Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 2010

Perdoa-me

 

 

Perdoa-me por tudo o que te fiz.

Perdoa-me o que não te fiz.

O perdão é importante questão.

E também seja levante o esquecimento.

O amor é eterno como o firmamento

externo e o lamento.

Perdão te peço de todo o meu fundo.

Perdão que não meço do tamanho do mundo.

Esquecer é preciso…

 

Sejam ventos os pensamentos

que apenas passam.

Levam o tempo que

no momento lavram.

 

Esqueço-me de mim e arrefeço-me.

Pertenço ao querer e ao lenço.

Vivo na história da memória do meu livro.

Esqueço da dor,

lembro o fervor do amor.

Perco-me em mim no labirinto

que sinto.

Sou forte e olho de frente

a morte pendente.

Espero a sorte que note

que vi e que estou aqui.

 

Oh, vida, que não queres perdão

perdida assim p’lo chão.

Nascida de azul berço,

Que mereço ser querida.

 

Perdoa-me vida. Perdoa-me sorte.

 

Perdoa-me a morte.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:11
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Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 2010

Morte

 

 

Não suportarei o retiro

Virarei terras que me envolvem

Na cabeça ficará um tiro

Comerei vermes que me sorvem.

 

Podre o húmus que me torno

Chove rubras gotas em molhos

Frio o gelo deste forno

Raízes de mastros pelos olhos

 

Cheiro fétido putrefacto

Fechado em volta de uma arca

Saboreio sem língua o mato

 

Claustro refúgio que quero

Fuga da história que fica

Morte anunciada que espero

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:16
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Terça-feira, 1 de Dezembro de 2009

Às vezes o amor

 

 

Que hei-de eu fazer

Eu tão nova e desamparada

Quando o amor

Me entra de repente

P’la porta da frente

E fica a porta escancarada

 

Vou-te dizer

A luz começou em frestas

Se fores a ver

Enquanto assim durares

Se fores amada e amares

Dirás sempre palavras destas

 

P’ra te ter

P’ra que de mim não te zangues

Eu vou-te dar

A pele, o meu cetim

Coração carmesim

As carnes e com elas sangues

 

Às vezes o amor

No calendário, noutro mês, é dor,

é cego e surdo e mudo

 

E o dia tão diário disso tudo

 

E se um dia a razão

Fria e negra do destino

Deitar mão

À porta, à luz aberta

Que te deixe liberta

E do pássaro se ouça o trino

 

Por te querer

Vou abrir em mim dois espaços

P’ra te dar

Enredo ao folhetim

A flor ao teu jardim

As pernas e com elas braços

 

Às vezes o amor

No calendário, noutro mês, é dor,

É cego e surdo e mudo

 

E o dia tão diário disso tudo

 

Mas se tudo tem fim

Porquê dar a um amor guarida

Mesmo assim

Dá princípio ao começo

Se morreres só te peço

Da morte volta sempre em vida

 

Às vezes o amor

No calendário, noutro mês é dor,

É cego e surdo e mudo

 

E o dia tão diário disso tudo

Da morte volta sempre em vida

 

Sérgio Godinho

 

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Segunda-feira, 30 de Novembro de 2009

Emoção e Poesia

 

(Fernando Pessoa por Mário L. Soares) 

 

Quem quer que seja de algum modo um poeta sabe muito bem quão mais fácil é escrever um bom poema (se os bons poemas se acham ao alcance do homem) a respeito de uma mulher que lhe interessa muito do que a respeito de uma mulher pela qual está profundamente apaixonado. A melhor espécie de poema de amor é, em geral, escrita a respeito de uma mulher abstracta.

 

Uma grande emoção é por demais egoísta; absorve em si própria todo o sangue do espírito, e a congestão deixa as mãos demasiado frias para escrever. Três espécies de emoções produzem grande poesia - emoções fortes e profundas ao serem lembradas muito tempo depois; e emoções falsas, isto é, emoções sentidas no intelecto. Não a insinceridade, mas sim, uma sinceridade traduzida, é a base de toda a arte.

 

Fernando Pessoa

 

Deixo-vos esta reflexão de Fernando Pessoa no 74º aniversário da sua morte. Este que é o maior poeta de todos os tempos e de todas as nações. É também um pensador, um filósofo, um amante da arte e do estudo, do saber e do Homem.

