(foto de Margarida Delgado - http://margarida23.blogspot.com/ )
Não sofras mais, amor, não digas nada!
Vem comigo; eu te levo. A noite é densa
e agora a voz do mar ficou suspensa,
dolorida, vibrante, apaixonada!
Não tarda muito a luz da madrugada...
Vem comigo! Não penses!
Não se pensa!
Vem à conquista da aventura imensa,
vê, como eu vou, feliz e deslumbrada!
Um grande sonho me enlouquece e invade!
Vem procurar comigo a Eternidade
esse país tão vago, tão distante...
Vem, que eu busco o palácio da quimera,
lá, onde seja eterna a primavera,
e a voz divina das estrelas cante!
Virgínia Victorino
Por favor não me analise,
Não fique procurando cada ponto fraco meu,
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu
Ciumento, exigente, inseguro, carente,
Todo cheio de marcas que a vida deixou.
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.
Amor é síntese,
É uma integração de dados,
Não há que tirar nem pôr.
Não me corte em fatias,
Ninguém consegue abraçar um pedaço,
Me envolva todo em seus braços
E eu serei perfeito, amor.
Mário Quintana
Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um eléctrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espectáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espectáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir...
Sim, o porvir...
Álvaro de Campos (14/04/1928)
I
No campo; eu acho nele a musa que me anima:
A claridade, a robustez, a acção.
Esta manhã, saí com minha prima,
Em quem eu noto a mais sincera estima
E a mais completa e séria educação.
II
Criança encantadora! Eu mal esboço o quadro
Da lírica excursão, de intimidade.
Não pinto a velha ermida com seu adro;
Sei só desenho de compasso e esquadro,
Respiro indústria, paz, salubridade.
III
Andam cantando aos bois; vamos cortando as leiras;
E tu dizias: "Fumas? E as fagulhas?
Apaga-o teu cachimbo junto às eiras;
Colhe-me uns brincos rubros nas ginjeiras!
Quanto me alegra a calma das debulhas!"
IV
E perguntavas sobre os últimos inventos
Agrícolas. Que aldeias tão lavadas!
Bons ares! Boa luz! Bons alimentos!
Olha: Os saloios vivos, corpulentos,
Como nos fazem grandes barretadas!
V
Voltemos. Na ribeira abundam as ramagens
Dos olivais escuros. Onde irás?
Regressam os rebanhos das pastagens;
Ondeiam milhos, nuvens e miragens,
E, silencioso, eu fico para trás.
VI
Numa colina azul brilha um lugar caiado.
Belo! E arrimada ao cabo da sombrinha,
Como teu chapéu de palha, desabado,
Tu continuas na azinhaga; ao lado
Verdeja, vicejante, a nossa vinha.
VII
Nisto, parando, como alguém que se analisa,
Sem desprender do chão teus olhos castos,
Tu começastes, harmónica, indecisa,
A arregaçar a chita, alegre e lisa
Da tua cauda um poucochinho a rastos.
VIII
Espreitam-te, por cima, as frestas dos celeiros;
O sol abrasa as terras já ceifadas,
E alvejam-te, na sombra dos pinheiros,
Sobre os teus pés decentes, verdadeiros,
As saias curtas, frescas, engomadas.
IX
E, como quem saltasse, extravagantemente,
Um rego de água sem se enxovalhar,
Tu, a austera, a gentil, a inteligente,
Depois de bem composta, deste à frente
Uma pernada cómica, vulgar!
X
Exótica! E cheguei-me ao pé de ti. Que vejo!
No atalho enxuto, e branco das espigas
Caídas das carradas no salmejo,
Esguio e a negrejar em um cortejo,
Destaca-se um carreiro de formigas.
XI
Elas, em sociedade, espertas, diligentes,
Na natureza trémula de sede,
Arrastam bichos, uvas e sementes;
E atulham, por instinto, previdentes,
Seus antros quase ocultos na parede.
XII
E eu desatei a rir como qualquer macaco!
"Tudo não as esmagares contra o solo!"
E ria-me, eu ocioso, inútil, fraco,
Eu de jasmim na casa do casaco
E de óculo deitado a tiracolo!
XIII
"As ladras da colheita! Eu se trouxesse agora
Um sublimado corrosivo, uns pós
De solimão, eu, sem maior demora,
Envenená-las-ia! Tu, por ora,
Preferes o romântico ao feroz.
XIV
Que compaixão! Julgava até que matarias
Esses insectos importunos! Basta.
Merecem-te espantosas simpatias?
