Será que é aquilo que parece?
Ou poderá o que fosse, não ser,
E ser aquilo que me apetece
Em vez daquilo que estou a ver?
Não será o que é, por certo,
Nem poderá ser aquilo que penso,
Está mesmo aqui tão perto,
Que os meus olhos não venço.
Que pode ser que vê a mente
Que nem o coração ver quer,
E o peito rebenta quando sente.
É apenas o que quero perceber:
Será aquilo que não vê a gente,
Mas aquilo que se quer ver?
Mário L. Soares
Quem sou eu além daquele que fui?
Perdido entre florestas e sombras de ilusão
Guiado por pequenos passos invisíveis de amor
Jogado aos chutes pelo ódio do opressor
Salvo pelas mãos delicadas de anjos
Reerguido, mais forte, redimido,
Anjos salvei
Por justiça lutei
E o amor novamente busquei
Quem sou além daquele que quero ser?
Puro, sábio e de espírito em paz
Justo, mesmo que por um instante,
Forte, mesmo sem músculos,
E corajoso o suficiente para dizer “tenho medo”
Mas quem sou eu além daquele que aqui está?
Sou vários, menos este.
O que aqui estava, jamais está
E jamais estará
Sou eu o que fui e cada vez mais o que quero ser
Mudo, caio, ergo, sumo, apareço, bato, apanho, odeio, amo…
Mas no momento seguinte será diferente
Posso estar no caminho da perfeição
Cheio de imperfeições
Sou o que você vê…
Ou o que quero mostrar.
Mas se olhar por mais de um segundo,
Verá vários “eus”,
Eu o que fui, eu o que sou e eu o que serei.
Christian Gurtner
Confio no sorriso de uma criança,
creio no ser melhor todos os dias.
Acredito no cume da montanha
que toca o céu com as mãos.
Confio naquele olhar infinito,
no porvir mais desejado,
na sinceridade dos Homens,
e na verdade da Palavra.
Confio no saber e nos livros,
no bem sobre o mal,
no coração de um mendigo,
mesmo que falseie o seu mundo.
Confio em ti e no momento,
e no que sentes assim.
Confio-te o meu ser – agora.
Confio na tua mão e no amor.
Mário L. Soares
O vazio do que está completamente cheio
O corpo que transporta a alma e se mantém estéril
Nada brota de um pântano podre!
Nada é, sem ser o que é… apenas.
Serei apenas o produto das partes?
A soma de tudo o que fui? E o que serei?
Onde entra o amor na equação?
Limpam-se armas em tempo de paz…
Recomeçar é apenas voltar a começar.
Novo fôlego tomo no fim de tudo
E sigo o caminho inicial… com a mesma vontade
E o mesmo querer.
Queira-me Deus consigo no fim
Porque nunca quis mal a ninguém.
Mário L. Soares
A Criança que fui chora na estrada,
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.
Fernando Pessoa, 22 de Setembro de 1933
Até agora eu não me conhecia,
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.
Mas que eu não era Eu não o sabia
mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rutila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!
Andava a procurar-me - pobre louca! -
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!
E esta ânsia de viver, que nada acalma,
E a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!
Florbela Espanca
Apetece-me des-ser-me;
reatribuir-me a átomo.
cuspir castanhos grãos
mas gargantadentro;
isto seja: engolir-me para mim
poucochinho a cada vez
um por mais um: areios.
assim esculpir-me a barro
e re-ser chão. muito chão.
apetece-me chãonhe-ser-me.
Ondjaki
(Isabelle Adjani)
Mulher que te beijo de novo,
tens a voz de um pássaro tropical,
sorris quando me movo,
És linda, bela e natural.
Toco-te a mão e retrais-te…
Aproximo-me e falo-te,
respondes e vais-te…
Dizes, não falas, calo-te.
Altiva, sabes ser,
presente para o homem.
Entendes o meu querer.
Levanto-te o véu.
Aos teus olhos doces de sol,
dou o dia, dou o céu.
Mário L. Soares
Em aprumo aponto o dedo
No espelho olho o que me dá medo
Corro aos papéis em segredo
E escrevo sem enredo
Vou em frente e entro pelo meu caminho
A minha mente manda ou não estou sozinho
Crio rápido sem qualquer alinho
Não penso no que sou nem que definho
Sinto ganas de recomeçar
Vontade de não parar
Força para me elevar
Energia para me levantar
Volvo ao que era antes de ser
Retorno a mim mesmo sem poder
Mário L. Soares
Aqui estou eu rendido,
Por aquilo que é e é!
Seja então! E eu também o serei!
Não temerei e estarei ao nível e ao mesmo pé!
Será de nós a nossa vida
Apenas fotos e filmes… esses
Sons, ideias e sensações?
Essas coisas que nos acontecem
Será? É isso que é o que é?
É realmente… pronto, não
Argumento! Não discuto!
Não refuto! Mas então que
Dê fruto!
Que se ponha nos dedos aqui!
Que mostre por dentro de si…
- Que vai por ali, que não vi!!
Porra! Nem sei bem o que perdi!
Valerá a pena esta cena?
Que vivemos, no fundo, por um lema,
Numa vida de cinema…
Sem chama!
Beijo e amo tudo!
Tudo quero abraçar,
Querer caminhar e receber…
É isso que quero
Venham beijos e noites
Para que possa viver, amar e beijar
No verdadeiro!
Vivam-se os dias em contagem
De gotas de suor que nas
Estalagmites estalam vindas de
Estalactites, outras…
Amem-se os aranhiços e
Refastelem-se as moscas, sem mal!
Amem, pois o que é, é!
- É isso mesmo! É esse
O nosso Graal!
Mário L. Soares
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Não asses mais carapaus fritos
PCP - Partido Comunista Português
PSD - Partido Social Democrata
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