Quinta-feira, 14 de Janeiro de 2010

Felicidade

 

 

Pela flor pelo vento pelo fogo

Pela estrela da noite tão límpida e serena

Pelo nácar do tempo pelo cipreste agudo

Pelo amor sem ironia – por tudo

Que atentamente esperamos

Reconheci a tua presença incerta

Tua presença fantástica e liberta

 

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

publicado por Lagash às 16:13
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Quarta-feira, 6 de Maio de 2009

Nocturno

 

 

Espírito que passas, quando o vento

Adormece no mar e surge a Lua,

Filho esquivo da noite que flutua,

Tu só entendes bem o meu tormento...

 

Como um canto longínquo – triste e lento –

Que voga e subtilmente se insinua,

Sobre o meu coração, que tumultua,

Tu vertes pouco a pouco o esquecimento...

 

A ti confio o sonho em que me leva

Um instinto de luz, rompendo a treva,

Buscando, entre visões, o eterno Bem.

 

E tu entendes o meu mal sem nome,

A febre de Ideal, que me consome,

Tu só, Génio da Noite, e mais ninguém!

 

Antero de Quental

 

publicado por Lagash às 16:00
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Quarta-feira, 1 de Abril de 2009

A Mentira Está em Ti

 

 

"Olá, guardador de rebanhos,

Aí à beira da estrada,

Que te diz o vento que passa?"

 

"Que é vento, e que passa,

E que já passou antes,

E que passará depois.

E a ti o que te diz?"

 

"Muita cousa mais do que isso.

Fala-me de muitas outras cousas.

De memórias e de saudades

E de cousas que nunca foram."

 

"Nunca ouviste passar o vento.

O vento só fala do vento.

O que lhe ouviste foi mentira,

E a mentira está em ti."

 

Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos - Poema X"

 

publicado por Lagash às 16:18
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Quarta-feira, 11 de Março de 2009

Paisagem

 

(Ilha de Matakana na Nova Zelândia) 

 

Passavam pelo ar aves repentinas,

O cheiro da terra era fundo e amargo,

E ao longe as cavalgadas do mar largo

Sacudiam na areia as suas crinas.

 

Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,

Era a carne das árvores elástica e dura,

Eram as gotas de sangue da resina

E as folhas em que a luz se descombina.

 

Eram os caminhos num ir lento,

Eram as mãos profundas do vento

Era o livre e luminoso chamamento

Da asa dos espaços fugitiva.

 

Eram os pinheirais onde o céu poisa,

Era o peso e era a cor de cada coisa,

A sua quietude, secretamente viva,

E a sua exalação afirmativa.

 

Era a verdade e a força do mar largo,

Cuja voz, quando se quebra, sobe,

Era o regresso sem fim e a claridade

Das praias onde a direito o vento corre.

 

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

publicado por Lagash às 16:21
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Domingo, 25 de Janeiro de 2009

Adeus Madeira

 

(Machico - Ilha da Madeira) 

 

O som do mar

Nas ondas do tempo

Que eu vejo passar

P’las asas do vento

Olho p’ra frente

A luz traz-me a cegueira

Vou para Oriente

Viro costas à Madeira

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:21
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Sábado, 25 de Outubro de 2008

O Mar não conhece o Mar

 

(foto retirada da internet - deconheço o autor) 

 

o mar não conhece as profundidades

nenhum azul nem conhece as suas ondas

o mar não é soberbo nem

manso nem amargo

não conhece o sabor do vento nem da espuma

o mar não vê nenhum sol

nem terra nem seixos

O mar não ama o céu

nem a lua

o mar não se conhece

 

Eva Christina Zeller

(Tradução de Maria Teresa Dias Furtado)

 

publicado por Lagash às 16:08
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Segunda-feira, 4 de Agosto de 2008

Brisa

 

 

Suave brisa que me tocas a cara

E afagas o cabelo para o lado,

Fazes esquecer o quente do Verão,

Refrescas e revigoras levemente…

 

Beijas-me a face e provocas-me,

Sinto a tua massagem total,

Envolve-me o corpo e plano

Pelo ar, como um pássaro.

 

Mudas a direcção e brincas…

Sorrio para ti – és apenas vento;

No entanto, és mais do que eu,

És tudo o que de etéreo pode ser real.

 

Levanto-me e estou bem…

O mar está à minha frente,

Tenho-o na mão e é meu.

Estou só, mas estou comigo.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:15
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Declaração

Declaro que a responsabilidade de todos os textos / poesia / prosa publicados é minha no respeitante à transcrição dos mesmos. Faço todos os possíveis para contactar o(s) autor(es) dos trabalhos a fim de autorizarem a publicação, na impossibilidade de o fazer, caso assim o entenda o autor ou representante legal deverá contactar-me a fim de que o mesmo seja retirado - o que será feito assim que receba a informação. Os trabalhos assinados "Mário L. Soares" são de minha autoria e estão protegidos com a lei dos direitos de autor vigente. Quanto às fotografias, todas, cujo autor não esteja identificado, são de "autor desconhecido" - caso surja o respectivo autor de alguma, queira por favor contactar-me para proceder à sua identificação e se for caso disso retirada do blog. Às restantes fotografias aplicarei o mesmo princípio dos trabalhos escritos. Obrigado. Mário L. Soares - lagash.blog@sapo.pt

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