Eu felicito suas senhorias,
Que honraste com um pulo de ginasta!"
XV
E enfim calei-me. Os teus cabelos muito loiros
Luziam, com doçura, honestamente;
De longe o trigo em monte, e os calcadoiros,
Lembravam-me fusões de imensos oiros,
E o mar um prado verde e florescente.
XVI
Vibravam, na campina, as chocas da manada;
Vinham uns carros e gemer no outeiro,
E finalmente, enérgica, zangada,
Tu inda assim bastante envergonhada,
Volveste-me, apontando o formigueiro:
XVII
"Não me incomode, não, com ditos detestáveis!
Não seja simplesmente um zombador!
Estas mineiras negras, incansáveis,
São mais economistas, mais notáveis,
E mais trabalhadoras que o senhor."
Cesário Verde
José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa em 25 de Fevereiro de 1855, faleceu no Lumiar em 19 de Julho de 1886.
Filho do lavrador e comerciante José Anastácio Verde e de Maria da Piedade dos Santos Verde, Cesário matriculou-se no Curso Superior de Letras em 1873, frequentando por apenas alguns meses o curso de Letras. Ali conheceu Silva Pinto, grande amigo pelo resto da vida. Dividia-se entre a produção de poesias (publicadas em jornais) e as actividades de comerciante, herdadas do pai.
Em 1877 lhe começou a dar sinais a tuberculose, doença que já lhe tirara o irmão e a irmã. Estas mortes servem de inspiração a um de seus principais poemas, Nós (1884).
Tenta curar-se da tuberculose, sem sucesso; vem a falecer no dia 19 de Julho de 1886. No ano seguinte Silva Pinto organiza O Livro de Cesário Verde (disponível ao público em 1901), compilação de sua poesia.
De poesia delicada, Cesário empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade ao retratar a Cidade e o Campo, seus cenários predilectos. Evitou o lirismo tradicional, expressando da forma mais natural possível.
Para Cesário Verde, ver é perceber o que se esconde na realidade, é captar as impressões que as coisas lhe deixam e, por isso, percepciona o real minuciosamente através dos sentidos e reflecte essa mesma impressão que o exterior deixa no interior do sujeito poético. Ou seja, o real exterior é apreendido pelo mundo interior que o interpreta e recria com grande nitidez, numa atitude de captação de real pelos sentidos, com predominância dos dados da visão: a cor, a luz, o recorte e o movimento.
A supremacia exercida pela cidade sobre o campo leva o poeta a tratar estes dois espaços em termos dicotómicos. O contacto com o campo na sua infância determina a visão que dele nos dá e a sua preferência. Ao contrário de outros poetas anteriores, o campo não tem um aspecto idílico, paradisíaco, bucólico, susceptível de devaneio poético, mas sim um espaço real, concreto, autêntico, que lhe confere liberdade. O campo é um espaço de vitalidade, alegria, beleza, vida saudável... Na cidade, o ambiente físico, cheio de contrastes, apresenta ruas macadamizadas/esburacadas, casas apalaçadas (habitadas pelos burgueses e pelos ociosos)/quintalórios velhos, edifícios cinzentos e sujos... O ambiente humano é caracterizado pelos calceteiros, cuja coluna nunca se endireita, pelos padeiros cobertos de farinha, pelas vendedeiras enfezadas, pelas engomadeiras tísicas, pelas burguesinhas... É neste sentido que podemos reconhecer a capacidade de Cesário Verde em trazer para a poesia o real quotidiano do homem citadino.
Ao ler-se o poema “De Tarde”, pertencente a “Em Petiz”, é visível o tom irónico em relação aos citadinos, mas onde o tom eufórico também sobressai, ao percorrer os lugares campestres ao lado da sua “companheira”. A preferência do poeta pelo campo está expressa nos poemas “De Verão” e “Nós” (o mais longo), onde desaparecem a aspereza e a doença ligadas à vida citadina e surge o elogio ao ambiente campesino. A arte de Cesário Verde é, pois, reveladora de uma preocupação social e intervém criticamente. O campo oferece ao poeta uma lição de vida multifacetada (por exemplo, os camponeses são retratados no seu trabalho diário) que ele transmite com objectividade e realismo. Trata-se, pois, de uma visão concreta do campo e não da abstracção da Natureza.
A força inspiradora de Cesário é a terra-mãe, sendo nela que Cesário encontra os seus temas. É por isto que, habitualmente, se associa o poeta ao mito de Anteu.
