Ai, como eu te queria toda de violetas
E flébil de cetim...
Teus dedos longos, de marfim,
Que os sombreassem jóias pretas...
E tão febril e delicada
Que não pudesse dar um passo -
Sonhando estrelas, transtornada,
Com estampas de cor no regaço...
Queria-te nua e friorenta,
Aconchegando-te em zibelinas -
Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas...
Ah! que as tuas nostalgias fossem guizos de prata -
Teus frenesis, lantejoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata...
……………
Teus beijos, queria-os de tule,
Transparecendo carmim -
Os teus espasmos, de seda...
— Água fria e clara numa noite azul,
Água, devia ser o teu amor por mim...
Mário de Sá-Carneiro
Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza de açucenas,
Tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de Portugal, as tardes d’Anto,
Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!...
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!
Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...
E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...
Florbela Espanca
De vila à cidade,
engolimos alegres quilómetros
e pautamos uma viagem
por escritas e visitas, que
iremos de Sul a Norte,
no desenlaço da regra
e fronteira invisível,
desconhecido lado e lugar
na troca gira de volante,
veloz, um beijo e queijo
com mimos de vinho,
seremos a aventura ardente,
palpitantes do inseguro,
na desvenda parcial
de pessoas e luares.
Tu, meu homem suado
em arrepio prazerento,
o descanso soletrado
no brilho do sol igual,
da costa azurada,
esfomeados encantados,
eu, a mulher em ti só,
irei a praça das aldeias
de sorrisos alegrettos,
faremos salada de tomate
com orégões e amor,
assobios de chocolate
com rum e línguas
enroladas de conversas.
Em silêncio natura-magnífico,
sopramos as cortinas
de cores e símbolos,
com maternal costura,
ora, abertas, ora, fechadas,
no momento digamos
assim, toliçamos,
penetramos e cantamos
do roteiro a seguir,
na caravana que abana,
de suave em louco
riso sobre rodas,
pesadas em cúmplice,
do mais puro destino
desta bela viagem,
em vai-vem perpétuo.
Brinda Priem
in http://made-in-belgium.blogspot.com/
(amigos com 16 anos em média proprietários e locutores de uma rádio local pirata de grande sucesso na margem sul)
Lembranças, meu Deus…
Que lembranças tenho,
De tudo e de todos os meus,
Em mim marcadas em estanho.
Lembro amigos que cá ficam,
Dos risos e bons momentos,
Tenho os maus para contradição,
Do choro e dos lamentos.
Lembro festas de arrepiar,
Com bebida e muita dança,
De boas comidas manjar,
Rebolar ao encher a pança.
Lembro trabalho e também lazer,
Viagens e muito passeio,
Beleza e grandeza que me deu prazer,
Tudo isto, trago em meu seio.
Lembro os beijos e abraços,
Tenho em mim as despedidas,
No coração levo os amassos
Das noites de amor perdidas.
Lembro as lágrimas que sofri,
De amores que já foram,
As promessas que já perdi…
Das vidas que me marcaram.
Guardo-as dentro de mim,
São minhas, só eu as posso ter,
Tenho-as com carinho, assim…
Espero nunca as perder…
Mário L. Soares
(desconheço o autor da foto)
Meu amor de pequenino,
vens de mansinho,
dizes olá devagarinho,
pedes-me um beijinho.
Solto com carinho,
encosto os lábios levezinho,
com a mão no queixinho
do meu belo amorzinho.
Fecho apenas um olhinho
com amor molhadinho,
quente no meu colinho,
dou-te mais este beijinho.
Mário L. Soares
Lábios
que encontram outros lábios
num meio de caminho, como peregrinos
interrompendo a devoção, nem pobres
nem sábios numa embriaguez sem vinho:
que silêncio os entontece quando
de súbito se tocam e, cegos ainda,
procuram a saída que o olhar esquece
num murmúrio de vagos segredos?
É de tarde, na melancolia turva
dos poentes, ouvindo um tocar de sinos
escorrer sob o azul dos céus quentes,
que essa imagem desce de agosto, ou
setembro, e se enrola sem desgosto
no chão obscuro desse amor que lembro.
Nuno Júdice
(foto retirada de http://semadocante.blogs.sapo.pt/ - desconheço o autor)
Viajo até o ponto mais arrepiante da tua nuca
Percebo o endurecimento do seu corpo
Teus seios
Teus braços
Tua boca
Arrepios
Calafrios
Minha mão decorando teus poros
A ponto de contá-los
Um a um
Conheço o gosto de cada centímetro
Beijos
Cheiros
Misturas
Sinto tremores
Amores
Fisgadas
Calafrios
Minha mão decorando teus pelos
Conheço-os um a um
Cobertura delicada
Da meiga e rija vulva
Que sabe dizer o meu nome
Que me beija
Já não sei onde fica a sua boca
Língua
Mistura
Carnes em estado de fusão
Corpos em estado de tesão
Gozo
Gritos
Beijos
Mentiras
Promessas falsas
Traição
Silvio Helder Lencioni Senne
Os dias sem beijinhos são uma seca!