 

Uma personagem única, uma imagem única, uma mente e intelecto únicos, um Homem único.

 

Mário L. Soares

 

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Terça-feira, 17 de Novembro de 2009

Não fume

 

 

Porque uma imagem, às vezes, vale mais que mil palavras…

 

Celebra-se hoje o dia do não fumador.

 

Não fume… pela sua saúde e pela saúde dos que o rodeiam. Obrigado.

 

Leia o poema

 

Mário L. Soares

 

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Sexta-feira, 13 de Novembro de 2009

Morte do Infante D. Henrique – O Navegador

 

(estátua do Infante D. Henrique da autoria de Leopoldo de Almeida, por ocasião das comemorações dos 500 anos da sua morte) 

 

Morreu a 13 de Novembro de 1460, na Vila de Sagres, no Algarve, o Infante D. Henrique. Nasceu no dia 4 de Março de 1394, no Porto. Morreu portanto com 66 anos.

 

O Infante D. Henrique, filho de D. João I, mestre de Avis e que fundador da geração com o mesmo nome. Ele (o Infante) e seus irmãos constituem a Ínclita Geração – nome atribuído aos filhos de D. João I e Filipa de Lencastre – de que fazem parte, D. Duarte, Rei de Portugal, D. Pedro, Duque de Coimbra, D. Isabel de Portugal, mulher de Filipe III, Duque de Borgonha, Infante João de Portugal, 3º Condestável de Portugal (avô de D. Isabel de Castela e D. Manuel I), e por último D. Fernando, o Infante Santo.

 

Com tais “grandes almas” suas “pares”, como referiu a respeito de seus irmãos, na boca do Infante D. João de Portugal, Fernando Pessoa na Mensagem, o Infante D. Henrique foi talvez o que, de todos, mais se destacou pelos seus feitos de conquista, manutenção e colonização de território, mas principalmente de descoberta. Como foram a descoberta e colonização dos arquipélagos Madeira, os Açores, e Cabo Verde, a passagem do Cabo Bojador e Cabo Branco.

 

O Navegador, como ficou para a história, foi armado cavaleiro e recebeu os títulos de Duque de Viseu, Senhor da Covilhã, e foi Grão-mestre da Ordem de Cristo, sucessora da Ordem dos Templários.

 

Figura altiva e inconfundível é hoje um símbolo nacional adoptado por diversas instituições, organismos e empresas. Foi e é tema de poesia e prosa, e é a figura de destaque num dos mais conhecidos monumentos nacionais – o padrão dos descobrimentos, mandado erigir por Salazar – entre os 30 ilustres aí representados.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:05
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Segunda-feira, 2 de Novembro de 2009

Morto estás!

 

 

Morto estás!

Morto ficas!

De morto não passas!

 

Neste dia de morte e de mortos,

Lembramos os que foram…

Choramos com os que ficam…

Saudamos os que partiram…

Rezamos para não irmos e por todos…

Abraçamos a nossa vida,

E sorrimos…

 

Mário L. Soares

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Quinta-feira, 22 de Outubro de 2009

Mors semper prae oculis

 

("O beijo da morte" ou "Petó de la mort" - fantástica escultura no cemitério de Poblenou, em Barcelona, por Jaume Barba - 1930) 

 

Narro-me letra por letra para ti

e sou a breve palavra que tu deixas

como uma esteira branca

no céu azul do tempo

Subo tijolo a tijolo até ás tuas mãos

e sou dos edifícios da cidade

um dos que hão-de ruir amanhã

Tombaram-nos primeiro os avós

e chega já a vez dos nossos pais

Quando faltar um choupo

no caminho da infância que vai dar ao rio

receberemos no rosto a morte

com a surpresa do primeiro homem

Eu fui um dia um nome escrito numa pedra

onde as mulheres da minha aldeia

batiam a roupa que nos cobre no tempo

E depois já não soube mais nada

mas a primavera passou rente a mim:

a morte fora continuava

 

Ruy Belo

 

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Sexta-feira, 9 de Outubro de 2009

Nascimento de John Lennon

 

(John Lennon - foto retirada da internet - desconheço o autor) 

 

John Winston Ono Lennon, batizado como John Winston Lennon, MBE, Nasceu em Liverpool a 9 de Outubro de 1940 (faria hoje 69 anos de idade) e foi assassinado em Nova Iorque a 8 de Dezembro de 1980, com apenas 40 anos.

