Terça-feira, 29 de Abril de 2008

Bate coração

 

 

Não sei se um coração basta

Para que bata sozinho,

 

 

Não sei se o amor

Leva a água ao moinho,

 

 

Não sei se o beijo

Apazigua paixões.

 

 

Nem se é isso

Que altera emoções.

 

 

Sei apenas que és quem vai voltar.

És tu o meu amar.

 

 

Mário L. Soares

publicado por Lagash às 13:10
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Segunda-feira, 28 de Abril de 2008

Onde penduro o chapéu

 

 

 

 

 

Passei por muitos arvoredos,

Pinhais, montes, cidades e vilas,

Colinas, lagos, prédios e ruínas,

Beleza sem fim e horríveis penedos

 

Andei por planícies e montanhas,

Caminhei por vales e estreitos,

Toquei casas e apartamentos,

Imensas vivendas estranhas

 

Vivi em barracas e mansões,

Comi do pior, também do melhor,

Topónimos todos, não sei de cor,

Vi lugares de luz e escuridões

 

Seja a sarjeta ou um céu

Seja na praia ou na serra

Na verdade a minha terra

É onde penduro o chapéu

 

Mário L. Soares (Poema a concurso em "Poemas da minha terra - Poesia em rede")

publicado por Lagash às 14:52
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Portugalidade

Pelo Norte com Chaves abri,

Lugares vivos e boas gentes

De tempo frio e Homens quentes

A outra invicta havia ali.

 

Para sul, vendo, olhando, rumei,

Bebi vinho, iguarias comi,

Paisagens lindas e praias eu vi,

Belas montanhas de neve amei.

 

De saber, cheguei à cidade

De doutos e outros senhores

Bom português, fado e amores

Encantos de vida na verdade.

 

Sete colinas são as tuas,

És grande, pelo Tejo banhada

Bela, és por todos amada

Na luz que ilumina as ruas.

 

Planícies de perder o fim,

Chaparros, searas de trigo,

Gaiatos a brincar no milho,

É o quadro mais belo p’ra mim.

 

Algarve de sol e do mar azul

Dos ingleses e laranja doce

É agora, como se fosse

O nosso outro reino ao sul

 

Na verdade não há ideal,

A minha terra é Portugal!

 

 

 

 

 

 

 Mário L. Soares (Poema a concurso em "Poemas da minha terra - Poesia em rede")

publicado por Lagash às 14:44
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Canção para o Alentejo



Alentejo, Alentejo,
Vastidão de Portugal
Futuro, continental!
Terra lavrada, que vejo
A ser mar mas sem ter sal.

Ondas de trigo maduro
Onde mais ninguém se afoga:
Danças alegres da roga
Que vindima no meu Doiro
E vem colher o pão loiro
Da inteira fraternidade
Que falta a esta metade
De coração largo e moiro...

Miguel Torga

publicado por Lagash às 14:07
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Sábado, 26 de Abril de 2008

Queixa das almas jovens censuradas

Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

 
 
Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

 
 
 
Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência

 
 
Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

 
 
Penteiam-nos os crânios ermos
com as cabeleiras dos avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós

 
 
 
Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo

 
 
 
Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

 
 
Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco

 
 
Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

 
 
Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

 
 
Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

 
 
Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte.
 
 
 

Natália Correia
publicado por Lagash às 12:25
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Sexta-feira, 25 de Abril de 2008

Parabéns aos capitães!

Há alguns anos atrás,

Estava eu com alguns meses,

Na minha consulta de rotina,

Passava-se em Portugal,

Sem eu, pequenino, perceber,

Algo que mudaria a minha vida,

A vida de qualquer Português.

 

Diga as más linguas o que quiserem...

Sem a revolução, estes país estava na m...!

 

Parabéns aos capitães...

 

"...Foi um sonho mau que já passou..."

 

Gozem o Abril... porque quem sabe se "houve aqui alguém que se enganou..."

