Festejamos o ano que termina, o novo que começa, fechamos a porta ao passado resolvendo as questões pendentes, olhamos o futuro com optimismo e determinação na certeza que o amanhã será melhor do que hoje… MAS QUEM É QUE ANDAMOS A ENGANAR?
Antes do nascimento de Cristo um imperador romano acrescentou dois meses ao calendário que conhecemos hoje (no caso Janeiro e Fevereiro) por uma questão de superstição, já que antes disso o ano tinha apenas 304 dias. Assim, se não fosse este imperador, estaríamos a comemorar – absolutamente nada a não ser a passagem de um dia para outro.
A necessidade do ser humano de dividir o tempo em blocos estáticos e recordar datas específicas prende-se não só para a obvia organização do tempo, mas também e principalmente para conseguir terminar ciclos temporais significativos nas nossas vidas. Desta forma, conseguimos o “para o próximo ano tudo irá correr melhor”, ou “que o ano novo seja tudo o que este não foi”.
É a esperança no amanhã que necessitamos que nos obriga a dividir o tempo.
O tempo, esse é cada minuto. O tempo é cada segundo que passa, se queremos dividi-lo. Mas é um contínuo, é um ininterrupto continuar e correr de areia numa ampulheta. Não pára!
Vivê-lo como se fosse o último grão de areia é a nossa função. Festejar cada MINUTO NOVO! Cada SEGUNDO NOVO! Cada GRÃO DE AREIA NOVO!
Vamos dizer aos amigos e família – Feliz GRÃO DE AREIA! – Mas todos os minutos! Todos os segundos e todos os grãos!
E como dizia o Solnado: “Façam favor de ser felizes!”
Mário L. Soares
Tu perguntas, e eu não sei,
eu também não sei o que é o mar.
É talvez uma lágrima caída dos meus olhos
ao reler uma carta, quando é de noite.
Os teus dentes, talvez os teus dentes,
miúdos, brancos dentes, sejam o mar,
um mar pequeno e frágil,
afável, diáfano,
no entanto sem música.
É evidente que a minha mãe me chama
quando uma onda e outra onda e outra
desfaz o seu corpo contra o meu corpo.
Então o mar é carícia,
luz molhada onde desperta meu coração recente.
Às vezes o mar é uma figura branca
cintilando entre os rochedos.
Não sei se fita a água
ou se procura
um beijo entre conchas transparentes.
Não, o mar não é nardo nem açucena.
É um adolescente morto
de lábios abertos aos lábios de espuma.
É sangue,
sangue onde a luz se esconde
para amar outra luz sobre as areias.
Um pedaço de lua insiste,
insiste e sobe lenta arrastando a noite.
Os cabelos da minha mãe desprendem-se,
espalham-se na água,
alisados por uma brisa
que nasce exactamente no meu coração
O mar volta a ser pequeno e meu,
anémona perfeita, abrindo nos meus dedos.
Eu também não sei o que é o mar.
Aguardo a madrugada, impaciente,
os pés descalços na areia.
Eugénio de Andrade
Uma obscura e inquieta castidade
pôs uma flor para mim no jardim mais secreto
num horizonte de graça e claridade
intangível e perto.
Promessa estática no luar
da densidade em mim corpórea,
não é a culpa, é a memória
da primeira manhã do pecado,
sem Eva e sem Adão.
Só o fruto provado
e a serpente enroscada
na minha solidão.
Natália Correia
Flor de acaso ou ave deslumbrante,
Palavra tremendo nas redes da poesia,
O teu nome, como o destino, chega,
O teu nome, meu amor, o teu nome nascendo
De todas as cores do dia!
Alexandre O’Neil
Natal. Na província neva.
Nos lares aconchegados
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só, e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei.
Fernando Pessoa
I'm dreaming of a white Christmas
Just like the ones I used to know
Where the treetops glisten,
and children listen
To hear sleigh bells in the snow
I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all your Christmases be white
I'm dreaming of a white Christmas
With every Christmas card I write
May your days be merry and bright
And may all your Christmases be white
Bing Crosby
Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
Fernando Pessoa
Nesta altura do ano, quer-se agradar a todos os mais queridos e presenteá-los com bonitas e caras prendas.
