã Madalena Henriqueta, de dois anos. De férias, parte em 1901 com a família para Portugal. No navio em que viajam, o paquete König, vem o corpo da sua irmã falecida. Em Lisboa mora com a família em Pedrouços e depois na Avenida de D. Carlos I, n.º. 109, 3º. Esquerdo. Na capital portuguesa nasce João Maria, quarto filho do segundo casamento da mãe de Pessoa. Viaja com o padrasto, a mãe e os irmãos à Ilha Terceira, nos Açores, onde vive a família materna. Também partem para Tavira onde para visitar os parentes paternos. Nessa época escreve a poesia Quando ela passa.

 

 

(Fernando Pessoa) 

 

Fernando Pessoa permanece em Lisboa enquanto todos regressam para Durban: a mãe, o padrasto, os irmãos e a criada Paciência que viera com eles. Volta sozinho para a África no vapor Herzog. Na mesma época, tenta escrever romances em inglês e matricula-se na Commercial School. Lá estuda à noite enquanto de dia se ocupa com disciplinas humanísticas. Em 1903, candidata-se à Universidade do Cabo da Boa Esperança. Na prova de exame para a admissão, não obtém uma boa classificação, mas tira a melhor nota entre os 899 candidatos no ensaio de estilo inglês. Recebe por isso o Queen Victoria Memorial Prize («Prémio Rainha Vitória»). Um ano depois novamente ingressa na Durban High School onde frequenta o equivalente a um primeiro ano universitário. Aprofunda a sua cultura, lendo clássicos ingleses e latinos; escreve poesia e prosa em inglês e surgem os heterónimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher; nasce a sua irmã Maria Clara e publica o jornal do liceu um ensaio crítico intitulado Macaulay. Por fim, encerra os seus bem sucedidos estudos na África do Sul após realizar na Universidade o «Intermediate Examination in Arts», adquirindo bons resultados.

 

Deixando a família em Durban, regressou definitivamente à capital portuguesa, sozinho, em 1905. Passa a viver com a avó Dionísia e as duas tias na Rua da Bela Vista, 17. A mãe e o padrasto também retornam a Lisboa, durante um período de férias de um ano em que Pessoa volta a morar com eles. Continua a produção de poemas em inglês e em 1906 matricula-se no Curso Superior de Letras (actual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), que abandona sem sequer completar o primeiro ano. É nesta época que entra em contacto com importantes escritores de literatura da língua portuguesa. Interessa-se pela obra de Cesário Verde e pelos sermões do Padre Antônio Vieira.

 

 

(Fernando Pessoa, 1928, aos 40 anos - foto do seu bilhete de identidade) 

 

Em Agosto de 1907, morre a sua avó Dionísia, deixando-lhe uma pequena herança. Com esse dinheiro, monta uma pequena tipografia, que rapidamente faliu, na Rua da Conceição da Glória, 38-4.º, sob o nome de «Empresa Íbis — Tipografia Editora — Oficinas a Vapor». A partir de 1908, dedica-se à tradução de correspondência comercial, um trabalho que poderíamos chamar de "correspondente estrangeiro". Nessa profissão trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública.

 

Inicia a sua actividade de ensaísta e crítico literário com a publicação, em 1912, na revista «Águia», do artigo «A nova poesia portuguesa sociologicamente considerada», a que se seguiriam outros.

 

Pessoa é internado no dia 29 de Novembro de 1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, com diagnóstico de "cólica hepática" (provavelmente uma colangite aguda causada por cálculo biliar), falecendo de suas complicações, possivelmente associada a uma cirrose hepática provocada pelo óbvio excesso de álcool ao longo da sua vida (a título de curiosidade acredita-se que era muito fiel à aguardente "Águia Real"). No dia 30 de Novembro morre aos 47 anos.

 

 

(Fernando Pessoa - a sua última foto tirada por Augusto Ferreira Gomes) 

 

Nos últimos momentos da sua vida pede os óculos e clama pelos seus heterónimos. A sua última frase é escrita no idioma no qual foi educado, o inglês: I know not what tomorrow will bring ("Eu não sei o que o amanhã trará").

 

Fonte: Wikipédia

 

Caro Fernando,

 

Parece que te conheço,

Sei que me ouves – não te esqueço.

Mando-te um abraço do lado de cá.

E digo-te - também não sei o que o amanhã trará!