 

Abraços

Mário L. Soares (citações Zé Mário Branco)

 

 

publicado por Lagash às 16:37
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As portas que Abril abriu!

 

  

Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.

Onde entre vinhas   sobredos
vales   socalcos   searas
serras   atalhos   veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

 

 

 

 


Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelos dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.

Ali nas vinhas   sobredos
vales   socalcos   searas
serras   atalhos   veredas
lezírias e praias claras
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra.

Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos.
Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado
homem novo   capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.



Esses que tinham lutado
a defender um irmão
esses que tinham passado
o horror da solidão
esses que tinham jurado
sobre uma côdea de pão
ver o povo libertado
do terror da opressão.

Não tinham armas é certo
mas tinham toda a razão
quando um homem morre perto
tem de haver distanciação

uma pistola guardada
nas dobras da sua opção
uma bala disparada
contra a sua própria mão
e uma força perseguida
que na escolha do mais forte
faz com que a força da vida
seja maior do que a morte.

Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

Posta a semente do cravo
começou a floração
do capitão ao soldado
do soldado ao capitão.



Foi então que o povo armado
percebeu qual a razão
porque o povo despojado
lhe punha as armas na mão.
Pois também ele   humilhado
em sua própria grandeza
era soldado forçado
contra a pátria portuguesa.

Era preso e exilado
e no seu próprio país
muitas vezes estrangulado
pelos generais senis.

Capitão que não comanda
não pode ficar calado
é o povo que lhe manda
ser capitão revoltado
é o povo que lhe diz
que não ceda e não hesite
-   pode nascer um país
do ventre duma chaimite.

Porque a força bem empregue
contra a posição contrária
nunca oprime nem persegue
-   é força revolucionária!

Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.

Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena.



E então por vinhas   sobredos
vales   socalcos   searas
serras   atalhos   veredas
lezírias e praias claras
desceram homens sem medo
marujos soldados   "páras"
que não queriam o degredo
dum povo que se separa.
E chegaram à cidade
onde os monstros se acoitavam
era a hora da verdade
para as hienas que mandavam
a hora da claridade
para os sóis que despontavam
e a hora da vontade
para os homens que lutavam.

Em idas   vindas   esperas
encontros   esquinas   e praças
não se pouparam as feras
arrancaram-se as mordaças
e o povo saiu à rua
com sete pedras na mão
e uma pedra de lua
no lugar do coração.

Dizia soldado   amigo
meu camarada e irmão
este povo está contigo
nascemos do mesmo chão
trazemos a mesma chama
temos a mesma ração
dormimos na mesma cama
comendo do mesmo pão.
Camarada e meu amigo
soldadinho ou capitão
este povo está contigo
a malta dá-te razão.



Foi esta força sem tiros
de antes quebrar que torcer
esta ausência de suspiros
esta fúria de viver
este mar de vozes livres
sempre a crescer   a crescer
que das espingardas fez livros
para aprendermos a ler
que dos canhões fez enchadas
para lavrarmos a terra
e das balas disparadas
apenas o fim da guerra.

Foi esta força viril
de antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril
fez Portugal renascer.

E em Lisboa   capital
dos novos mestres de Aviz
o povo de Portugal
deu o poder a quem quis.

Mesmo que tenha passado
às vezes por mãos estranhas
o poder que ali foi dado
saiu das nossas entranhas.
Saiu das vinhas   sobredos
vales   socalcos   searas
serras   atalhos   veredas
lezírias e praias claras
onde um povo se curvava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe.
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu.

Essas portas que em Caxias
se escancararam de vez
essas janelas vazias
que se encheram outra vez
e essas celas tão frias
tão cheias de sordidez
que espreitavam como espias
todo o povo português.

Agora que já floriu
a esperança na nossa terra
as portas que Abril abriu
nunca mais ninguém as cerra.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu   vermelho
o cravo do mês de Junho.