Sob o divino auspício do todo-poderoso Pai Natal, queremos comprar este mundo e o outro para poder chegar ao coração dos nossos familiares, colegas de trabalho e amigos. Sabemos quem nos vai dar presentes e obrigamo-nos a retribuir, de preferência com um presente de igual valor, para não parecer mal e para não ficar mal visto. Damos, pelo acto e facto de “ter de ser” sob pena de irmos para o inferno do pós vida e para o inferno da vida actual, que não é mais que a tal lista dos “desgraçados que não me deram nada pelo Natal”, ou aquela lista dos que “eu dei-lhe um presente tão bonito, e não recebi nada em troca…”.
O Natal é mais do que isso. É tempo de lembrar os mais queridos. É tempo de querer estar com essas pessoas. É tempo da palavra saudade e de amor. É altura de estarmos bem, sentirmos quente, comer e beber, contar histórias antigas, rir e cantar. Esse é espírito do Natal.
Natal é quando o Homem quer? Sim, mas mais do que isso, Natal é o que o Homem quiser. E isso significa que podemos fazer do nosso Natal um dia de compras, consumismo e materialização do capitalismo, ou, independentemente dessa premissa, podemos adicionar-lhe o nosso amor pelo próximo e transformá-lo num dia de alegria. Assim, dando amor, e sendo esse o nosso principal presente, podemos fazer dos Natais de todos os lares de todo o mundo, um centro de troca de energias positivas e de crescimento espiritual, intelectual, emocional e psíquico.
Troque uma história bonita com o seu pai, mãe, irmão, amigo ou quem quer que esteja consigo neste Natal. Dê ao próximo um sorriso e espere o mesmo de volta. Faça rir quem está à sua volta – é fácil – lembre-se de como era quando era criança… infantil? Sim, mas tão bom… Dê um beijo a quem ama. Assim, simplesmente – um beijo. Verá que outros olhos estarão à sua frente. Adicione um abraço quente e sincero. Embrulhe tudo com um carinho e palavras de amor ridículas… Um sucesso!
As prendas deviam ser assim. Mas, à falta de melhor, ofereça umas peúgas… fica sempre bem e é muito económico.
Beijos e abraços e desejos de um bom Natal.
Mário L. Soares
Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela,
Que é tão bela,
Ó pescador?
Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Ó pescador!
Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Ó pescador!
Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela
Só de vê-la,
Ó pescador!
Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela,
Foge dela,
Ó pescador!
Almeida Garrett
Wake up in the morning
And you're lying beside me
Knowing that you're feeling
The same way for me
All I wanna do is kiss
Your lips and say
Can't help this passion
That I'm feeling inside me
All I wanna hear you say is
That you're there with me
All I wanna do is kiss your
Lips and say
That I've seen
Your face,
Yesterday I met you I just can't
Forget you baby
Your embrace
If the wrong were the right
Then the battles that we fight
Would be worth it
You make me feel
You make me feel
... so good
Call me in the morning say you love wherever
Touch me in the night I want you 24/7
All I wanna do is
Get down with you and say
(you should) Kiss me and
Caress me cuz I really need
Hold me so near cuz
I'm startin' to miss you
All I wanna do is
Get down with you and say
That I've Seen Your face
Yesterday I met you I just can't
Forget you baby
Your embrace
If the wrong were the right
Then the battles that we fight
Would be wort it
You make me feel
You make me feel
... so good
What would I do?
If I couldn't be with you?
What would I say?
If I couldn't be with... My baby
Seen Your face (seen your face)
Yesterday I met you I just can't
Forget you baby
Your embrace
If the wrong were the right
Then the battles that we fight
Would be worth it
You make me feel
You make me feel
Like I've Seen Your face (seen your face)
Yesterday I met you I just can't
Forget you baby
Your embrace
If the wrong were the right
Then the battles that we fight
Would be worth it
You make me feel
You make me feel
... so good
Ana Free
(interpretado por Ana Free e Mia Rose)
Roxanne, you don't have to put on the red light
Those days are over
You don't have to sell your body to the night
Roxanne, you don't have to wear that dress tonight
Walk the streets for money
You don't care if it's wrong or if it's right
Roxanne, you don't have to put on the red light
Roxanne, you don't have to put on the red light
I loved you since I knew you
I wouldn't talk down to you
I have to tell you just how I feel
I won't share you with another boy
I know my mind is made up
So put away your make up
Told you once I won't tell you again it's a bad way
Roxanne, you don't have to put on the red light
Roxanne, you don't have to put on the red light
Roxanne,
Roxanne…
Put on the red light,
Put on the red light…
Police
«Jardín yo soy que la belleza adorna:
sabrá mi ser si mi hermosura miras.