 

Mário L. Soares

 

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Sábado, 29 de Novembro de 2008

Estou Cansado

(foto retirada da internet - desconheço o autor) 

 

Estou cansado, é claro, 

Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado. 

De que estou cansado, não sei: 

De nada me serviria sabê-lo, 

Pois o cansaço fica na mesma. 

A ferida dói como dói 

E não em função da causa que a produziu. 

Sim, estou cansado, 

E um pouco sorridente 

De o cansaço ser só isto — 

Uma vontade de sono no corpo, 

Um desejo de não pensar na alma, 

E por cima de tudo uma transparência lúcida 

Do entendimento retrospectivo... 

E a luxúria única de não ter já esperanças? 

Sou inteligente; eis tudo. 

Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto, 

E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá, 

Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.

 

Álvaro de Campos

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Morte de Alves Redol

 

(Alves Redol) 

 

António Alves Redol nasceu em Vila Franca de Xira a 29 de Dezembro de 1911 e morreu em Lisboa no dia 29 de Novembro de 1969, com 57 anos.

 

É considerado como um dos expoentes máximos do neo-realismo português.

 

Cedo começou a trabalhar dada a natureza modesta da sua família. Parte para Angola, aos 16 anos, procurando melhores condições de vida, regressando a Portugal três anos depois. Junta-se ao Movimento de Unidade Democrática (MUD), que se opunha ao regime do Estado Novo, e filia-se no Partido Comunista, escrevendo artigos no jornal O Diabo.

 

Introduziu o neo-realismo em Portugal com o romance Gaibéus (1939), nome dado aos camponeses da Beira que iam fazer a ceifa do arroz ao Ribatejo, em meados do século XX. Daí em diante sua obra revela uma grande preocupação social, velada ainda assim, dada a censura e à perseguição política movida pelo regime de Salazar aos oposicionistas, e mormente aos simpatizantes do PCP, como era o caso. Chegou mesmo a sofrer prisão política tendo sido torturado.

 

Seu último romance, Barranco de Cegos, de 1962, é considerado sua obra-prima e afirma sua nova fase, em que a intervenção política e social é posta em segundo plano, dando lugar a um centramento nas personagens e na sua evolução psicológica, de cariz existencial.

 

Fonte: Wikipédia

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Sexta-feira, 28 de Novembro de 2008

Canção Simples

 

 

 

Há qualquer coisa de leve na tua mão,

Qualquer coisa que aquece o coração.

Há qualquer coisa quente quando estás,

Qualquer coisa que prende e nos desfaz.

E...

 

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais que o sol.

 

A forma dos teus braços sobre os meus,

O tempo dos meus olhos sobre os teus.

Desço nos teus ombros pra provar

Tudo o que pediste pra levar.

E...

 

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais...

 

Tens os raios fortes a queimar

Todo o gelo frio que construí.

Entras no meu sangue devagar

E eu a transbordar dentro de ti.

 

Tens os raios brancos como um rio,

Sou quem sai do escuro pra te ver,

Tens os raios puros no luar,

Sou quem grita fundo pra te ter.

E...

 

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais...

 

Quero ver as cores que tu vês

Pra saber a dança que tu és.

Quero ser do vento que te faz,

Quero ser do espaço onde estás.

 

Deixa ser tão leve a tua mão,

Para ser tão simples a canção.

Deixa ser das flores o respirar

Para ser mais fácil te encontrar.

 

E...

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais...

 

Vem quebrar o medo, vem

Saber se há depois

E sentir que somos dois,

Mas que juntos somos mais.

 

Quero ser razão pra seres maior.

Quero te oferecer o meu melhor.

Quero ser razão pra seres maior.

Quero te oferecer o meu melhor.

 

E...

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais que o sol.

Fazes muito mais que o sol.

 

Tiago Bettencourt & Mantha 

publicado por Lagash às 16:29
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Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008

One evening

 

 

 

The evening was long, my guesses were true

You saw me see you

That something you said, the timing was right

The pleasure was mine

 

The time and the place, the look on your face

Sincerest of eyes

 

If you're ready or not, the state of our hearts

There's no time to take

 

When we started both brokenhearted

Not believing

It could begin and end in one evening

 

We were caught by the light

Held on to the day till it became ours

The minutes went by, the cab is outside

There's no time to take

 

When we parted, moving on

And believing it could begin and end in one evening

 

When we started both brokenhearted

Not believing it could begin and end in one evening

When we parted, moving on

And believing it could begin and end in one evening

 

Feist 

publicado por Lagash às 16:04
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Quarta-feira, 26 de Novembro de 2008

Noblesse Oblige

 

(pintura de Michelangelo no tecto da Capela Sistina no Palácio Apostólico na Cidade do Vaticano) 

 

Acredito que todo o Homem, na sua essência, no seu âmago tem o bom, o bem e a bondade. Ninguém no seu perfeito juízo poderá, ou sem outros mottos terá a necessidade ou a vontade de fazer mal. O Homem não é assim!