Fonte: Wikipédia
Piazza San Marco, entre estrellas,
tules, mascaras te veo pasar,
reflejas tu rostro en espejo mágico,
escapaste de un cuento... en esta tarde de carnaval
Medieval plaza con risas y cantos, bufones,
trovadores, príncipes aprendices del amor...,
todos buscando conquistar y soñando ser lo que no son…
Tu mirada se cruza con mis ojos y el carnaval parece comenzar...,
volátil tu cuerpo cruza plateando caminos
dejando soles que calientan cuerpos alegres,
felices... admirando tu andar...
En el puente de los suspiros donde te veo reír,
iluminando la tarde, alegrando el carnaval,
coqueteas con tu vestido de raso salmón,
tu mascara tan blanca como la espuma del mar…
Tibias manos cobran vida con mis besos saludando,
imagen de fantasía, de ilusión que en esta tarde fría de carnaval
me dejo con un puñal en mi pecho al no poderte amar...
Veo como te marchas... te alejas... no te puedo alcanzar...,
despido una ilusión fantasmal,
me doy cuenta que solo fue un amor de carnaval...
Marcelo Romano
Foi-se o sono e olho a água
Dos meus olhos estancados;
Lá fora, um rumor de aves
Evoca aromas molhados.
A luz alta fere as casas
Brancas de neve, fluidas;
Meu corpo é um prado seco
Onde caem estrelas húmidas.
Reflexos de sonhos idos
Limitam-me o pensamento;
Os ramos das árvores escondem
Silêncios desaparecidos
Ruy Cinatti
Pego na folha de papel, onde o bolor do poema se infiltrou, levanto-a contra a luz, distingo a marca de água (uma ténue figura emblemática) e deixo-a cair. Quase sem peso, embale na parede, hesita, paira como as folhas das árvores no Outono (o mesmo voo morto, vegetal) e poisa sobre a mesa para ser o vagaroso estrume doutro poema.
Carlos de Oliveira
Não sou ninguém
Neste universo que me rodeia
Por vezes
Entretenho-me a inventar…
E invento
Por aí além…
Uns versos com rimas
Inspirados em lugares
Em momentos
Ou numa qualquer música a tocar
Ou ainda…
Naquele instante de magia
Registado na imagem do fotógrafo
Que me tocou o olhar
São instantes assim
Belos ou não
Que mexem comigo
E me enchem a alma
Transbordando em palavras
Que ordeno como sei
E como bem me apetece
Mesmo sem rimar…
São impulsos meus
Que não deixo passar!
Sei que voo alto
Quando me dedico a criar
Aquela pequena obra
Que tanto prazer me dá
Não me importando sequer
Se os outros irão gostar
Escrevo para mim… só para mim
E é este o meu jeito de mostrar
O meu humilde valor
Pondo em tudo o que escrevo
Um toque de mim
E faço-o com muito amor
Assim sou eu
Ainda se ao menos…
Soubesse escrever poesia!...
Cleo
http://impulsosdalma.blogspot.com/
http://flashs-impulsos.blogspot.com/
Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama
Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva nasceu na Praia da Vitória, ilha Terceira, Açores no dia 19 de Dezembro de 1901, e faleceu a 20 de Fevereiro de 1978 em Lisboa. Frequentou a Universidade de Coimbra e foi professor da Faculdade de Letras em Lisboa, tendo também ensinado no Brasil, França, Bélgica, Espanha e Holanda. Além de professor e escritor, dedicou-se à televisão, tendo apresentado um programa cultural durante alguns anos. Da sua colaboração em jornais, destaca-se a direcção de O Dia em 1975.
Foi um poeta, escritor e intelectual e destacou principalmente como romancista - foi autor de Mau Tempo no Canal.
A sua vida não lhe correu bem em termos de sucesso escolar, pois passou por vários problemas estudantis, tal como a expulsão do Liceu de Angra, a reprovação do 5.º ano que o levou a sentir-se incompreendido pelos professores. Do período do Liceu de Angra, Nemésio apenas guardou boas recordações de Manuel António Ferreira Deusdado, professor de história, que o introduziu na vida das letras.
Com 16 anos de idade, Vitorino Nemésio, desembarcou pela primeira vez na cidade da Horta para se apresentar a exames, como aluno externo do Liceu Nacional da Horta. Nemésio acabou por concluir o Curso Geral dos Liceus, no dia 16 de Julho de 1918, com a qualificação de dez valores.
A sua estadia na cidade da Horta foi desde Maio a Agosto de 1918. A 13 de Agosto o jornal O Telégrafo dava notícia de que Nemésio, apesar de ser um fedelho, um ano antes de chegar à Horta, havia enviado um exemplar de Canto Matinal, o seu primeiro livro de poesia (publicado em 1916), ao director de O Telégrafo, Manuel Emídio.