 

Foi um ícone do século XX, músico, cantor, compositor, escritor e activista em favor da paz.

 

Na época dos Beatles, John Lennon formou com Paul McCartney o que seria uma das mais famosas duplas de compositores de todos os tempos, a dupla Lennon/McCartney.

 

 

(John Lennon - foto retirada da internet - desconheço o autor) 

 

Em 1968, John Lennon apaixonou-se pela artista plástica Yoko Ono e depois disto ela se tornou a pessoa mais importante na vida e carreira do músico inglês. Em 1970, os Beatles chegaram ao fim e a partir de então John dedicou-se à carreira a solo.

 

Afastado da música desde 1975, por se dedicar mais à família desde o nascimento de seu filho com Yoko Ono, Sean Lennon, John voltou aos estúdios em 1980 para gravar um novo álbum. Era como um recomeço. Porém em 8 de dezembro do mesmo ano, John foi assassinado em Nova York por Mark David Chapman quando retornava do estúdio de gravação junto com a mulher.

 

Dentre as composições de destaque de John Lennon estão “Help!", "Strawberry Fields Forever" e "All You Need Is Love" enquanto fazia parte dos Beatles e "Imagine", "Happy Xmas /(War is Over)" , "Woman" , "(Just Like) Starting Over" e "Watching the Wheals" a solo.

 

Em 2002, John Lennon entrou em oitavo lugar em uma pesquisa feita pela BBC como os 100 mais importantes britânicos de todos os tempos.

 

Fonte: Wikipédia (com algumas alterações da minha autoria).

 

Falta ainda dizer que a poesia de John Lennon deixa em nós todos uma sensação de liberdade, idealismo e esperança no ser humano e no futuro.

 

Um abraço para ti – onde quer que estejas John…

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:30
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Terça-feira, 6 de Outubro de 2009

Morte de Amália Rodrigues

 

 

Amália da Piedade Rodrigues, nasceu em Lisboa a 23 de Julho de 1920 (festejava o seu aniversário a 1 de Julho) de 1920 e faleceu também em Lisboa no dia 6 de Outubro de 1999. Faz hoje 10 anos.

 

Filha de um músico sapateiro que, para sustentar os quatro filhos e a mulher, tentou a sua sorte em Lisboa. Amália terá nascido, segundo o seu assento de nascimento, às cinco horas de 23 de Julho de 1920 na rua Martim Vaz, na freguesia lisboeta da Pena. Amália pretendia, no entanto, que o aniversário fosse celebrado a 1 de Julho ("no tempo das cerejas"), e dizia : Talvez por ser essa a altura do mês em que havia dinheiro para me comprarem os presentes. Catorze meses depois, o pai, não tendo arranjado trabalho, volta com a família para o Fundão. Amália fica com os avós na capital.

 

A sua faceta de cantora cedo se revela. Amália era muito tímida, mas começa a cantar para o avô e os vizinhos, que lhe pediam. Na infância e juventude, cantarolava tangos de Carlos Gardel e canções populares que ouvia e lhe pediam para cantar.

 

Aos 9 anos, a avó, analfabeta, manda Amália para a escola, que tanto gostava de frequentar. Contudo, aos 12 anos tem que interromper a sua escolaridade como era frequente em casas pobres. Escolhe então o ofício de bordadeira, mas depressa muda para ir embrulhar bolos.

 

 

 

 

Aos 14 anos decide ir viver com os pais, que entretanto regressam a Lisboa. Mas a vida não é tão boa como em casa do avós. Amália tinha que ajudar a mãe e aguentar o irmão mais velho, autoritário.

 

Aos 15 anos vai vender fruta para a zona do Cais da Rocha, e torna-se notada devido ao especialíssimo timbre de voz. Integra a Marcha Popular de Alcântara (nas festividades de Santo António de Lisboa) de 1936. O ensaiador da Marcha insiste para que Amália se inscreva numa prova de descoberta de talentos, chamada Concurso da Primavera, em que se disputava o título de Rainha do Fado. Amália acabaria por não participar, pois todas as outras concorrentes se recusavam a competir com ela.