 

Foi criado à imagem de Deus – e essa premissa é essencial para a coerência desta exortação – sem crer nela não fará sentido tudo o resto. Não é que o Homem seja divino, mas sim que tem os traços gerais do divino… no seu mais profundo ser, os seus princípios são nobres – e de uma nobreza máxima e sem igual.

 

É o Homem portanto o ser que tem no mundo o rosto de Deus. Sente (ou deverá sentir) essa responsabilidade. Com o cargo vem o trabalho. Com o poder vem a responsabilidade. Com a vida vem a morte. Com a humanidade vem o ser (entenda-se verbo ser) humano. Com a nobreza vem a obrigação.

 

Noblesse oblige

 

Mário L. Soares

publicado por Lagash às 16:18
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Terça-feira, 25 de Novembro de 2008

Juízo Final

 

(foto de Daniela Morgado) 

 

Ó temporal que te acercas de nós,

Levarás o pecado do mundo!

Lavarás a mentira a fundo…

Chegarás e veremos que não estamos sós!

 

Não te quisemos dar devido valor,

E sombreamos o trigal que agora morre,

De nada vale a vida e o sangue corre…

Correrá a lágrima que foi alegria e será dor…

 

Daremos a vida pelo amor,

Somos Sodoma e não há dez justos!

Nada fará reduzir os nossos custos…

Choverá do céu, amarelo, a sua cor.

 

Morreremos prostrados no chão em cobarde clemência!

Será tarde demais para pedir perdão…

Será o dia do juízo – o armagedão!

Não haverá perdão, nem nos vale alegar demência…

 

Desaparecidos, será o silêncio…

Os animais, esses, felizes viverão,

E o mundo será verde de natureza e solidão…

Morta a palavra, morta a mão, morto o coração…

 

Morre muito que temos de bom

Na cidade e no campo,

 

Nos oceanos e na terra, 

Nos rios e no mar,

Na planície e na serra, 

Mas morre assim… também toda a m...!

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:23
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Nascimento de Eça de Queiroz

 

(Eça de Queiroz) 

 

José Maria de Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim em 25 de Novembro de 1845 e morreu em Paris no dia 16 de Agosto de 1900, com 54 anos.

 

É por muitos considerado o melhor escritor realista português do século XIX.

 

Eça de Queirós foi batizado como "filho natural de José Maria d'Almeida de Teixeira de Queiroz e de Mãe incógnita".

 

Este misterioso assento dever-se-á ao facto de a mãe do escritor, Carolina Augusta Pereira de Eça, não ter obtido consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça, para poder casar.

 

De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se opunha, casaram os pais de Eça de Queirós, já o menino tinha quase quatro anos. Por via destas contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em Aradas, Aveiro, a casa da sua avó paterna que em 1855 morreu.

 

Nesta altura foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861, com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra onde estudou direito.

 

Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Seus primeiros trabalhos, publicados como um folhetão na revista "Gazeta de Portugal", apareceram como colecção, publicada depois da sua morte sob o título Prosas Bárbaras.

 

Em 1869 e 1870, Eça de Queirós viajou ao Egipto e visitou o canal do Suez que estava a ser construído, que o inspirou em diversos dos seus trabalhos, o mais notável dos quais o “O mistério da estrada de Sintra”, em 1870, e “A relíquia”, publicado em 1887. Em 1871 foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.

 

Quando foi despachado mais tarde para Leiria para trabalhar como um administrador municipal, escreveu sua primeira novela realista da vida portuguesa, O Crime do Padre Amaro, que apareceu em 1875.

 

Aparentemente, Eça de Queirós passou os anos mais produtivos de sua vida em Inglaterra, como cônsul de Portugal em Newcastle e em Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, A Capital, escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Suas obras mais conhecidas, Os Maias e O Mandarim, foram escritas em Bristol e Paris respectivamente.