São tão maus de passar!
É uma coisa que me inquieta...
São dias que se alongam e que teimam em perdurar!
Dias com beijinhos indesejados são piores
e não deixam de acontecer.
Eu que sou alérgico a flores,
se o torno também com beijos, um dia acabo por morrer!
Ai... há beijinhos tão bons...
Ai... há raparigas tão giras...
Mas são um escândalo esses sons,
quando eu te beijo e tu suspiras!
Vicente Roskopt
(foto de Tommy L. Edwards)
Bebi-te num beijo perfumado,
Naveguei o teu corpo só
Tomado no cetim dos lençóis,
No calor de mil Sóis,
Pele nua em olhos de dó
De silêncio imaculado.
Diluí-me no teu suspiro,
Em leves toques da tua mão
Perdida num cheio luar,
Num deserto de mar
Cativo na solidão,
Na pureza que te tiro.
Sei-me um pedaço de ti,
Pele rosada dos teus seios,
Palavra solta em tua boca
De ti mulher louca
Sombra dos meus receios,
Que tão bela nunca vi.
Rasga-se um sorriso no prazer
Numa lágrima de alegria,
De desejo escondido do passado,
Pensamento assim, ousado,
Gritado em sã histeria
Para mais ninguém saber.
Leio-me nas tuas linhas,
Masturbo todas as palavras
Pintadas de tantas cores,
Decoradas como flores
Nestes olhos que lavras,
Neste amor que me tinhas.
Fernando Jorge M. Saiote (Alemtagus)
Eu bebo a Vida, a Vida, a longos tragos
Como um divino vinho de Falerno
Poisando em ti o meu olhar eterno
Como poisam as folhas sobre os lagos...
Os meus sonhos agora são mais vagos
O teu olhar em mim, hoje é mais terno...
E a Vida já não é o rubro inferno
Todo fantasmas tristes e presságios!
A Vida, meu amor, quero vivê-la!
Na mesma taça erguida em tuas mãos,
Bocas unidas hemos de bebê-la!
Que importa o mundo e as ilusões defuntas?...
Que importa o mundo e seus orgulhos vãos?...
O mundo, Amor!...As nossas bocas juntas!...
Florbela Espanca
(original da autora arquivado na Biblioteca Nacional de Portugal no Campo Grande em Lisboa - Espólio de Florbela Espanca)
(foto retirada da internet - desconheço o autor)
Doce amor de sal em torrões,
Salpicados de suor nas secas bocas
Amantes sorvendo a água em monções,
Odores de amores, esfregadas as pernas loucas.
Beijos sem destino tocam cabelos,
Lágrimas sem dor forçam a entrada,
Gritos abafados em rostos belos…
Olhos extasiados cheios de vida penetrada.
Transportados para fora da estratosfera
Voam em bebedeiras de sabor a pele,
Quentes de abraços que o amor enternecera.
Vagem doce com molho de mel que corre,
Sopa de línguas e carne com muito gosto,
Saber o amor da vida que não morre…
Mário L. Soares
Lembranças, meu Deus…
Que lembranças tenho,
De tudo e de todos os meus,
Em mim marcadas em estanho.
Lembro amigos que cá ficam,
Dos risos e bons momentos,
Tenho os maus para contradição,
Do choro e dos lamentos.
Lembro festas de arrepiar,
Com bebida e muita dança,
De boas comidas manjar,
Rebolar ao encher a pança.
Lembro trabalho e também lazer,
Viagens e muito passeio,
Beleza e grandeza que me deu prazer,
Tudo isto, trago em meu seio.
Lembro os beijos e abraços,
Tenho em mim as despedidas,
No coração levo os amassos
Das noites de amor perdidas.
Lembro as lágrimas que sofri,
De amores que já foram,
As promessas que já perdi…
Das vidas que me marcaram.
Guardo-as dentro de mim,
São minhas, só eu as posso ter,
Tenho-as com carinho, assim…
Espero nunca as perder…
Mário L. Soares
De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.
E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.
Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.
Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.
Natália Correia
Beijos mais ainda,
Que os outros
Foram poucos
E estes quais
Cerejas vêm uns
Atrás dos outros,
E são tão poucos...
Levas mais,
Contigo outros,
E são poucos,
Loucos...
Para ti muitos...
Beijos, já roucos...
Mário L. Soares (31/03/2008 02h32)
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