Segunda-feira, 1 de Fevereiro de 2010

São crianças

 

 

São crianças aquelas

Que vês ao fundo

No caminho que velas

Na trilha do mundo

 

Brilham os olhos

Lágrimas de amor

E abraços aos molhos

Pedaços sem dor

 

É amor o que vendem

E sonhos escondidos

São as coisas que sentem

 

São os choros sentidos

E a alegria que aprendem

No coração garantidos

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:19
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Quarta-feira, 6 de Janeiro de 2010

Nem tudo o que parece é

 

 

Será que é aquilo que parece?

Ou poderá o que fosse, não ser,

E ser aquilo que me apetece

Em vez daquilo que estou a ver?

 

Não será o que é, por certo,

Nem poderá ser aquilo que penso,

Está mesmo aqui tão perto,

Que os meus olhos não venço.

 

Que pode ser que vê a mente

Que nem o coração ver quer,

E o peito rebenta quando sente.

 

É apenas o que quero perceber:

Será aquilo que não vê a gente,

Mas aquilo que se quer ver?

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:11
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Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2009

Barrow-on-furness IV

 

 

IV 

 

Conclusão a sucata!... Fiz o cálculo, 

Saiu-me certo, fui elogiado... 

Meu coração é um enorme estrado 

Onde se expõe um pequeno animálculo 

 

A microscópio de desilusões 

Findei, prolixo nas minúcias fúteis... 

Minhas conclusões práticas, inúteis... 

Minhas conclusões teóricas, confusões... 

 

Que teorias há para quem sente 

O cérebro quebrar-se, como um dente 

Dum pente de mendigo que emigrou?  

 

Fecho o caderno dos apontamentos 

E faço riscos moles e cinzentos 

Nas costas do envelope do que sou... 

 

Álvaro de Campos

 

publicado por Lagash às 16:26
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Terça-feira, 15 de Dezembro de 2009

Barrow-on-Furness I

 

 

I

 

 

Sou vil, sou reles, como toda a gente,

Não tenho ideais, mas não os tem ninguém.

Quem diz que os tem é como eu, mas mente.

Quem diz que busca é porque não os tem.

 

É com a imaginação que eu amo o bem.

Meu baixo ser porém não mo consente.

Passo, fantasma do meu ser presente,

Ébrio, por intervalos, de um Além.

 

Como todos não creio no que creio.

Talvez possa morrer por esse ideal.

Mas, enquanto não morro, falo e leio.

 

Justificar-me? Sou quem todos são...

Modificar-me? Para meu igual? ...

- Acaba lá com isso, ó coração!

 

Álvaro de Campos

 

publicado por Lagash às 16:19
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Segunda-feira, 16 de Novembro de 2009

Voar

 

(Gaivota no porto de Dover - Reino Unido, no ferry do canal da mancha - Maio de 2008, por Mário L. Soares) 

 

 

Penso em ti

e no teu abraço,

no teu beijo

no nosso laço.

 

Gosto de amar

e em ti sorrir

de te olhar

e o céu abrir.

 

De o corpo suar

e de alma oferecida

no éter pairar.

 

Oh, minha querida!

Sinto o coração voar

no meu peito, p’la tua vida.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:05
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Quinta-feira, 12 de Novembro de 2009

Escreve-me

 

 

Escreve-me! Ainda que seja só

Uma palavra, uma palavra apenas,

Suave como o teu nome e casta

Como um perfume casto d'açucenas!

 

Escreve-me! Há tanto, há tanto tempo

Que te não vejo, amor! Meu coração

Morreu já, e no mundo aos pobres mortos

Ninguém nega uma frase d'oração!

 

"Amo-te!" Cinco letras pequeninas,

Folhas leves e tenras de boninas,

Um poema d'amor e felicidade!

 

Não queres mandar-me esta palavra apenas?

Olha, manda então... brandas... serenas...

Cinco pétalas roxas de saudade...

 

Florbela Espanca

 

publicado por Lagash às 16:17
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Terça-feira, 27 de Outubro de 2009

Confio

 

 

Confio no sorriso de uma criança,

creio no ser melhor todos os dias.

Acredito no cume da montanha

que toca o céu com as mãos.

 

Confio naquele olhar infinito,

no porvir mais desejado,

na sinceridade dos Homens,

e na verdade da Palavra.

 

Confio no saber e nos livros,

no bem sobre o mal,

no coração de um mendigo,

mesmo que falseie o seu mundo.

 

Confio em ti e no momento,

e no que sentes assim.

Confio-te o meu ser – agora.

Confio na tua mão e no amor.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:21
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Quarta-feira, 14 de Outubro de 2009

Dar-te-ia o meu coração

 

 

Dar-te-ia o meu coração

no momento em que te vi.

Mas deixá-lo-ias cair ao chão,

no escuro piso de alcatrão,

tal é o peso do meu amor por ti.

 

É para evitar essa maçada

que te entrego antes este beijo.

É mais leve e não dói nada!

E prometo que quando fores beijada

será com todo o meu desejo.

 

Pelo sim, pelo não,

vem ai um camião,

vamos é fugir da estrada,

antes que a gente morra atropelada

e fica o beijo para outro dia.

 

Vicente Roskopt

in http://osedutorfarsolas.blogspot.com

 

 

 

publicado por Lagash às 16:09
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Segunda-feira, 14 de Setembro de 2009

Despedida

 

(última cena do filme "Casablanca" com Humphfrey Bogart e Ingrid Bergman) 

 

Por mim, e por vós, e por mais aquilo

que está onde as outras coisas nunca estão

deixo o mar bravo e o céu tranquilo:

quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.