 

Seu último livro foi A Ilustre Casa de Ramires, sobre um fidalgo do séc XIX com problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara ambientada no século XII, escrita por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.

 

 

("A Ilustre Casa de Ramires" - ilustração de 1897 - Paris) 

 

Morreu em 1900 em Paris. Está sepultado em Santa Cruz do Douro.

 

Seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente 20 línguas.

 

Foi também o autor da Correspondência de Fradique Mendes e A Capital, obra cuja elaboração foi concluída pelo filho e publicada, postumamente, em 1925. Fradique Mendes, aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no Mistério da Estrada de Sintra.

 

Fonte: Wikipédia (com algumas alterações da minha autoria)

publicado por Lagash às 10:11
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Segunda-feira, 24 de Novembro de 2008

Forever Young

 

 

 

Let's dance in style, let's dance for a while

Heaven can wait we're only watching the skies

Hoping for the best but expecting the worst

Are you gonna drop the bomb or not?

 

Let us die young or let us live forever

We don't have the power but we never say never

Sitting in a sandpit, life is a short trip

The music's for the sad man

 

Can you imagine when this race is won

Turn our golden faces into the sun

Praising our leaders we're getting in tune

The music's played by the, the madman

 

Forever young, I want to be forever young

Do you really want to live forever?

Forever, or never

 

Forever young, I want to be forever young

Do you really want to live forever?

Forever young

 

Some are like water, some are like the heat

Some are a melody and some are the beat

Sooner or later they all will be gone

Why don't they stay young?

 

It's so hard to get old without a cause

I don't want to perish like a fading rose

Youth like diamonds in the sun

And diamonds are forever

 

So many adventures couldn't happen today

So many songs we forgot to play

So many dreams are swinging out of the blue

We let 'em come true

 

Forever young, I want to be forever young

Do you really want to live forever?

Forever, or never

 

Forever young, I want to be forever young

Do you really want to live forever?

Forever, or never

 

Forever young, I wanna be forever young

Do you really want to live forever?

 

Alphaville 

publicado por Lagash às 16:12
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Nascimento de Ramalho Ortigão

 

(Ramalho Ortigão) 

 

José Duarte Ramalho Ortigão, nasceu no Porto, a 24 de Novembro de 1836 e morreu em Lisboa em 27 de Setembro de 1915, com 78 anos.

 

Nasceu na Casa de Germalde na freguesia de Santo Ildefonso. Era o mais velho de nove irmãos, filhos do primeiro-tenente de artilharia Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de D. Antónia Alves Duarte Silva Ramalho Ortigão.

Viveu a sua infância numa quinta do Porto com a avó materna, com a educação a cargo de um tio-avô e padrinho Frei José do Sacramento. Em Coimbra, frequentou brevemente o curso de Direito, começando a trabalhar como professor de francês no colégio da Lapa, no Porto, de que seu pai era director, e onde ensinou, entre outros, Eça de Queirós e Ricardo Jorge. Por essa altura, iniciou-se no jornalismo colaborando no Jornal do Porto.

 

Em 24 de Outubro de 1859 casou com D. Emília Isaura Vilaça de Araújo Vieira, de quem veio a ter três filhos: Vasco, Berta e Maria Feliciana.

 

Ainda no Porto, envolveu-se na Questão Coimbrã com o folheto "Literatura de hoje", acabando por enfrentar Antero de Quental num duelo de espadas, a quem apodou de cobarde por ter insultado o velho António Feliciano de Castilho. Ramalho ficou fisicamente ferido no duelo travado, em 6 de Fevereiro de 1866, no Jardim de Arca d'Água.

 

No ano seguinte, em 1867, visita a Exposição Universal em Paris, de que resulta o livro Em Paris, primeiro de uma série de livros de viagens. Insatisfeito com a sua situação no Porto, muda-se para Lisboa com a família, agarrando uma vaga para oficial da Academia das Ciências de Lisboa.

 

Reencontra em Lisboa o seu ex-aluno Eça de Queirós e com ele escreve um "romance execrável" (classificação dos autores no prefácio de 1884): O mistério da estrada de Sintra (1870). No mesmo ano, Ramalho Ortigão publica ainda Histórias cor-de-rosa e inicia a publicação de Correio de Hoje (1870-71). Em parceria com Eça de Queirós, surgem em 1871 os primeiros folhetos de As Farpas, de que vem a resultar a compilação em dois volumes sob o título Uma Campanha Alegre. Em finais de 1872, o seu amigo Eça de Queirós parte para Havana exercer o seu primeiro cargo consular no estrangeiro, continuando Ramalho Ortigão a redigir sozinho As Farpas.