Por Mohamed, mi rey, a par me pongo
de lo más noble que será y ha sido.
Obra sublime, la fortuna quiere que a todo momento sobrepase.
¡Cuanto recreo aquí para los ojos!
Sus anhelos el noble aquí renueva.
Las Pléyades les sirven de amuleto;
la brisa la defiende con su magia.
Sin par luce una cúpula brillante,
de hermosuras patente y escondidas.
Rendido de Géminis la mano;
viene con ella a conversar la Luna.
Incrustarse los astros allí quieren,
sin más girar en la celeste rueda,
y en ambos patios aguardar sumisos,
y servirle a porfia como esclavas:
No es maravilla que los astros yerren
y el señalado límite traspasen,
para servir a mi señor dispuestas,
que quien sirve al glorioso gloria alcanza.
El pórtico es tan bello, que el palacio
con la celeste bóveda compite.
Con tan bello tisú lo aderezaste,
que olvido pones del telar del Yemen.
¡Cuántos arcos se elevan en su cima,
sobre las columnas por la luz ornadas,
como esferas celestes que voltean
sobre el pilar luciente de la aurora!
Las columnas en todo son tan bellas,
que en lenguas, corredora, anda su fama:
lanza el mármol su clara luz, que invade
la negra esquina que tiznó la sombra;
irisan sus reflejos, y dirías
son, a pesar de su tamaño, perlas.
Jamás vimos jardín más floreciente,
de cosecha más dulce y más aroma.
Por permiso del juez de la hermosura
paga, doble, el impuesto en alcázar más excelso,
de contornos más claros y espaciosos.
Jamás dos monedas,
pues si, al alba, del céfiro en las manos
deja dracmas de luz, que bastarían,
tira luego en lo espeso, entre los troncos,
dobles de oro de sol, que lo engalanan.
(Le enlaza el parentesco a la victoria:
Sólo el Rey este linaje cede.)»
V
Há quanto tempo, Portugal, há quanto
Vivemos separados! Ah, mas a alma,
Esta alma incerta, nunca forte ou calma,
Não se distrai de ti, nem bem nem tanto.
Sonho, histérico oculto, um vão recanto...
O rio Furness, que é o que aqui banha,
Só ironicamente me acompanha,
Que estou parado e ele correndo tanto...
Tanto? Sim, tanto relativamente...
Arre, acabemos com as distinções,
As subtilezas, o interstício, o entre,
A metafísica das sensações —
Acabemos com isto e tudo mais...
Ah, que ânsia humana de ser rio ou cais!
Álvaro de Campos
IV
Conclusão a sucata!... Fiz o cálculo,
Saiu-me certo, fui elogiado...
Meu coração é um enorme estrado
Onde se expõe um pequeno animálculo
A microscópio de desilusões
Findei, prolixo nas minúcias fúteis...
Minhas conclusões práticas, inúteis...
Minhas conclusões teóricas, confusões...
Que teorias há para quem sente
O cérebro quebrar-se, como um dente
Dum pente de mendigo que emigrou?
Fecho o caderno dos apontamentos
E faço riscos moles e cinzentos
Nas costas do envelope do que sou...
Álvaro de Campos
III
Corre, raio de rio, e leva ao mar
A minha indiferença subjectiva!
Qual "leva ao mar"! Tua presença esquiva
Que tem comigo e com o meu pensar?
Lesma de sorte! Vivo a cavalgar
A sombra de um jumento. A vida viva
Vive a dar nomes ao que não se activa,
Morre a pôr etiquetas ao grande ar...
Escancarado Furness, mais três dias
Te, aturarei, pobre engenheiro preso
A sucessibilíssimas vistorias...
Depois, ir-me-ei embora, eu e o desprezo
(E tu irás do mesmo modo que ias),
Qualquer, na gare, de cigarro aceso
Álvaro de Campos
Sitios interessantes (ou não)
CDS - Centro Democrático Social
Não asses mais carapaus fritos
PCP - Partido Comunista Português
PSD - Partido Social Democrata
Vida de um Português - grande brother!
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