Quando o povo desfilou
nas ruas em procissão
de novo se processou
a própria revolução.

Mas eram olhos as balas
abraços punhais e lanças
enamoradas as alas
dos soldados e crianças.

E o grito que foi ouvido
tantas vezes repetido
dizia que o povo unido
jamais seria vencido.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu   vermelho
o cravo do mês de Junho.

E então operários   mineiros
pescadores e ganhões
marçanos e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias   pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos   carteiros
e outras muitas profissões
souberam que o seu dinheiro
era presa dos patrões.
A seu lado também estavam
jornalistas que escreviam
actores que se desdobravam
cientistas que aprendiam
poetas que estrebuchavam
cantores que não se vendiam
mas enquanto estes lutavam
é certo que não sentiam
a fome com que apertavam
os cintos dos que os ouviam.

Porém cantar é ternura
escrever constrói liberdade
e não há coisa mais pura
do que dizer a verdade.

E uns e outros irmanados
na mesma luta de ideais
ambos sectores explorados
ficaram partes iguais.

Entanto não descansavam
entre pragas e perjúrios
agulhas que se espetavam
silêncios   boatos   murmúrios
risinhos que se calavam
palácios contra tugúrios
fortunas que levantavam
promessas de maus augúrios
os que em vida se enterravam
por serem falsos e espúrios
maiorais da minoria
que diziam silenciosa
e que em silêncio fazia
a coisa mais horrorosa:
minar como um sinapismo
e com ordenados régios
o alvor do socialismo
e o fim dos privilégios.

Foi então   se bem vos lembro
que sucedeu a vindima
quando pisámos Setembro
a verdade veio acima.

E foi um mosto tão forte
que sabia tanto a Abril
que nem o medo da morte
nos fez voltar ao redil.

Ali ficámos ao pé
juntos   soldados e povo
para mostrarmos como é
que se faz um país novo.

Ali dissemos   não passa!
E a reacção não passou.
Quem já viveu a desgraça
odeia a quem desgraçou.

Foi a força do Outono
mais forte que a Primavera
que trouxe os homens sem dono
de que o povo estava à espera.

Foi a força dos mineiros
pescadores e ganhões
operários e carpinteiros
empregados de balcões
mulheres a dias   pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos   carteiros
e outras muitas profissões
que deu o poder cimeiro
a quem não queria patrões.

Desde esse dia em que todos
nós repartimos o pão
é que acabaram os bodos
-   cumpriu-se a revolução.

Porém em quintas   vivendas
palácios e palacetes
os generais com prebendas
caciques e cacetetes
os que montavam cavalos
para caçarem veados
os que davam dois estalos
na cara dos empregados
os que tinham bons amigos
no consórcio dos sabões
e coçavam os umbigos
como quem coça os galões
os generais subalternos
que aceitavam os patrões
os generais inimigos
os generais garanhões
teciam teias de aranha
e eram mais camaleões
que a lombriga que se amanha
com os próprios cagalhões.
Com generais desta apanha
já não há revoluções.

Por isso   o onze de Março
foi um baile de Tartufos
uma alternância de terços
entre ricaços e bufos.

E tivemos de pagar
com o sangue de um soldado
o preço de já não estar
Portugal suicidado.

Fugiram como cobardes
e para terras de Espanha
os que faziam alardes
dos combates em campanha.
E aqui ficaram de pé
capitães de pedra e cal
os homens que na Guiné
aprenderam Portugal.

Os tais homens que sentiram
que um animal racional
opõe àqueles que o firam
consciência nacional.

Os tais homens que souberam
fazer a revolução
porque na guerra entenderam
o que era a libertação.

Os que viram claramente
e com os cinco sentidos
morrer tanta   tanta gente
que todos ficaram vivos.

Os tais homens feitos de aço
temperado com a tristeza
que envolveram num abraço
toda a história portuguesa.