 

Entretanto, Ramalho Ortigão tornara-se uma das principais figuras da chamada Geração de 70. Vai acontecer com ele o que aconteceu com quase todos os membros dessa geração. Numa primeira fase, pretendiam aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, cosmopolitas e anticlericais. Desiludidos com as Luzes europeias do progresso material, porém, numa segunda fase voltaram-se para as raízes de Portugal e para o programa de um "reaportuguesamento de Portugal". É dessa segunda fase a constituição do grupo "Os Vencidos da Vida", do qual fizeram parte, além de Ramalho Ortigão, o Conde de Sabugosa, o Conde de Ficalho, Marquês de Soveral, Conde de Arnoso, Antero de Quental, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Carlos Lobo de Ávila, Carlos de Lima Mayer e António Cândido. À intelectualidade proeminente da época juntava-se agora a nobreza, num último esforço para restaurar o prestígio da Monarquia, tendo o Rei D. Carlos I sido significativamente eleito por unanimidade "confrade suplente do grupo".

 

 

(Caricatura de Ramalho Ortigão por Raphael Bordalo Pinheiro em 1880) 

 

Na sequência do assassínio do Rei, em 1908, escreve D. Carlos o Martirizado. Com a implantação da República, em 1910, pede imediatamente a Teófilo Braga a demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda, escrevendo-lhe que se recusava a aderir à República "engrossando assim o abjecto número de percevejos que de um buraco estou vendo nojosamente cobrir o leito da governação". Saiu em seguida para um exílio voluntário em Paris, onde vai começar a escrever as Últimas Farpas (1911-1914) contra o regime republicano. O conjunto de As Farpas, mais tarde reunidas em quinze volumes, a que há que acrescentar os dois volumes das Farpas Esquecidas, e o referido volume das Últimas Farpas, foi a obra que mais o notabilizou por estar escrita num português muito rico, com intuitos pedagógicos, sempre muito crítico e revelando fina capacidade de observação. Eça de Queirós escreveu que Ramalho Ortigão, em As Farpas, "estudou e pintou o seu país na alma e no corpo".

 

Regressa a Portugal em 1912 e, em 1914 dirige a célebre Carta de um velho a um novo, a João do Amaral, onde saúda o lançamento do movimento de ideias políticas denominado Integralismo Lusitano:

 

"A orientação mental da mocidade contemporânea comparada à orientação dos rapazes do meu tempo estabelece entre as nossas respectivas cerebrações uma diferença de nível que desloca o eixo do respeito na sociedade em que vivemos obrigando a elite dos velhos a inclinar-se rendidamente à elite dos novos"

 

Vítima de um cancro, recolheu-se na casa de saúde do Dr. Henrique de Barros, na então Praça do Rio de Janeiro, em Lisboa, vindo a falecer em 27 de Setembro de 1915, na sua casa da Calçada dos Caetanos, Freguesia da Lapa.

 

Foi Comendador da Ordem de Cristo e Comendador da Ordem da Rosa, no Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi Secretário e Oficial da Academia Nacional de Ciências, Vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, Membro da Sociedade Portuguesa de Geografia, da Academia das Belas-Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica, membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica de Madrid, da Real Academia de Belas Artes de S. Fernando, da Union Ibero-Americana, e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras.

 

Fonte: Wikipédia (com algumas alterações de minha autoria)

publicado por Lagash às 10:29
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Nascimento de Rómulo de Carvalho

 

(Rómulo de Carvalho - desconheço o autor da foto) 

 

Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, nasceu a 24 de Novembro de 1906 em Lisboa e morreu a 19 de Fevereiro de 1997, com 90 anos de idade.

 

António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho foi poeta, professor e historiador da ciência portuguesa. Concluiu, no Porto, o curso de Ciências Físico-Químicas, exercendo depois a actividade de docente.

 

Teve um papel importante na divulgação de temas científicos, colaborando em revistas da especialidade e organizando obras no campo da história das ciências e das instituições, como A Actividade Pedagógica da Academia das Ciências de Lisboa nos Séculos XVIII e XIX. Publicou ainda outros estudos, como História da Fundação do Colégio Real dos Nobres de Lisboa (1959), O Sentido Científico em Bocage (1965) e Relações entre Portugal e a Rússia no Século XVIII (1979).