 

Conhece nessa altura o seu futuro marido, Francisco da Cruz, um guitarrista amador, com o qual casará em 1940. Um assistente recomenda-a para a casa de fados mais famosa de então, o Retiro da Severa, mas Amália acaba por recusar esse convite, e depois adiar a resposta, e só em 1939 irá cantar nessa casa.

 

 

 

Estreia-se no teatro de revista em 1940, como atracção da peça Ora Vai Tu, no Teatro Maria Vitória. No meio teatral encontra Frederico Valério, compositor de muitos dos seus fados.

 

Em 1943 divorcia-se a seu pedido. Torna-se então independente. Neste mesmo ano actua pela primeira vez fora de Portugal. A convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira, canta em Madrid.

 

Em 1944 consegue um papel proeminente, ao lado de Hermínia Silva, na opereta Rosa Cantadeira, onde interpreta o Fado do Ciúme, de Frederico Valério. Em Setembro, chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de Freitas para actuar no Casino Copacabana. Aos 24 anos, Amália tem já um espectáculo concebido em exclusivo para ela. A recepção é de tal forma entusiástica que o seu contrato inicial de 4 semanas se prolongará por 4 meses. É convidada a repetir a tournée, acompanhada por bailarinos e músicos.

 

É no Rio de Janeiro que Frederico Valério compõe um dos mais famosos fados de todos os tempos: Ai Mouraria, estreado no Teatro República. Grava discos, vendidos em vários países, motivando grande interesse das companhias de Hollywood.

 

 

 

Em 1947 estreia-se no cinema com o filme Capas Negras, o filme mais visto em Portugal até então, ficando 22 semanas em exibição. Um segundo filme, do mesmo ano, é Fado, História de uma Cantadeira.

 

Amália é apoiada por artistas inovadores como Almada Negreiros e António Ferro. Esse que a convida pela primeira vez a cantar em Paris, no Chez Carrère, e a Londres, no Ritz, em festas do departamento de Turismo que o próprio organiza.

 

A internacionalização de Amália aumenta com a participação, em 1950, nos espectáculos do Plano Marshall, o plano de "apoio" dos EUA à Europa do pós-guerra, em que participam os mais importantes artistas de cada país. O êxito repete-se por Trieste, Berna,Paris e Dublin (onde canta a canção Coimbra, que, atentamente escutada pela cantora francesa Yvette Giraud, é popularizada por ela em todo o mundo como Avril au Portugal).

 

Em Roma, Amália actua no Teatro Argentina, sendo a única artista ligeira num espectáculo em que figuram os mais famosos cantores de música clássica.

 

 

 

Em Setembro de 1952 a sua estreia em Nova Iorque fez-se no palco do La Vie en Rose, onde ficou 14 semanas em cartaz.

 

Ainda nos Estados Unidos, em 1953 canta pela primeira vez na televisão (na NBC), no programa do Eddie Fisher patrocinado pela Coca-Cola, que teve que beber e de que não gostara nada. Grava discos de fado e de flamenco. Convidam-na para ficar, mas não fica por que não quer.

 

Nos EUA editou o seu primeiro LP (as gravações anteriores eram em discos de 78 rotações). Amalia Rodrigues Sings Fado From Portugal and Flamenco From Spain, lançado em 1954 pela Angel Records, assinala a sua estreia no formato do long-play, a 33 rotações, criado apenas seis anos antes e, na época, ainda longe de conhecer a expressão de mercado que depois viria a conquistar. O álbum, que seria editado em 1957 em Inglaterra e, um ano depois, em França, nunca teve prensagem portuguesa.

 

 

 

Amália dá ao fado um fulgor novo. Canta o repertório tradicional de uma forma diferente, sincretizando o que é rural e urbano.

 

Canta os grandes poetas da língua portuguesa (Camões, Bocage), além dos poetas que escrevem para ela (Pedro Homem de Mello, David Mourão Ferreira, Ary dos Santos, Manuel Alegre, O’Neill). Conhece também Alain Oulman, que lhe compõe várias canções.

