A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer
A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.
Alexandre O’Neil
As palavras que te dirijo
não são expressão dos meus sentimentos,
nem sequer do que penso ou idealizo.
São mecanizações do Costume, do Hábito, repetições.
Repito o que outrora sentira,
o que mais tarde julgara que sentia
e hoje sei que está vazia,
a expressão dos meus sentimentos.
São a forma e o som
desprovidos de conteúdos e melodia.
São só palavras, palavras apenas
e parecem-se mal quando não são proferidas.
Intrigado com o caso,
mandei analisar a questão.
Onde está o significado do significante que pronuncio?
O caixote está vazio,
não me contento apenas com o cartão.
Encontrei o significado
no dia em que te perdi.
Tinhas tranças longas, eras tão linda,
tal como no dia em que te conheci.
Enrolo e lambo o papel deste cigarro
expiro o fumo com uma técnica maquinal.
Por vezes, terei esquecido como é bom fumar,
fumar por prazer!
Talvez tenha também esquecido o significado de te Amar,
mas sem nunca ter deixado de o fazer.
Vicente Roskopt
http://osedutorfarsolas.blogspot.com/
Seduzes-me mulher!
Porque me tentas?
Fazes, como quem não quer…
E com todas as falas lentas...
Lanças um olhar de soslaio,
como quem brinca, sorris,
das armadilhas onde eu caio,
e levantas, altiva, o nariz…
Suaves palavras de seda,
sobe o teu sobrolho nobre,
e com a mão amparas a queda…
Sorrio, como eu sou tão minimal,
assim, frágil e pequeno.
E tu, em promontório colossal…
Mário L. Soares
Escuto o silêncio das palavras. O seu silêncio
suspenso dos gestos com que elas desenham
cada objecto, cada pessoa, ou as próprias ideias
que delas dependem. Por vezes, porém, as
palavras são o seu próprio silêncio. Nascem
de uma espera, de um instante de atenção, da
súbita fixidez dos olhos amados, como se
também houvesse coisas que não precisam de
palavras para existir. É o caso deste sentimento
que nasce entre um e outro ser, que apenas
se adivinha enquanto todos falam, em volta,
e que de súbito se confessa, traduzindo em
breves palavras a sua silenciosa verdade.
Nuno Júdice em "Pedro, lembrando Inês"
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Alexandre O’Neill
As palavras alimentam-me a alma,
É o refresco da minha tarde de Verão,
O abrigo do dia chuvoso,
O quente no inverno da noite.
A poesia é tudo,
A realidade é nada,
O sabor de um poema é açúcar
No amargo de um dia chato.
O sorriso de uma letra
Que mesmo sozinha,
Me alegra os sentidos.
Amo as palavras e a sintaxe.
Amo a morfologia de um olá,
A fonética de um oi…
Amo a prosódia de um paralelepípedo,
A simplicidade de um "A",
A magia de Pessoa.
As palavras são as notas da música da orquestra da minha vida.
Mário L. Soares
Rebordos de morango,
Mastigados de manteiga
Migalhas de biscoito na correia
Esborratas de molho de frango.
Beijos com os lábios doridos
Dentes que batem no canino
Sorriso de embaraço clandestino
Abraços em peitos sentidos.
Poesia de um qualquer meio perdido,
Palavras sem lugar mal proferidas,
Mãos, elas, vendidas ao destino.
Vidas, já vividas, por caminhos magoadas,
Não têm força, têm medo,
Do amor, e das comidas, já suadas…
Mário L. Soares
Ridículo!
Estas palavras são ridículas! Como todas as palavras de amor são ridículas!
Não seriam de amor se não fossem ridículas! Estas, de tão ridículas, por analisarem o amor, são duplamente ridículas. Tão ridiculamente ridículas que é ridículo o quanto elas são!
Mas ridículo é aquele que nunca amou, não foi ridículo, e que não experimentou o ridículo do ciúme e a dor do amor ridículo!
Já fui ridículo, e ainda sou ridículo.
Serei sempre ridículo, porque mesmo que dure apenas um momento, prefiro um momento ridículo, que uma eternidade a chamar ridículo aos outros!
Mário L. Soares
(inspirado em "Todas as cartas de amor são ridículas" de Álvaro de Campos - heterónimo de Fernando Pessoa)
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Não asses mais carapaus fritos
PCP - Partido Comunista Português
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