Venci o vício
Ganhei ao maldito
Não foi desperdício
Foi vitória, um grito!
Dei a volta por cima,
Mas estou sempre alerta,
Agora a minha vida exima,
Quando a vontade aperta.
Na escuridão, na névoa do tabaco,
Vivi vinte negros anos,
Até agarrar a vida num só acto!
Não volto ao sofrimento
Estou livre da tortura
Não quero tal tormento – Acabou-se o tabaco!
Mário L. Soares
O cheiro
O sabor
da tua boca
A baunilha
a camélia desfolhada
A saliva a saber
a leite morno
Escutando o rumor
das tuas asas
Maria Teresa Horta
Nós podemos viver alegremente,
Sem que venham com fórmulas legais,
Unir as nossas mãos, eternamente,
As mãos sacerdotais.
Eu posso ver os ombros teus desnudos,
Palpá-los, contemplar-lhes a brancura,
E até beijar teus olhos tão ramudos,
Cor de azeitona escura.
Eu posso, se quiser, cheio de manha,
Sondar, quando vestida, p’ra dar fé,
A tua camisinha de bretanha,
Ornada de crochet.
Posso sentir-te em fogo, escandecida,
De faces cor-de-rosa e vermelhão,
Junto a mim, com langor, entredormida,
Nas noites de verão.
Eu posso, com valor que nada teme,
Contigo preparar lautos festins,
E ajudar-te a fazer o leite-creme,
E os mélicos pudins.
Eu tudo posso dar-te, tudo, tudo,
Dar-te a vida, o calor, dar-te cognac,
Hinos de amor, vestidos de veludo,
E botas de duraque
E até posso com ar de rei, que o sou!
Dar-te cautelas brancas, minha rola,
Da grande lotaria que passou,
Da boa, da espanhola,
Já vês, pois, que podemos viver juntos,
Nos mesmos aposentos confortáveis,
Comer dos mesmos bolos e presuntos,
E rir dos miseráveis.
Nós podemos, nós dois, por nossa sina,
Quando o Sol é mais rúbido e escarlate,
Beber na mesma chávena da China,
O nosso chocolate.
E podemos até, noites amadas!
Dormir juntos dum modo galhofeiro,
Com as nossas cabeças repousadas,
No mesmo travesseiro.
Posso ser teu amigo até à morte,
Sumamente amigo! Mas por lei,
Ligar a minha sorte à tua sorte,
Eu nunca poderei!
Eu posso amar-te como o Dante amou,
Seguir-te sempre como a luz ao raio,
Mas ir, contigo, à igreja, isso não vou,
Lá essa é que eu não caio!
Cesário Verde
Que satisfação me darias um ovo estrelado fazer…
Com uma torrada a acompanhar,
um sumo de laranja num copo transparente,
e depois um beijo de bom dia…
Sei lá eu o que faria,
se tivesse tal e fosse assim realmente,
e pudesse dar-te o meu amar,
e que te tivesse com o teu querer.
Não seria almoço com certeza,
nem sequer um bom jantar,
comeríamos salsichas e fritas,
feijão e o que apetecesse comer…
Um abraço pelo meio,
e mais um “pára, que me excitas”…
Era carinho que te queria dar…
Um pequeno almoço à inglesa…
Mário L. Soares
Foi o 500º post (este é o 501º)... nem sei dizer isto...
Mais uma marca pessoal alcançada! Nunca pensei que chegasse a isto - especialmente em menos de 18 meses! "Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena!".
Mário L. Soares
Não conhecemos estes lugares
ou compulsivamente
os revemos. Paisagens
inusitadas, absurdas,
mesmo se alguma vez as frequentámos
com nossos olhos e bagagens.
São estranhos estes homens
que nos fazem rir e chorar,
sentir raiva, ser
solidários. São-nos íntimos,
porém. Estes
sonhos, a quem
pertencem? Sentimentos obscuros,
que angústias (des)
velam? Trágicas
desilusões,
que mundos encerram?
Os livros, quietos
e buliçosos: o nosso
alter ego.
João Melo
I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself what a wonderful world.
I see skies of blue and clouds of white
The bright blessed day, the dark sacred night
And I think to myself what a wonderful world.
The colors of the rainbow so pretty in the sky
Are also on the faces of people going by
I see friends shaking hands saying how do you do
They're really saying I love you.
I hear babies crying, I watch them grow
They'll learn much more than I'll never know
And I think to myself what a wonderful world
Yes I think to myself what a wonderful world.