 

O seu fado de Peniche é proibido por ser considerado um hino aos que se encontram presos em Peniche, Amália escolhe também um poema de Pedro Homem de Mello Povo que lavas no rio, que ganha uma dimensão política.

 

Em 1961, casa-se com o seu segundo marido, o engenheiro brasileiro César Seabra, com quem fica até à morte deste, em 1997.

 

Em 1966, volta aos Estados Unidos, actuando no Lincoln Center, em Nova Iorque, com o maestro Andre Kostelanetz frente a uma orquestra, num programa essencialmente feito de canções do folclore português numa das noites e num outro, feito de fados (também com orquestra), na seguinte.

 

O mesmo espectáculo foi encenado, dias depois, no Hollywood Bowl.

 

Voltaria ao Lincoln Center em 1968.

 

Ainda em 1966, o seu amigo Alain Oulman é preso pela PIDE. Amália dá todo o seu apoio ao amigo e tudo faz para que seja libertado e posto na fronteira.

 

Em 1969, Amália é condecorada pelo novo presidente do conselho, Marcelo Caetano, na Exposição Mundial de Bruxelas antes de iniciar uma grande digressão à União Soviética.

  

 

 

Em 1971, encontra finalmente Manuel Alegre, exilado em Paris.

 

 

 

Em 1974 grava o álbum Encontro - Amália e Don Byas com o saxofonista Dob Byas.

 

Na chegada da democracia são-lhe prestadas grandes homenagens. É condecorada com o grau de oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelo então presidente da República, Mário Soares. Ao mesmo tempo, atravessa dissabores financeiros que a obrigam a desfazer-se de algum do seu património.

 

Em 1990, em França, depois da Ordem das Artes e das Letras, recebe, desta vez das mãos do presidente Mitterrand, a Légion d'Honneur.

 

 

 

Ao longo dos anos que passam, vê desaparecer o seu compositor Alain Oulman, o seu poeta David Mourão-Ferreira e o seu marido, César Seabra, com quem era casada há 36 anos.

 

Em 1997 é editado pela Valentim de Carvalho o seu último álbum com gravações inéditas realizadas entre 1965 e 1975 (Segredo). Amália publica um livro de poemas (Versos). É-lhe feita uma homenagem nacional na Exposição Mundial de Lisboa (Expo 98).

 

Em Abril de 1999, Amália desloca-se pela última vez a París, sendo condecorada na Cinemateca Francesa, por os muitos espectáculos que deu naquela cidade e, dever-se a ela o facto da França começar a apreciar o Fado. Já ligeiramente debilitada, agradeceu aos franceses o facto de se ter começado a projectar no mundo, pois era a partir de França que os seus discos se começaram a espalhar.

 

 

 

A 6 de Outubro de 1999, Amália Rodrigues morre, em sua casa, repentinamente, ao início da manhã, com 79 anos, poucas horas depois de regressar da sua casa de férias no litoral alentejano. Imediatamente, o então primeiro-ministro, António Guterres, decreta Luto Nacional por três dias. No seu funeral centenas de milhares de lisboetas descem à rua para lhe prestar uma última homenagem. Foi sepultada no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Dois anos depois, em Julho de 2001, o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional, em Lisboa. (após pressão dos seus admiradores e uma modificação da lei que exigia um mínimo de quatro anos antes da trasladação), onde repousam as personalidades consideradas expoentes máximos da nacionalidade.

 

Sabe-se então que Amália, vista por muitos como um dos Fs da ditadura ("Fado, Fátima e Futebol"), colaborara economicamente com o Partido Comunista Português quando este era clandestino. Amália Rodrigues representou Portugal em todo o mundo, de Lisboa ao Rio de Janeiro, de Nova Iorque a Roma, de Tóquio à União Soviética, do México a Londres, de Madrid a Paris (onde actuou tantas vezes no prestigiosíssimo Olympia).

Propagou a cultura portuguesa, a língua portuguesa e o fado.

 

O meu pai conheceu a “Senhora Dona Amália” como lhe chamou na altura, quando esta lhe pediu uma parte de uma flor (penso que hortênsias) que estavam num lindo vaso ao lado da sua casa, onde o meu pai trabalhava. O meu pai disse que sim, prometendo-as para breve – já que tinha que pedir ao dono das flores para a cortar, o que não sabia fazer de qualquer forma. Chegou a fazê-lo, mas nunca pode entregar-lhas, já que passado pouco tempo faleceu na mesma casa de onde lhe tinha pedido as flores. São coisas da vida. Fica o fado... e as hortênsias.