Apesar de tenra idade, Nemésio chega à Horta já imbuído de alguns ideais republicanos, pois em Angra do Heroísmo já havia participado em reuniões literárias, republicanas e anarco-sindicalistas, tendo sido influenciado pelo seu amigo Jaime Brasil, cinco anos mais velho (primeiro mentor intelectual que o marcou para sempre) e por outras pessoas tal como Luís da Silva Ribeiro, advogado, e Gervásio Lima, escritor e bibliotecário.
Em 1918, em pleno final da Primeira Guerra Mundial, a Horta possuía um comércio marítimo intenso e uma impressionante animação nocturna, a cidade era um porto de escala obrigatória, local de reabastecimento de frotas e de repouso da marinhagem. Na Horta estavam instaladas as companhias dos Cabos Telegráficos Submarinos, que convertiam a cidade num “nó de comunicações” mundiais, ou seja, a Horta possuía um ambiente cosmopolita, que contribuiu, decisivamente, para que ele viesse, mais tarde a escrever uma obra mítica que dá pelo nome de Mau Tempo no Canal, trabalhada desde 1939 e publicada em 1944, cuja acção decorre nas ilhas Faial, Pico, São Jorge e Terceira, sendo que o núcleo da intriga se desenvolve na Horta.
Este romance evoca um período (1917-1919) que coincide em parte com a sua permanência na ilha do Faial e nele aparecem pessoas tais como o Dr. José Machado de Serpa, senador da República e estudioso, o padre Nunes da Rosa, contista e professor do Liceu da Horta, e Osório Goulart, poeta.
Em 1919, inicia o serviço militar, como voluntário, em infantaria, o que lhe proporcionou a primeira viagem para fora dos Açores. Concluiu o liceu em Coimbra (1921) e inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Três anos mais tarde, Nemésio troca o curso em que se tinha matriculado, pelo de Ciências Histórico Filosóficas, da Faculdade de Letras de Coimbra, em 1925 matricula-se no curso de Filologia Românica.
Na sua primeira viagem que faz a Espanha, com Orfeão Académico, em 1923, conhecerá Miguel Unamuno (escritor e filósofo espanhol (1864-1936), intelectual republicano, foi o teórico do humanismo revolucionário antifranquista) com quem trocará correspondência anos mais tarde.
A 12 de Fevereiro de 1926, casa em Coimbra com Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes, de quem teve quatro filhos: Georgina (Novembro de 1926), Jorge (Abril de 1929), Manuel (Julho de 1930) e Ana Paula (final de 1931).
Foi em 1930 que Vitorino Nemésio se transfere para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde, no ano seguinte, conclui o curso de Filologia Românica, com elevadas classificações, começando desde logo a leccionar literatura italiana. É a partir de 1931 que Vitorino Nemésio dá inicio à carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde tal como atrás se afirmou, leccionará literatura italiana e mais tarde literatura espanhola.
Em 1934 doutorou-se em Letras pela Universidade de Lisboa com a tese A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio.
Entre 1937 e 1939 lecciona na Universidade Livre de Bruxelas, regressando neste último ano ao ensino na Faculdade de Letras de Lisboa.
Em 1958 leccionou no Brasil.
A 12 de Setembro de 1971, atingido pelo limite legal de idade para exercício de funções públicas, profere a sua última lição na Faculdade de Letras de Lisboa, onde ensinara durante quase 40 anos.
Foi autor e apresentador do programa televisivo Se bem me lembro, que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu ainda o jornal O Dia entre 11 de Dezembro de 1975 a 25 de Outubro de 1976.
Vitorino Nemésio foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo recebido em 1965, o Prémio Nacional da Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.
Faleceu a 20 de Fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, e foi sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, Nemésio pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado.
Vitorino Nemésio foi ficcionista, poeta, cronista, ensaísta, biógrafo, historiador da literatura e da cultura, jornalista, investigador, epistológrafo, filólogo e comunicador televisivo, para além de toda a actividade de docência.
Levou a cabo, na sua obra, uma transformação das tendências da Presença (que de certa forma precedeu), que garantiu a eternidade dos seus textos. Fortemente marcado pelas raízes insulares, a vida açoriana e as recordações da sua infância percorrem a obra do escritor, numa espécie de apelo, revelado pela ternura da sua inspiração popular, pela presença das coisas simples e das gentes, e pela profunda humanidade face à existência e ao sofrimento da vida humana.