Essa história tão bonita
e depois tão maltratada
por quem herdou a desdita
da história colonizada.

Dai ao povo o que é do povo
pois o mar não tem patrões.
-   Não havia estado novo
nos poemas de Camões!

Havia sim a lonjura
e uma vela desfraldada
para levar a ternura
à distância imaginada.

Foi este lado da história
que os capitães descobriram
que ficará na memória
das naus que de Abril partiram
das naves que transportaram
o nosso abraço profundo
aos povos que agora deram
novos países ao mundo.

Por saberem como é
ficaram de pedra e cal
capitães que na Guiné
descobriram Portugal.
E em sua pátria fizeram
o que deviam fazer:
ao seu povo devolveram
o que o povo tinha a haver:
Bancos   seguros   petróleos
que ficarão a render
ao invés dos monopólios
para o trabalho crescer.
Guindastes   portos   navios
e outras coisas para erguer
antenas   centrais e fios
dum país que vai nascer.

Mesmo que seja com frio
é preciso é aquecer
pensar que somos um rio
que vai dar onde quiser

pensar que somos um mar
que nunca mais tem fronteiras
e havemos de navegar
de muitíssimas maneiras.

No Minho com pés de linho
no Alentejo com pão
no Ribatejo com vinho
na Beira com requeijão
e trocando agora as voltas
ao vira da produção
no Alentejo bolotas
no Algarve maçapão
vindimas no Alto Douro
tomates em Azeitão
azeite da cor do ouro
que é verde ao pé do Fundão
e fica amarelo puro
nos campos do Baleizão.
Quando a terra for do povo
o povo deita-lhe a mão!

É isto a reforma agrária
em sua própria expressão:
a maneira mais primária
de que nós temos um quinhão
da semente proletária
da nossa revolução.

Quem a fez era soldado
homem novo   capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas   sobredos
vales   socalcos   searas
serras   atalhos   veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente.

Na frente de todos nós
povo soberano e total
que ao mesmo tempo é a voz
e o braço de Portugal.

Ouvi banqueiros   fascistas
agiotas do lazer
latifundiários   machistas
balofos verbos de encher
e outras coisas em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!

 

 

 

 

 

 

José Carlos Ary dos Santos

 


 

publicado por Lagash às 01:45
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Quinta-feira, 24 de Abril de 2008

Abril de sim, Abril de Não

 

Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.
Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vir
e como tudo o mais contradição.
Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.
Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.
 

Manuel Alegre

publicado por Lagash às 01:37
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Desilusão

Às vezes certas pessoas desiludem-me.

Não... não sinto, nem raiva, nem pena, nem nada de outro mundo...

Apenas desilusão.

 

Desiludem-me pessoas que gosto,

Que admiro, que sinto cá dentro

E que considero.

 

Não quero perder essas pessoas,

Não gosto, fico mais pobre...

Sinto tristeza.

 

Serei eu?

 

Espero que... sim... assim posso mudar.

 

Mas até lá... nim...

 

Adeus para as pessoas que não me querem - é pena! Voltem quando quiserem...

 

Olá para os novos amigos - venham mais 5!

 

Boas! Para os velhos amigos! Estamos por cá!

 

Mário L. Soares

publicado por Lagash às 01:12
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Segunda-feira, 21 de Abril de 2008

Estou aqui! Vem!

 

Combater as adversidades

Olhar…

Vencer as dificuldades

Esperar…

Dizer as verdades

Lutar…

Suplantar as capacidades

Altercar…

Dar uso às estoicidades

Rebentar…

 

Nada me parará!

Farei o que será!

Serei o que me deste!

Rasgarei as minhas vestes!

 

OUVE! TU:

Pela força vencerei!