 

 

 

Mário L. Soares

Fonte: Wikipédia (como alterações da minha autoria)

 

publicado por Lagash às 16:27
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Domingo, 27 de Setembro de 2009

Morte de Ramalho Ortigão

(Ramalho Ortigão) 

 

José Duarte Ramalho Ortigão, nasceu no Porto, a 24 de Novembro de 1836 e morreu em Lisboa em 27 de Setembro de 1915, com 78 anos.

 

Nasceu na Casa de Germalde na freguesia de Santo Ildefonso. Era o mais velho de nove irmãos, filhos do primeiro-tenente de artilharia Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de D. Antónia Alves Duarte Silva Ramalho Ortigão.

Viveu a sua infância numa quinta do Porto com a avó materna, com a educação a cargo de um tio-avô e padrinho Frei José do Sacramento. Em Coimbra, frequentou brevemente o curso de Direito, começando a trabalhar como professor de francês no colégio da Lapa, no Porto, de que seu pai era director, e onde ensinou, entre outros, Eça de Queirós e Ricardo Jorge. Por essa altura, iniciou-se no jornalismo colaborando no Jornal do Porto.

 

Em 24 de Outubro de 1859 casou com D. Emília Isaura Vilaça de Araújo Vieira, de quem veio a ter três filhos: Vasco, Berta e Maria Feliciana.

 

Ainda no Porto, envolveu-se na Questão Coimbrã com o folheto "Literatura de hoje", acabando por enfrentar Antero de Quental num duelo de espadas, a quem apodou de cobarde por ter insultado o velho António Feliciano de Castilho. Ramalho ficou fisicamente ferido no duelo travado, em 6 de Fevereiro de 1866, no Jardim de Arca d'Água.

 

No ano seguinte, em 1867, visita a Exposição Universal em Paris, de que resulta o livro Em Paris, primeiro de uma série de livros de viagens. Insatisfeito com a sua situação no Porto, muda-se para Lisboa com a família, agarrando uma vaga para oficial da Academia das Ciências de Lisboa.

 

Reencontra em Lisboa o seu ex-aluno Eça de Queirós e com ele escreve um "romance execrável" (classificação dos autores no prefácio de 1884): O mistério da estrada de Sintra (1870). No mesmo ano, Ramalho Ortigão publica ainda Histórias cor-de-rosa e inicia a publicação de Correio de Hoje (1870-71). Em parceria com Eça de Queirós, surgem em 1871 os primeiros folhetos de As Farpas, de que vem a resultar a compilação em dois volumes sob o título Uma Campanha Alegre. Em finais de 1872, o seu amigo Eça de Queirós parte para Havana exercer o seu primeiro cargo consular no estrangeiro, continuando Ramalho Ortigão a redigir sozinho As Farpas.

 

Entretanto, Ramalho Ortigão tornara-se uma das principais figuras da chamada Geração de 70. Vai acontecer com ele o que aconteceu com quase todos os membros dessa geração. Numa primeira fase, pretendiam aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, cosmopolitas e anticlericais. Desiludidos com as Luzes europeias do progresso material, porém, numa segunda fase voltaram-se para as raízes de Portugal e para o programa de um "reaportuguesamento de Portugal". É dessa segunda fase a constituição do grupo "Os Vencidos da Vida", do qual fizeram parte, além de Ramalho Ortigão, o Conde de Sabugosa, o Conde de Ficalho, Marquês de Soveral, Conde de Arnoso, Antero de Quental, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Carlos Lobo de Ávila, Carlos de Lima Mayer e António Cândido. À intelectualidade proeminente da época juntava-se agora a nobreza, num último esforço para restaurar o prestígio da Monarquia, tendo o Rei D. Carlos I sido significativamente eleito por unanimidade "confrade suplente do grupo".