Louis Armstrong
Vida em câmara lenta,
Oito ou oitenta,
Sinto que vou emergir,
Já sei de cor todas as canções de amor,
Para a conquista partir.
Diz que tenho sal,
Não me deixes mal,
Não me deixes…
No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto aonde eu não entrei,
Notícia do jornal
O quadro minimal… Sou eu…
Vida á média rés,
Levanta os pés
Não vás em futebóis, apesar…
Do intervalo, que é quando eu falo,
Para não me incomodar.
Diz que tenho sal,
Não me deixes mal,
Não me deixes…
No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto aonde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal… Sou eu…
Não me deixes já
Historia que não terminou
Não me deixes…
No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto aonde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal… Sou eu…
No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto aonde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal… Sou eu…
Per7ume
Os 5 sentidos na publicidade segundo Mário Persona.
Uma análise do papel dos sentidos na compra (e venda) de produtos e serviços.
Boas técnicas para ver, ouvir e aprender.
Mário L. Soares
Tocas-te suavemente no quente dos lençóis, e o suor inunda o quarto. As janelas embaciadas apenas deixam entrar a luz do nascer do dia por entre as pequenas aberturas das persianas por onde entram também os olhares de um ou outro passeante que por ali tenha a sorte de andar.
O cheiro eleva-se no ar e mistura-se com o da torrada queimada que fizeste há pouco e com a barra de incenso de ontem já apagada no apoio, murcha e sem vida.
Um bafo de gata assanhada meio abafado faz-se ouvir seguido de duas ou três inspirações rápidas pelo meio dos dentes e interrompidas por espasmos…
Mais um pouco de movimento e mais um gemido.
Viras-te para cima e olhas o céu que está para lá do telhado da casa junto dos teus pensamentos mais fantasiosos. A mão esquerda toda o peito, esfregando os mamilos como se de limpeza precisassem e estes respondem apontando o infinito. A direita lá em baixo, peganhenta e molhada, atolando-se nos folhos do teu íntimo. Fechas os olhos outra vez e viras a cara para o lado direito, com o queixo na clavícula e a boca entreaberta que baba saliva para o ombro, sequiosa por abocanhar os fantasmas que a mente produz em catadupa só para este momento.
Descobres o corpo lançando o lençol com os pés a um mar no chão que banha a areia da tua cama e te refresca com uma lufada de ar fresco…
Esticas a perna esquerda. A direita, dobrada, apoia e abres-te ao mundo o mais possível.
Esticas o dedo grande do pé direito em direcção ao fundo da cama formando uma linha recta com o pé e a canela como se em pontas dançasses. O outro pé pelo contrário, está flectido e os dedos para trás, abertos, como as tuas duas pernas que arqueiam agora e elevam as nádegas ao tecto… onde tu já estás… perdida, leve e flutuante, em prazer… um grito abafado de quente…
Inspiras rápido, expiras fundo e forte. Contrais os músculos do abdómen e das nádegas, e prendes a respiração… mexes rápido os dedos em todas as direcções como um DJ num disco, abanas e gritas três vezes em impulsos para cima e para baixo como se empurrasses o tecto com as ancas…
Respiras e relaxas…
Será que os vizinhos te ouviram? - Que vergonha…
É manhã e vais tomar banho.
Mário L. Soares
Amo-te querida palavra
Que me dás a possível certeza
De ter em ti a pureza
Que no meu peito lavra.
És a força e a fraqueza
És o mundo que me informa
És autoridade que me forma
E o quadro de mais beleza.
Lanço-te dita p’los lábios,
Sais palavra gritada,
Ou outras vezes sussurrada.
Escrevo-te em pedra ou areia,
O vento leva-te ou não,
Ficas, em mim, ou razão…
Mário L. Soares
(foto de Oliver Ross)
Estão barradas as portas
Blocos grandes de cimento
Cobrem de negro rosas mortas
Que jazem no chão eternamente
São vidas perdidas, paradas…
Pára o sangue que está a morrer,
Pede perdão às pedras suadas
E uma nova razão de viver!
A mão que rasga o tijolo rugoso,
Que empurra a murro a pedra imóvel
Que lava de lágrimas o concreto orgulhoso.
Bate no coração que quer viver
Volve dentro do peito de raiva!
Será ele que o irá vencer…
Mário L. Soares
(Paula Soares)
“Olá mana,
Como estás hoje?”
E assim nos cumprimentamos...
