"Se há no mundo alguma coisa especialmente díficil e para a qual, apesar disso, nos sentimos preparados, é a arte de criticar." J. L. Martín Descalzo
Dizia Dale Carnegie que “a critica é fútil”. Disse também que ao criticarmos alguém ferimos o orgulho dessa pessoa, magoamos o seu íntimo. Não quis, nem se quer para este efeito, analisar o merecimento da crítica ou a pertinência da mesma. Ou até, da intenção da crítica, que pode em determinadas circunstâncias ser a única medida para solucionar um problema. Apenas disse que o era. E é!
Não me cabe a mim a elaborada missão de criticar quem critica, se assim o fosse, estaria a incorrer no erro já anteriormente criticado. Não. Antes farei uma incursão pelos momentos deliciosos da crítica, que todos nós já experimentámos e que continuamos a fazer, diariamente sem dó nem piedade.
Que sentimos quando apontamos o dedo a um político? Governante? Polícia? Funcionário público? Professor? Colega de trabalho? Ou um mero condutor que se cruza no nosso caminho na estrada? Satisfação? Poder? Ódio? Raiva?
Tem tudo a ver com a transferência de energias, diz James Redfield no seu romance best-seller “A profecia Celestina”, e que a crítica será uma das armas de ataque contra o oponente a enfrentar e derrotar, a fim de sugar a sua energia pela vitória, pelo cansaço e aniquilação. Há mestres na crítica e no confronto. Esses bem falantes que conseguem reinar dividindo ("Divide et regna" – como já era usado por Luis XI de França, Filipe II da Macedónia, ou até pelos Césares da Roma imperial) e agraciando o seu próprio ego com a taça de vitória sobre o oponente vencido.
O curioso é que a transferência energética fará mais sentido, quando analisada como um fenómeno científico possível, no confronto directo e pessoal, e não à cobarde distância. Ora, sabemos que se pode criticar alguém mesmo quando essa pessoa está ausente, ou simplesmente não nos pode ouvir, certo? Então que tipo de energia é transferida? - a do ouvinte! Ele dá-nos a energia de bom grado. Vejamos um exemplo simples: estou com um qualquer Manel no café e digo – “estes turistas conduzem mal que se farta!”, o outro poderá dizer – “tens toda a razão, pá! Os gajos são uns aselhas!”. Isto criará entre mim e o Manel uma sensação de cumplicidade pela partilha de uma opinião comum. O Manel dá-me um pouco da sua energia e eu agradeço e retribuo, com um sorriso que indicia – “nós é que somos bons condutores – os turistas não prestam!” e partilho um pouco da minha energia. A energia é partilhada e não subtraída aos outros – que coitados (ou não) nem sabem que lhe “cortam a casaca”.
A crítica contra terceiros ausentes (chamemos-lhe assim) é muito comum e normalmente resulta numa animada troca de críticas subsequentes que têm exactamente o mesmo objectivo da primeira, como por exemplo (e no seguimento do exemplo dos turistas), “então e os lisboetas? Nem queiras saber, pá!”. E assim por diante na bondade da partilha de cúmplices opiniões contra os outros.
Imaginemos agora outra situação de confronto que pode resultar do ”síndrome dos turistas maus condutores”, que é quando o outro diz: “eu sou turista, pá!” (que todos somos ou fomos) ou mais comummente “eu sou lisboeta, pá!” para o caso do alvo serem os ditos. O que pode ter como consequência uma de duas coisas: ou o Manel retrata-se e corrige “nem todos os lisboetas, é os velhos que eu me refiro, pá!” ou então vai à luta e diz “sim pá, tu és um banana ao volante!” o que direcciona a uma discussão directa (com troca de energias a subtrair) e que pode ter mil resultados, entre eles o insulto e a violência, mas que não terá um desfecho muito diferente de vencedor e vencido.
Qualquer que seja a situação a crítica tem como objectivo imediato e necessário a satisfação da necessidade de afirmação e poder perante o outro e si próprio de um egoísmo puro e básico.
Sugiro a quem possa interessar, onde me incluo a mim próprio, e sem qualquer crítica, que possamos elogiar, louvar, criar, engrandecer, estimar e acariciar, o que está bem e quem temos pela frente, em vez de criticar.
Mário L. Soares
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