 

 

(Caricatura de Ramalho Ortigão por Raphael Bordalo Pinheiro em 1880) 

 

Na sequência do assassínio do Rei, em 1908, escreve D. Carlos o Martirizado. Com a implantação da República, em 1910, pede imediatamente a Teófilo Braga a demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda, escrevendo-lhe que se recusava a aderir à República "engrossando assim o abjecto número de percevejos que de um buraco estou vendo nojosamente cobrir o leito da governação". Saiu em seguida para um exílio voluntário em Paris, onde vai começar a escrever as Últimas Farpas (1911-1914) contra o regime republicano. O conjunto de As Farpas, mais tarde reunidas em quinze volumes, a que há que acrescentar os dois volumes das Farpas Esquecidas, e o referido volume das Últimas Farpas, foi a obra que mais o notabilizou por estar escrita num português muito rico, com intuitos pedagógicos, sempre muito crítico e revelando fina capacidade de observação. Eça de Queirós escreveu que Ramalho Ortigão, em As Farpas, "estudou e pintou o seu país na alma e no corpo".

 

Regressa a Portugal em 1912 e, em 1914 dirige a célebre Carta de um velho a um novo, a João do Amaral, onde saúda o lançamento do movimento de ideias políticas denominado Integralismo Lusitano:

 

"A orientação mental da mocidade contemporânea comparada à orientação dos rapazes do meu tempo estabelece entre as nossas respectivas cerebrações uma diferença de nível que desloca o eixo do respeito na sociedade em que vivemos obrigando a elite dos velhos a inclinar-se rendidamente à elite dos novos"

 

Vítima de um cancro, recolheu-se na casa de saúde do Dr. Henrique de Barros, na então Praça do Rio de Janeiro, em Lisboa, vindo a falecer em 27 de Setembro de 1915, na sua casa da Calçada dos Caetanos, Freguesia da Lapa.

 

Foi Comendador da Ordem de Cristo e Comendador da Ordem da Rosa, no Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi Secretário e Oficial da Academia Nacional de Ciências, Vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, Membro da Sociedade Portuguesa de Geografia, da Academia das Belas-Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica, membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica de Madrid, da Real Academia de Belas Artes de S. Fernando, da Union Ibero-Americana, e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras.

 

Fonte: Wikipédia (com algumas alterações de minha autoria)

 

 

publicado por Lagash às 16:19
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Quinta-feira, 24 de Setembro de 2009

Poema XXII de Elementos

 

(Dolmen de Ballykeel na Irlanda) 

 

Ah! Não me enterrem vivo!

Não me fechem num caixão com o silêncio.

Ao lado do Grito.

Quando eu morrer

estendam-me numa rocha nua.

E deixem-me ser devorado pelas pedras.

Pelos bicos das nuvens.

Morte é liberdade.

Ar.

 

José Gomes Ferreira

 

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Terça-feira, 15 de Setembro de 2009

Morreu Patrick Swayze


Dirty Dancing - Final Dance - Time of my Life
Enviado por Schutzengerl1205. - Televisão clássica online

 

 

Partiste cedo Patrick. Hoje deixaste-nos mais pobres, tinhas 57 anos. Nunca recebeste um oscar, nem tiveste grandes oportunidades como tantos outros a quem lhes foi dado o mundo. Lutaste na vida para conseguir o que quiseste. Jogaste futebol americano, foste bailarino e actor.

 

O Dirty Dancing e o Ghost ficarão para sempre nas nossas memórias.

 

Um cancro no pâncreas levou-te. Deixa-nos saudade.

 

I hope you’ve had the time of your life while you were here…

 

Mário L. Soares

 

I've had the time of my life

 

Now I've had the time of my life

No I never felt like this before

Yes I swear it's the truth

And I owe it all to you

'Cause I've had the time of my life

And I owe it all to you

 

I've been waiting for so long

Now I've finally found someone

To stand by me

We saw the writing on the wall

As we felt this magical

Fantasy

 

Now with passion in our eyes

There's no way we could disguise it

Secretly

So we take each other's hand

'Cause we seem to understand

The urgency

Just remember

 

You're the one thing

I can't get enough of

So I'll tell you something

This could be love because

 

I've had the time of my life

No I never felt this way before

Yes I swear it's the truth

And I owe it all to you

 

Hey, baby

 

With my body and soul

I want you more than you'll ever know

So we'll just let it go

Don't be afraid to lose control, no

Yes I know what's on your mind

When you say, "Stay with me tonight"