 

Revelou-se como poeta apenas em 1956, com a obra Movimento Perpétuo. A esta viriam juntar-se outras obras, como Teatro do Mundo (1958), Máquina de Fogo (1961), Poema para Galileu (1964), Linhas de Força (1967) e ainda Poemas Póstumos (1983) e Novos Poemas Póstumos (1990). Na sua poesia, reunida também em Poesias Completas (1964), as fontes de inspiração são heterogéneas e equilibradas de modo original pelo homem que, com um rigor científico, nos comunica o sofrimento alheio, ou a constatação da solidão humana, muitas vezes com surpreendente ironia. Alguns dos seus textos poéticos foram aproveitados para músicas de intervenção.

 

Em 1963 publicou a peça de teatro RTX 78/24 (1963) e dez anos depois a sua primeira obra de ficção, A Poltrona e Outras Novelas (1973). Na data do seu nonagésimo aniversário, António Gedeão foi alvo de uma homenagem nacional, tendo sido condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada.

 

Fonte: Luso-poemas.net

 

publicado por Lagash às 10:19
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Homem

 

(foto retirada da internet - desconheço o autor) 

 

Inútil definir este animal aflito.

Nem palavras,

nem cinzéis,

nem acordes,

nem pincéis,

são gargantas deste grito.

Universo em expansão.

Pincelada de zarcão

Desde mais infinito a menos infinito.

 

António Gedeão em Poemas Escolhidos

 

publicado por Lagash às 10:05
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Domingo, 23 de Novembro de 2008

Ninho

 

(pintura de Gustave Coubert - A origem do mundo - 1866)

 

Dá-me o teu ninho,

Deixa-me aninhar um bocadinho,

Sentir o cheirinho

Beber do teu vinho.

 

Quero na portagem passar,

E no abrigo, em ti, entrar,

Com prazer, tua pele, quero suar,

E da tua carne saborear.

 

Leva este teu amigo,

Para a cama contigo,

Que de ti é tão parecido,

Abraça o amor comigo.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:17
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Nascimento de Dom Francisco Manuel de Melo

  

(Dom Francisco Manuel de Melo) 

 

D. Francisco Manuel de Melo nasceu em Lisboa a 23 de Novembro de 1608 e morreu  a 24 de Agosto de 1666. Tinha 57 anos.

 

Foi um escritor, político e militar português, ainda que pertença, de igual modo, à história literária, política e militar da Espanha.

 

Historiador, pedagogo, moralista, autor teatral, epistológrafo e poeta, foi representante máximo da literatura barroca peninsular. Dedicou-se à poesia, ao teatro, à história e à epistolografia. Tendo publicado cerca de duas dezenas de obras durante a sua vida, foi ainda autor de outras, publicadas postumamente.

 

Aliou ao estilo e temática barroca (a instabilidade do mundo e da fortuna, numa visão religiosa) o seu cosmopolitismo e espírito galante, próprio da aristocracia de onde provinha.

 

Entre suas obras mais importantes, pode-se destacar o texto moralista da “Carta de Guia de Casados” ou a peça de teatro “Fidalgo Aprendiz”(que é uma "Farsa", como foi descrita pelo seu autor desde o início e não um "Auto" como tem vindo a ser designada por edições recentes).

 

Fonte: Wikipédia

 

publicado por Lagash às 10:27
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Declaração

Declaro que a responsabilidade de todos os textos / poesia / prosa publicados é minha no respeitante à transcrição dos mesmos. Faço todos os possíveis para contactar o(s) autor(es) dos trabalhos a fim de autorizarem a publicação, na impossibilidade de o fazer, caso assim o entenda o autor ou representante legal deverá contactar-me a fim de que o mesmo seja retirado - o que será feito assim que receba a informação. Os trabalhos assinados "Mário L. Soares" são de minha autoria e estão protegidos com a lei dos direitos de autor vigente. Quanto às fotografias, todas, cujo autor não esteja identificado, são de "autor desconhecido" - caso surja o respectivo autor de alguma, queira por favor contactar-me para proceder à sua identificação e se for caso disso retirada do blog. Às restantes fotografias aplicarei o mesmo princípio dos trabalhos escritos. Obrigado. Mário L. Soares - lagash.blog@sapo.pt

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