Gosto de observar, plantado como uma árvore,
a linha que os aviões traçam no céu,
quando sobem rompendo os ares.
É verdade que hoje,
quando bastariam apenas alguns segundos
para que a humanidade desaparecesse num ápice,
debaixo (dizem)
de uma terrível nuvem alaranjada,
voar já não tem mistério.
Porém,
a altiva e bela diagonal
desenhada no azul transparente pelos aviões que partem
enche-me as medidas…
João Melo
(Mia Couto - foto de Alfredo Cunha)
Na vertigem do oceano
vagueio
sou ave que com o seu voo
se embriaga
Atravesso o reverso do céu
e num instante
eleva-se o meu coração sem peso
Como a desamparada pluma
subo ao reino da inconstância
para alojar a palavra inquieta
Na distância que percorro
eu mudo de ser
permuto de existência
surpreendo os homens
na sua secreta obscuridade
transito por quartos
de cortinados desbotados
e nas calcinadas mãos
que esculpiram o mundo
estremeço como quem desabotoa
a primeira nudez de uma mulher
Mia Couto – Setembro 1980
(foto de Roberto Okamura)
Ó libélula esvoaçante,
Que poisas no meu ombro
E beijas leve o meu pescoço,
Segredas ao meu ouvido
Melodias que escutas nos campos
Que atravessas e abraças
Com as tuas asas num aperto.
Voltas e voas e pairas…
…no ar, em despedida
Soltas um beijo
E dizes que sim…
…mas que não…
Acenas… e sorris…
E voas…
Mário L. Soares
Sitios interessantes (ou não)
CDS - Centro Democrático Social
Não asses mais carapaus fritos
PCP - Partido Comunista Português
PSD - Partido Social Democrata
Vida de um Português - grande brother!
Universidade
Motores de Busca
Dicionários e Enciclopédias