Fonte: Wikipédia e Projecto Vercial
(Gloucester Cathedral)
This England blessed with green countryside
Can there be anywhere quite so fair
Country lanes to wonder just to take the air
Oh this England beauty everywhere
She stands with her coastline looking out to sea
Watching waves break into white horses
As they rush to return to thee
Oh this England beauty everywhere
The Northern fells for climbing with healthy heart and sole
Vision of serenity looking down on lakes and dales
Spectacular images will stay until the dying day
Oh this England beauty everywhere
People are born to depart on their last farewell
Along with all creatures they have their final day
Places are forever here to stay and stay
Oh this England beauty everywhere
All over England there is beauty to pass on
How magnificent for thee who have to come
Each generation will bask in England’s welcome
Oh this England beauty everywhere
Reginald Stanley Birch
Dama saxã que bela és!
De curvas bonitas, fria, sombria e limpa…
E tão concorrida e assediada;
Tão organizada, madura e rica,
Impressionas quem te conhece.
Quem te visita pela primeira vez
Espanta-se com a tua cultura,
Com o teu impressionante amalgamar
De experiências e de cores,
E com a tua imponência, claro!
Imponente, és sim…
Amiga, aliada eterna,
Acolhedora até…
Talvez um pouco presunçosa, perdoa-me…
Sabes que és bela, claro!
Sabes estar, em todas as situações,
Posicionas-te onde te convém, és sábia…
És conservadora, sim, mas és também,
Progressista e estás a par da modernidade e do futuro,
És uma pragmática fatalista...
Amo o teu jeito de ser e de lidar com quem está contigo,
Ou quem está em ti…
Seja como for, és linda, adoro estar em ti…
És apenas passageira, no entanto…
Nunca viveria em ti para todo o sempre. És uma aventura.
Amo-te por três dias dama saxã!
Mário L. Soares
(quadro a óleo de Marianela de Vasconcelos)
Dou-vos hoje um poema que tive a honra de ler publicamente no passado Sábado na inauguração da exposição de pintura da poeta, escritora, pintora e jornalista... e mãe de duas bonitas pessoas que lançaram a fotobiografia "da mãe" também neste Sábado - o Eduardo e a Tânia.
Tanto a fotobiografia como a exposição da Marianela de Vasconcelos poderão visitar em Loulé na galeria de Arte do Convento Espírito Santo, até ao dia 28 de Março.
Parabéns aos filhos da Marianela, tenho a certeza que "a mãe" está orgulhosa de vós. (perdoem-me a ousadia de publicar um poema dela aqui...)
Pisco Lógico
Se te queres matar…
(sempre te queres matar?),
escolhe um lugar fresco e abrigado,
longe da estrada e do teu povoado
onde apodreças sem deixar vestígio;
não digas a ninguém do teu intento,
liquida os teus negócios
cem
por cento
e organiza um suicídio
de prestígio.
Não se pode morrer de qualquer jeito.
Tem de haver senso,
tem de haver respeito;
a morte não nos pode deixar mal.
E se é forçoso que venha no jornal
ainda temos de pensar melhor.
Nada de armas brancas, nem pistola,
nada de pós que façam mal à tola,
tudo tranquilo, tudo com rigor.
Longe o veneno para o escaravelho!
Eu sei que és feio
e estás a ficar velho,
mas não és nada p’ra deitar ao lixo.
Não te exponhas a morrer morto de dores,
roto de medo,
cheio de tremores, de vómito e excremento,
como um bicho!
Pára e pensa e telefona, se quiseres,
porque seja o que for que me disseres,
eu entendo,
eu aceito,
eu já sabia.
Enfrasca-te em rosé ou chá de tília,
não abras o teu jogo p’ra família
e vai dormir co’a mãe da tua tia.
E depois dá uma festa memorável,
compra uma loura
e um descapotável
e diverte-te à grande
e faz poemas
e canta a marselhesa e as tuas penas
e desperta a atenção das raparigas!
Quando cair a noite vai p’ra cama,
E faz amor com alma
E faz amor com gana
… e manda o teu suicídio pr’ás urtigas!
Marianela de Vasconcelos
A riqueza mede-se em mim pela quantidade de sorrisos que distribuí ao longo do dia. Hoje fui rico!
Mário L. Soares
Sitios interessantes (ou não)
CDS - Centro Democrático Social
Não asses mais carapaus fritos
PCP - Partido Comunista Português
PSD - Partido Social Democrata
Vida de um Português - grande brother!
Universidade
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