 

Mário L. Soares

publicado por Lagash às 14:09
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Aurora Boreal

Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
por outra a luz das estrelas
que andam no céu a rolar.
Por esta entra a Via Láctea
como um vapor de algodão,
por aquela a luz dos homens,
pela outra a escuridão.
Pela maior entra o espanto,
pela menor a certeza,
pela da frente a beleza
que inunda de canto a canto.
Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Pela redonda entra o sonho,
que as vigias são redondas,
e o sonho afaga e embala
à semelhança das ondas.
Por além entra a tristeza,
por aquela entra a saudade,
e o desejo, e a humildade,
e o silêncio, e a surpresa,
e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.

 

Oh janelas do meu quarto,
quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.

 

 

António Gedeão (Rómulo de Carvalho)

publicado por Lagash às 04:09
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Domingo, 20 de Abril de 2008

Cântico dos cânticos

Ele.

1 Como és formosa, minha amada!

como és formosa,

com teus olhos de pomba,

na transparência do véu!

Teus cabelos são como um rebanho de cabras,

esparramando-se pelas encostas do monte Galaad.

2 Teus dentes são como um rebanho de ovelhas tosquiadas,

recém-saídas do lavadouro:

cada um com seu par, sem perda alguma.

3 Teus lábios são fitas de púrpura,

de fala maviosa.

Tuas faces são metades de romã,

na transparência do véu.

4 Teu pescoço é como a torre de Davi,

construída com parapeitos,

da qual pendem mil escudos

e armaduras de todos os heróis.

5 Teus seios são como duas crias,

gêmeos de gazela, pastando entre lírios.

Ela.

6 Antes que expire o dia e cresçam as sombras,

irei ao monte da mirra e à colina do incenso.

Ele.

7 És toda formosa, minha amada,

e em ti não se encontra defeito algum.

Ele.

8 Vem comigo do Líbano, minha noiva!

vem comigo do Líbano!

Desce do cume do Amaná,

dos cimos do Sanir e do Hermon,

das cavernas dos leões,

das montanhas das panteras!

Ele.

9 Arrebataste-me o coração, minha irmã e minha noiva,

arrebataste-me o coração com um só de teus olhares,

com uma só jóia de teu colar.

10 Como são ternos teus carinhos,

minha irmã e minha noiva!

Tuas carícias são mais deliciosas que o vinho;

teus perfumes, mais aromáticos

que todos os bálsamos.

11 Teus lábios, minha noiva, destilam néctar;

em tua língua há mel e leite.

Tuas vestes têm a fragrância do Líbano.

Ele.

12 És um jardim fechado, minha irmã e minha noiva,

uma nascente fechada, uma fonte selada.

13 Tuas plantas são um vergel de romãzeiras,

vegetação toda selecionada:

umbelas de alfena e flores de nardo,

14 nardo e açafrão, canela e cinamomo,

toda espécie de árvores de incenso,

mirra e aloés,

os melhores bálsamos.

15 A fonte do jardim

é como um manancial de água corrente

que brota do Líbano.

 

 

Bíblia - Antigo testamento (Rei Salomão)

publicado por Lagash às 03:00
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Sábado, 19 de Abril de 2008

Que é isto agora?

 

 

 

Qual é o sentir que tenho agora?

Misto de isto, talvez, e do outro…

Não duvido, que seja, por ora,

Amor, o que esteja cá solto,

Há, no entanto, algo que chora!

Existe cá dentro, vivo e não morto…

Sinto latente, fere onde mora.

 

Combato a gente que gosta de mim,

Sem saber o que faço, escolho amor,

Viro em frente para estar sempre assim,

Estico o meu braço e venço a dor,

Limpo a mente e digo que sim!

Sinto-me forte e faço o que for,

O meu fogo está quente e não terá fim!

 

Mário L. Soares

publicado por Lagash às 22:46
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Para descontrair...

 

Vamos exercitar a língua?