E como o conheces? - me perguntarão. -

Por não ter palavras, por não ter imagem.

Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras?

Tudo.

Que desejas?

Nada.

Viajo sozinha com o meu coração.

Não ando perdida, mas desencontrada.

Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.

Voou meu amor, minha imaginação...

Talvez eu morra antes do horizonte.

Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.

(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!

Estandarte triste de uma estranha guerra...)

Quero solidão.

 

Cecília Meireles

 

publicado por Lagash às 16:12
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Quinta-feira, 21 de Maio de 2009

As Barreiras da Vida

 

(foto de Oliver Ross) 

 

Estão barradas as portas

Blocos grandes de cimento

Cobrem de negro rosas mortas

Que jazem no chão eternamente

 

São vidas perdidas, paradas…

Pára o sangue que está a morrer,

Pede perdão às pedras suadas

E uma nova razão de viver!

 

A mão que rasga o tijolo rugoso,

Que empurra a murro a pedra imóvel

Que lava de lágrimas o concreto orgulhoso.

 

Bate no coração que quer viver

Volve dentro do peito de raiva!

Será ele que o irá vencer…

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:16
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Sábado, 14 de Fevereiro de 2009

Definição de amor

 

(foto "lovers in the park" por Brian J. Lawson) 

 

O amor ao amante amado e desejado é a sensação do coração, que a mente tenta compreender, o corpo tenta controlar, os olhos tentam observar, os ouvidos escutar, as mãos palpar, o pintor recriar, o músico harmonizar, o poeta em palavras falar. Mas nenhum algum dia conseguirá recitar a mais bela pintura, que harmoniza pelo ar, impossível de recriar, um som inaudível, transparente e no entanto sempre lá, incontrolável e incompreensível, que é o amor.

 

Mário L. Soares

 

 

publicado por Lagash às 10:03
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Terça-feira, 3 de Fevereiro de 2009

Bica e pastel de nata!

 

 

Uma torrada e um sumo de laranja, por favor…

Uma vida e todo o seu sentido, bem fresco…

Um galão e uma tosta mista, faz favor…

A tua mão e toda a tua liberdade, bem quente…

 

Um fino e uma bola de Berlim p’ro miúdo…

Um vício e um tormento diário, para todos…

Um prego no pão e um bagaço, para o balcão!

Anos de vida sem passado nem futuro!

 

Uma ginjinha e um croissant aquecido

Uma nikita e uma broa de mel!

A cabeça de João Baptista numa bandeja!

 

Uma bifana com queijo e uma bica cheia…

Uma italiana e um pastel de bacalhau!

O meu coração cortado às postas!

 

Mário L. Soares

publicado por Lagash às 16:05
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Terça-feira, 23 de Dezembro de 2008

Sabor do pecado

 

(foto retirada da internet - desconheço o autor) 

 

Tens um odor encantado,

Meu objeto adorado,

Colibri dos dias meus...

Se me beijas como à flor,

Eu me entrego com ardor

Ao sabor dos lábios teus.

 

Nosso caso, apimentado,

Com tempero de pecado,

Transborda em excitação.

No vai-vem dos nossos laços,

No roçar de nossos braços,

Explode esta relação.

 

O momento mais bonito

É quando vibro e grito

De tanta satisfação...

Nada embota este prazer

Que é a ti pertencer,

Corpo, alma e coração...

 

Piero Valmart

 

publicado por Lagash às 16:26
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Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2008

Silêncio

 

(foto retirado da internet - desconheço o autor) 

 

Parar o mundo e dormir

Colocar uma pausa na música

Burburinho a tinir…

Cobrir o céu com a túnica

 

Silenciar os pássaros a voar,

Calar as bocas que falam,

Segurar assobio no ar.

Param as coisas que estalam…

 

Tudo está calmo e parado,

Todos somos nós e os outros,

Nada está mais que calado.

 

Todo o som nos dá calma,

Só o coração bate aos socos,

E o silêncio, a música da alma.

 

Mário L. Soares

 

publicado por Lagash às 16:16
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Terça-feira, 29 de Abril de 2008

Bate coração

 

 

Não sei se um coração basta

Para que bata sozinho,

 

 

Não sei se o amor

Leva a água ao moinho,

 

 

Não sei se o beijo

Apazigua paixões.

 

 

Nem se é isso

Que altera emoções.

 

 

Sei apenas que és quem vai voltar.

És tu o meu amar.

 

 

Mário L. Soares

publicado por Lagash às 13:10
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Declaração

Declaro que a responsabilidade de todos os textos / poesia / prosa publicados é minha no respeitante à transcrição dos mesmos. Faço todos os possíveis para contactar o(s) autor(es) dos trabalhos a fim de autorizarem a publicação, na impossibilidade de o fazer, caso assim o entenda o autor ou representante legal deverá contactar-me a fim de que o mesmo seja retirado - o que será feito assim que receba a informação. Os trabalhos assinados "Mário L. Soares" são de minha autoria e estão protegidos com a lei dos direitos de autor vigente. Quanto às fotografias, todas, cujo autor não esteja identificado, são de "autor desconhecido" - caso surja o respectivo autor de alguma, queira por favor contactar-me para proceder à sua identificação e se for caso disso retirada do blog. Às restantes fotografias aplicarei o mesmo princípio dos trabalhos escritos. Obrigado. Mário L. Soares - lagash.blog@sapo.pt

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