Não estamos diariamente juntos. Não podemos (porque a distância não permite) estar juntos fisicamente todos os dias. Também não me parece boa ideia estarmos juntos assim tanto (acho que concordas comigo, não?), porque o que é demais… é demais. De qualquer forma, digo-te que para estarmos juntos não precisamos, nem de telemóvel, email, nem msn, sms, skype, ou qualquer outra tecnologia. Para estarmos juntos, basta pensarmos em tal.
A amizade tem um poder incrível. Transcende a mente, o pensamento, barreiras, tabus, as fronteiras, e a distância…
Ao pensarmos num amigo – ao pensar em ti Paula – estou aí contigo: sentes?
“Poderão os quilómetros separar-nos dos nossos amigos?
Poderá a distância separar-nos realmente dos amigos?
Se quiseres estar com alguém, não estarás já lá?
Encontrar-nos-emos de vez enquanto, sempre que quisermos, no meio da única festa que nunca poderá terminar …”
Disse Richard Bach no seu pequeno (grande) livro “Não há longe nem distância”.
E este aviador (que tal como outros aviadores – Saint Exupery, por exemplo), sabe do que fala. Eles viram o mundo de outra maneira. Lá de cima, à distância do criador, à distância tão certa, quanto a necessária para ver que a distância é uma questão de perspectiva, de ponto de vista e de pensamento.
A relatividade da questão, já teorizada pelo grande físico, traz-nos a questão do como. Como posso estar agora aí contigo? É simples. Pensa em mim, com a certeza que penso em ti. Teremos no nosso pensamento a lembrança da pessoa, o rosto, a voz, o toque, até o cheiro. Aí “sentimos” o momento com essa pessoa, e sabemos que ela está lá. Está aqui!
Neste momento, estou aí contigo, e tu estás aqui comigo. Dou-te um beijinho e digo-te: “Parabéns Mana!”, dou uma gargalhada e chamo-te “Velha!”, tu mandas-me à fava, e dás-me um abraço…
Beijos
Mário L. Soares
Ai mulher! Aborreces-me!
E aborreces-me tanto, que quando digo que me aborreces,
Os meus ‘R’ e os meus ‘S’
multiplicam-se com tantas ganas,
Que mais se assemelham a um onomatopaico
ronco de motorizada;
De arrasto, aos solavancos, pela nobre estrada secundária.
Ai mulher, como me enervas tu mais às 50 de cilindrada!
A ignição de tal sentimento é a tua manifestação:
‘Já chegastes?! Não me gostas! Não t’acheguas! Tu ressonas! ‘,
(Jesus Cristo, Nosso Senhor, que paciência!
Por favor, Ponham fim a mais esta provação!)
Rodas a chave e como por magia, pego logo à primeira, dá-se logo a explosão!
Presenteias-me, és tão querida, com a tua douta sabedoria!
Cativante que tu és, dor de dentes que me arrelia.
És delicada, és uma rosa, sinto orgulho pela tua prosa,
Tão oportuna, como eu lamento! És óbito em dia de casamento.
Consideramos as flores bonitas, provavelmente, porque não falam!
És tão bela, se ao menos Deus te tivesse feito muda.
Vicente Roskopt
Caro amigo,
Simplesmente brilhante. O teu estilo é único.
Aos visitantes – vejam mais deste meu amigo poeta (ou poeta meu amigo – ou amigo) em http://osedutorfarsolas.blogspot.com/ .
Mário L. Soares
She packed by bag last night, preflight
Zero hour, nine a.m.
And I'm gonna be high
As a kite by then
I miss the earth so much
I miss my wife
It's lonely out in space
On such a timeless flight
And I think it's gonna be a long, long, time
'Til touchdown brings me 'round again to find
I'm not the man they think I am at home
Ah, no no no...
I'm a rocket man
Rocket man
Burnin' out his fuse
Up here alone
Mars ain't the kind of place
To raise your kids
In fact, it's cold as hell
And there's no one there to raise them
If you did
And all this science
I don't understand
It's just my job
Five days a week
A Rocket Man
Rocket Man
And I think it's gonna be a long, long, time
'Til touchdown brings me 'round again to find
I'm not the man they think I am at home
Ah, no no no...
And I think it's gonna be a long, long, time
'Til touchdown brings me 'round again to find
I'm not the man they think I am at home
Ah, no no no...
I'm a rocket man
Rocket man
Burnin' out his fuse
Up here alone
And I think it's gonna be a long, long, time
And I think it's gonna be a long, long, time
And I think it's gonna be a long, long, time
Long, long, time
Long, long, time
Ah, no, no, no...
Oh, no, no, no, no, no, no, no...
David Fonseca
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