 

NÍVEL FÁCIL

 

1.       Xuxa! A Sasha fez xixi no chão da sala

2.       O rato roeu a roupa do Rei de roma a rainha com raiva resolveu remendar.

3.       Três pratos de trigo para três tigres tristes.

4.       O original nunca se desoriginou e nem nunca se desoriginalizará.

5.       Qual é o doce que é mais doce que o doce de batata doce? Respondi que o doce que é mais doce que o doce de batata doce é o doce que é feito com o doce do doce de batata doce.

 

NÍVEL MÉDIO

 

1.       Sabendo o que sei e sabendo o que sabes e o que não sabes e o que não sabemos, ambos saberemos se somos sábios, sabidos ou simplesmente saberemos se somos sabedores.

2.       O tempo perguntou ao tempo qual é o tempo que o tempo tem. O tempo respondeu ao tempo que não tem tempo para dizer ao tempo que o tempo do tempo é o tempo que o tempo tem.

3.       Em baixo da pia tem um pinto que pia, quanto mais a pia pinga mais o pinto pia!

 

NÍVEL DIFÍCIL

 

1.       Num ninho de mafagafos, cinco mafagafinhos há! Quem os desmafagafizá-los, um bom desmafagafizador será.

2.       O desinquivincavacador das caravelarias desinquivincavacaria as cavidades que deveriam ser desinquivincavacadas.

3.       Perlustrando patética petição produzida pela postulante, prevemos possibilidade para pervencê-la porquanto perecem pressupostos primários permissíveis para propugnar pelo presente pleito pois prejulgamos pugna pretárita perfeitíssima.

4.       Não confunda ornitorrinco com otorrinolaringologista, ornitorrinco com ornitologista, ornitologista com otorrinolaringologista, porque ornitorrinco, é ornitorrinco, ornitologista, é ornitologista, e otorrinolaringologista é otorrinolaringologista.

5.       Disseram que na minha rua tem paralelepípedo feito de paralelogramos. Seis paralelogramos tem um paralelepípedo. Mil paralelepípedos tem uma paralelepipedovia. Uma paralelepipedovia tem mil paralelogramos. Então uma paralelepipedovia é uma paralelogramolândia?

 

 

NÍVEL (quase) IMPOSSÍVEL

 

1.       Verbo Tagarelar no Futuro do Pretérito

Eu tagarelaria

Tu tagarelarias

Ele tagarelaria

Nós tagarelariamos

Vós tagarelarieis

Eles tagarelariam

 

publicado por Lagash às 21:27
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Segunda-feira, 14 de Abril de 2008

Amo-te

 

 

 

Amo essa tua magia,

Amo aquele teu olhar,

Amo o saber que aparecia,

Nos lábios do teu mar.

 

Amo o teu pensamento,

Amo a tua inteligência,

Amo a perspicácia

E entendimento.

 

Amo a tua felicidade,

Amo o teu sorriso,

Amo a verdade

Do teu paraíso.

 

Amo a tua mão quente,

Amo o teu peito no meu,

Amo e sinto ardente

Tudo o que seja teu.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:30
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Declaração

Declaro que a responsabilidade de todos os textos / poesia / prosa publicados é minha no respeitante à transcrição dos mesmos. Faço todos os possíveis para contactar o(s) autor(es) dos trabalhos a fim de autorizarem a publicação, na impossibilidade de o fazer, caso assim o entenda o autor ou representante legal deverá contactar-me a fim de que o mesmo seja retirado - o que será feito assim que receba a informação. Os trabalhos assinados "Mário L. Soares" são de minha autoria e estão protegidos com a lei dos direitos de autor vigente. Quanto às fotografias, todas, cujo autor não esteja identificado, são de "autor desconhecido" - caso surja o respectivo autor de alguma, queira por favor contactar-me para proceder à sua identificação e se for caso disso retirada do blog. Às restantes fotografias aplicarei o mesmo princípio dos trabalhos escritos. Obrigado. Mário L. Soares - lagash.blog@sapo.pt

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