Just remember

 

You're the one thing

I can't get enough of

So I'll tell you something

This could be love because

 

I've had the time of my life

No I never felt this way before

Yes I swear it's the truth

And I owe it all to you

 

 

But I've had the time of my life

And I've searched though every open door

Till I found the truth

And I owe it all to you

 

Now I've had the time of my life

No I never felt this way before

Yes I swear it's the truth

And I owe it all to you

 

I've had the time of my life

No I never felt this way before

Yes I swear it's the truth

And I owe it all to you

 

'Couse I've had the time of my life

And I've searched though every open door

Till I found the truth

And I owe it all to you...

 

Bill Medley & Jennifer Warnes

 

publicado por Lagash às 10:43
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Quinta-feira, 10 de Setembro de 2009

O Anjo Caído

 

(Estátua de Lúcifer - "El Ángel Caído" em Madrid no Parque del Retiro) 

 

Era um anjo de Deus

Que se perdera dos céus

E terra a terra voava.

A seta que lhe acertava

Partira de arco traidor,

Porque as penas que levava

Não eram penas de amor.

 

O anjo caiu ferido,

E se viu aos pés rendido

Do tirano caçador.

De asa morta e sem ‘splendor

O triste, peregrinando

Por estes vales de dor,

Andou gemendo e chorando.

 

Vi-o eu, o anjo dos céus,

O abandonado de Deus,

Vi-o, nessa tropelia

Que o mundo chama alegria,

Vi-o a taça do prazer

Pôr ao lábio que tremia...

E só lágrimas beber.

 

Ninguém mais na terra o via,

Era eu só que o conhecia...

Eu que já não posso amar!

Quem no havia de salvar?

Eu, que numa sepultura

Me fora vivo enterrar?

Loucura! ai, cega loucura!

 

Mas entre os anjos dos céus

Faltava um anjo ao seu Deus;

E remi-lo e resgatá-lo,

Daquela infâmia salvá-lo

Só força de amor podia.

Quem desse amor há-de amá-lo,

Se ninguém o conhecia?

 

Eu só, - e eu morto, eu descrido,

Eu tive o arrojo atrevido

De amar um anjo sem luz.

Cravei-a eu nessa cruz

Minha alma que renascia,

Que toda em sua alma pus,

E o meu ser se dividia,

 

Porque ele outra alma não tinha,

Outra alma senão a minha...

Tarde, ai! tarde o conheci,

Porque eu o meu ser perdi,

E ele à vida não volveu...

Mas da morte que eu morri

Também o infeliz morreu.

 

Almeida Garrett

 

publicado por Lagash às 16:14
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Sexta-feira, 4 de Setembro de 2009

Sofrimento

 

 

O amor tem mais que o nada do mundo

Viver a morte, viver o sofrimento

Viver uma vida sofrida e amargurada…

É a morte lenta e sem sentido.

 

Temos um prenúncio, um caminho

Saber a senda que nos foi designada

É auguro de poucos, e loucos…

Os olhos vêem mais que o que está à vista.

 

Vê! Há mais no coração que apenas frio.

Há mais na vida do que a morte!

Vê! Vive o teu dia e avança.

 

Vê! Há mais no mundo, tem esperança

Há mais na alma que as pedras da vida!

Vê! Ama a vida… e sorri.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:09
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Declaração

Declaro que a responsabilidade de todos os textos / poesia / prosa publicados é minha no respeitante à transcrição dos mesmos. Faço todos os possíveis para contactar o(s) autor(es) dos trabalhos a fim de autorizarem a publicação, na impossibilidade de o fazer, caso assim o entenda o autor ou representante legal deverá contactar-me a fim de que o mesmo seja retirado - o que será feito assim que receba a informação. Os trabalhos assinados "Mário L. Soares" são de minha autoria e estão protegidos com a lei dos direitos de autor vigente. Quanto às fotografias, todas, cujo autor não esteja identificado, são de "autor desconhecido" - caso surja o respectivo autor de alguma, queira por favor contactar-me para proceder à sua identificação e se for caso disso retirada do blog. Às restantes fotografias aplicarei o mesmo princípio dos trabalhos escritos. Obrigado. Mário L. Soares - lagash.blog@sapo.pt

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